Último Ano do Colegial

Capítulo 36

Gabriela e Micael não se falaram o final de semana inteiro. Ele não saiu de casa, ficou de olho na irmã, o tempo todo. Sophia também estava de castigo então não pode escapulir nenhum momento.

Mas na casa dela o clima era bom, depois de dar um voto de confiança pra madrasta, os quatro tiveram um final de semana envolvendo filmes e jogos em família. Boas risadas foram dadas e Sophia amou.

Tinha muito tempo que não faziam aquele tipo de programa, seu pai nunca tinha tempo estava sempre em reunião. Era ocupado demais pra família.

E isso fez Sophia gostar um pouco mais da futura madrasta, ao invés de afastar ainda mais Renato de casa, ela o incentivava a estar perto.

Na manhã de segunda, Sophia e Pedro chegaram empolgados na escola devido ao final de semana maravilhoso que tiveram.

Os dois ficaram na entrada, Sophia aguardava suas amigas e Pedro, claro, aguardava Gabi.

Gabriela chegou na escola com uma tromba gigante no rosto, só não maior do que a de Micael, pelo visto, os dois não tinham conversado e viviam em pé de guerra.

— Bom dia. — Disse aos dois sem empolgação e o irmão parou atrás dela.

— Que animação contagiante. — Sophia debochou e nenhum dos irmãos riu. — Segunda feira galera, não precisa desse mau humor todo.

— Talvez quando eu deixar de ser prisioneira meu humor melhore. — Olhou desgostosamente para o irmão. — Você não precisa me vigiar aqui, acha que eu vou fazer o quê?

— Eu vou dizer aos dois de uma vez. — Parou entre o casal. — Se eu acabar vendo vocês se pegando pela escola, levo os dois pra diretoria.

— Se você me levar pra diretoria eu vou perder a minha bolsa! — Gabi disse alarmada com aquela ameaça. — Fala sério, Micael.

— Se não quer perder a sua bolsa e voltar de mala e cuia pra São Paulo, se comporte. — Disse por fim e os dois balançaram a cabeça positivamente. — Agora vão os três se aprontar para a prova.

E os três saíram apressados dali.

— Seu irmão me odeia assim por quê? — Pedro perguntou no caminho pra dentro. — Eu sei que ele pegou a gente pelado na cama, mas parece que já odiava antes.

— Não é você, ele odeia o fato de que estou crescendo. Odiaria qualquer menino que eu estivesse junto. Ele também acha que dezessete anos não é idade de namorar porque vai atrapalhar os estudos. O que é muito hipócrita da parte dele.

— Mais uma vez você está falando em hipocrisia. Me conta, seu irmão namora uma aluna? — Perguntou na cara de pau e Sophia que até então estava ouvindo em silêncio engasgou com saliva outra vez. — Sério, se eu tocar no assunto e você se engasgar de novo, vou começar a achar que é você a namorada dele.

— Nada a ver. — Disse já recuperada. — Eu só acho a ideia absurda.

— Como é absurda se você mesma citou a Zoe? — Cruzou os braços e a deixou sem argumentos.

— Vamos focar no problema e parar de picuinha. Não, ele não namora aluna nenhuma, até saiu com a professora de artes. — Gabi disfarçou pronta pra esganar a amiga. — Vamos deixar meu irmão digerir o flagrante de ontem, tenho certeza que depois vai aliviar para a gente.

— Tá bem minha linda, depois a gente se fala. — Olhou para os dois lados e roubou um selinho antes de sair de perto e deixar as duas sozinhas.

— Não me leve a mal, mas você às vezes é muito tapada. — Gabi finalmente deu a primeira risada do dia e caminhou pro quarto com Sophia ao seu encalço. — Vai se inscrever num curso de teatro ou esse namoro de vocês não leva um mês escondido.

— Eu sei, mas é muito difícil quando todo mundo se joga pra cima dele ou então meu irmão fica querendo dar um de Sherlock. — Colocou a mala em cima da cama e foi tirar de lá o uniforme. — Vou melhorar nisso.

— Fala com ele sobre meu namoro... — Gabi pediu com um biquinho que tirou risada sincera de sua amiga. — Eu sei que ele não vai amolecer, mas quem sabe se você falar não ajuda a aliviar essa marcação.

— Soube que você ameaçou nos expor.

— Eu estava com raiva, jamais faria uma coisa dessa. — Se defendeu. — Micael é tão difícil, não sei como você o ama.

— Não fala assim, afinal você também o ama. — Sophia cruzou os braços e soltou uma risadinha. — Da um desconto pra ele, imagina a cabeça do cara depois de pegar vocês dois pelados na cama. — A risadinha se transformou em gargalhada e Gabi lhe jogou uma almofada. — Eu dava tudo pra ter visto a cena. 

— Você está muito bem humorada. 

— Minha madrasta tem vinte e seis anos, eu fiquei de castigo todo o final de semana por ter chamado ela de golpista, meu lindo namorado dormiu na minha casa escondido e no final ainda pegou meu irmão e a minha cunhada peladinhos de conchinha. — Destacou contando na ponta dos dedos a cada item que falava. — Não tenho motivos para estar mau humorada. 

— Besta! — Gabi levantou e tirou o uniforme de dentro da mala. — Vamos logo fazer essa prova, quem sabe se eu tirar uma nota boa o Micael sai do meu pé. 

— Ele nunca vi sair do seu pé. 

— Você pode chantagear ele. 

— É O QUÊ? 

— Faz greve de sexo amiga. — Pediu com as mãos juntas. — Diz que só vai ceder quando ele deixar a minha vida em paz. 

— Até parece, eu venho tentando ter o seu irmão há meses e agora que tenho, você quer que eu faça greve? Não tem a menor chance, você vai ter que se virar com ele. 

— Ruim. — Mandou língua, pediu já sabendo que a amiga não ia topar aquilo. — Vamos logo.