Capítulo 45

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— E então, foi tão ruim como você imaginou que seria? — Sueli perguntou ao voltar do banho, estava enrolada na toalha e encarou o moreno que ainda estava deitado embaixo dos lençóis de sua cama. 

— Não. — Foi sincero, realmente tinha ficado surpreso. — Mas nada me agrada o fato de estar sendo chantageado por você. 

— Você apenas precisava de um empurrãozinho. — Deu de ombros e caminhou até o armário para se vestir. — Está enfeitiçado por uma moleca que pode acabar com a sua carreira. 

— No momento, a única que pode acabar com a minha carreira é você. 

— Bom que você sabe. — Ela virou pra trás e piscou um olho, logo voltou a procurar uma roupa. 

— Sueli, uma mulher como você não precisa chantagear ninguém pra ter um namorado. — Ele se levantou e a virou pra ela, perto demais e nu. — Apaga o vídeo, eu fico com você. 

— Proposta tentadora, mas aqui vai a réplica: Você fica comigo e eu mantenho o vídeo, só por garantia. — Ele sorriu, não gostava dela, mas para ser sincero, também não desgostava. — Temos um trato? 

— Acho lindo o jeito que você fala, parece até que eu tenho escolha. — Beijou seu pescoço sedutoramente. — Você quer mesmo um namorado que ama outra mulher? 

— Eu não dou um mês para você esquecer todo esse amor. — Piscou. — Eu sou muito mais eu. 

— Apaga o vídeo. — Pediu ao mordiscar sua orelha a deixando arrepiada. — Eu já estou com você. 

— Não sou burra, Micael, eu apenas como capim porque gosto. — Ela brincou e arrancou dele uma risada. — Não apagarei nada, pelo menos não agora, quem sabe em alguns meses quando eu tiver certeza que você está apaixonado por mim.

— Você é tão teimosa. 

— Eu apenas sei o que quero. — Ele sorriu ainda mais. — E nada de me trair com aquela moleca. 

— Isso eu não posso garantir. — Saiu de perto rindo e caminhou para o banheiro. A situação era uma droga, mas não tinha como se livrar dela, não agora. 

Micael tomou um longo banho, vestiu sua roupa e quando finalmente saiu do quarto, seguiu o cheiro da comida, sua nova namorada tinha colocado a mesa e a comida parecia incrivelmente deliciosa. 

— Risoto de camarão. Por favor, me diz que não tem alergia. — Pediu ao juntar as mãos e se sentar. 

— Não. — Sentou-se ao seu lado e recebeu o prato já com a comida. — Parece uma delícia. 

— Mais um dos meus talentos: cozinhar. — Deu de ombros. 

— Você é linda, inteligente, culta, cozinha, canta... Faz algo mais? 

— Eu pinto, desenho... — Sorriu ao contar. — Danço um pouco de dança de salão, adoro crianças, ajudo alguns ONG's... 

— Então seu único defeito é ser uma chantagista barata? — Disse com um sorriso, após bebericar sua taça de vinho. 

— E de que outra maneira eu faria você me enxergar com outros olhos? 

— Está dizendo que os fins justificam os meios? 

— Eu só queria chamar a sua atenção. — Suspirou e encarou Micael se deliciando com seu risoto. — Era só o que eu precisava. 

— E você chamou, mas negativamente. — Respondeu de boca cheia, estava adorando a comida. — Me desculpe pela falta de educação. 

— Me dá uma chance. — Pediu com a voz doce. — De verdade, esquece o vídeo e me dá uma chance. 

— Eu amo a Sophia, Sueli. 

— Eu sei disso, mas esse namoro de vocês é inviável. Micael, ela tem dezessete anos e além do mais, te deu um fora. É um amor complicado, nunca vai dar certo. E comigo é fácil e bem simples. Somos dois adultos, solteiros e desimpedidos. Ambos trabalhamos e temos nossas casas. 

— Podemos mudar de assunto? — Pediu e tomou mais um gole de vinho. — Isso aqui está maravilhoso! 

— Obrigada. — Disse um tanto chateada, mesmo sabendo que não seria fácil, ainda assim tinha criado algumas expectativas. 

Micael dormiu na casa de Sueli, ao seu lado na cama. Para uma pessoa que estava odiando a situação, ele estava aproveitando bastante e tinha somente um dia. 

— Bom dia. — A mulher disse ao vê-lo chegar na cozinha. Já tinha tomado banho e o estava esperando. — Vamos trabalhar? 

— Vamos sim, se demorarmos mais, vamos nos atrasar. 

— Temos tempo para um café, bebe. — Entregou uma xícara para ele com um sorriso. — Você é uma graça. — Lhe deu um beijo quente antes que bebesse seu café. — Agora sim é um bom dia. 

— Você é louca! — Ele sorriu e então começou a tomar seu café. 

Os dois foram para a escola, cada um em seu carro, felizmente no dia passado, Micael havia deixado sua pasta no automóvel, então não precisou ir até em casa pegar seu material de trabalho pela manhã. 

Chegaram juntos e Sueli fez questão de entrar na escola com as mãos entrelaçadas e Micael tinha certeza de que era por causa de Sophia. 

Acabou encontrando com a menina no corredor, perto da sala dos professores, junto com a irmã e as outras duas amigas. Suspirou quando viu a irmã se virar e focar os olhos nas mãos do casal. 

— Eu estava preocupada com você. — Gabriela disse com a voz alarmada. — Sempre me manda uma mensagem de boa noite e ontem sumiu. — Sophia, Lua e Mel tinham se virado e repararam nas mãos ainda entrelaçadas, ele havia tentado soltar, mas sua namorada doida não tinha permitido. — Liguei para a mamãe e ela disse que você não dormiu em casa. 

— Pois é, não dormi. — Contou sem graça. — Precisamos mesmo discutir a minha vida em bando? 

— Não é um bando, são minhas amigas. — Gabi disse com raiva de ainda estarem de mãos dadas. — E essa mulher, por que estão de mãos dadas? 

— Por que... 

— Porque estamos namorando. — Sueli contou antes de Micael, já que sabia que ele diria qualquer coisa, menos a verdade. — Algum problema, gatinha? 

— ALGUM PROBLEMA? — Gabriela gritou de surpresa. — VOCÊ QUER QUE EU COMECE A ENUMERAR OS PROBLEMAS? 

— Para de gritar, Gabriela. — Micael pediu, envergonhado pelos alunos que passavam em volta. — Se controla. 

— Micael, você ficou louco de namorar essa criatura? 

— Respeito por favor. — Pediu tentando se manter calmo. — Ela é sua professora. 

— Deixa ela, amor. Vai precisar de um tempo até se adaptar. — Defendeu a cunhada com uma doce voz. — Deve estar muito acostumada com o seu romance com a coleguinha dela. — Piscou um olho deixando Gabriela ainda mais sem acreditar naquilo.  

Último Ano do ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora