— Vacilamos. — Gabi disse ao se levantar apressada e vestir sua roupa. — Vamos, se veste.
— Seu irmão vai pegar no meu pé até a próxima encarnação.
— Você devia ter acordado antes dele.
— Fácil falar, gatinha. Mas o tanto de vinho que a gente tomou ontem não permitiu.
Já vestidos, os dois deram risadas e um breve beijo antes de descerem as escadas de mãos dadas. Micael estava impaciente, andando de um lado para o outro. Não sabia nem o que dizer a irmã.
— Vocês acham isso certo? — Os dois estavam com a cabeça abaixada, em silêncio. — Isso aqui é a minha casa e eu não quero ninguém fazendo sexo sem a minha permissão.
— Não seja careta, Micael. — Gabi encarou o irmão. — Somos jovens e apaixonados, isso é normal.
— Você devia estar concentrada nas provas que estão se aproximando e não em namorar. E digo mais, esse moleque não namorava outra até semana passada?
— Mas agora ele namora comigo. — Disse orgulhosa e segurou a mão de Pedro mais forte. — Vai embora, Pê. Eu me entendo com ele.
— Vai embora nada! — Gritou. — Essa conversa não foi finalizada.
— É melhor ele ir antes que eu comece a jogar toda a sua hipocrisia na cara. — Ameaçou e Micael soube do que ela falava. — A gente se vê na escola. — Trocaram um selinho e o menino foi embora sem dizer absolutamente nada. — Será que dá pra parar com o show? Já tenho idade suficiente pra transar.
— Vai ter quando tiver dinheiro pra transar longe do meu teto.
— Para de palhaçada. Sophia tem a minha idade e você passou a noite com ela, escondido. Me diz como é diferente o que eu fiz?
— Primeiro que eu usei roupa para dormir e segundo que eu não quero esse moleque dentro da minha casa e ponto final.
— Mas vai ter que aturar, senão vou contar pra todo mundo do seu namoro com uma aluna. — Ameaçou e irritou ainda mais Micael.
— Você não é ninguém pra me chantagear com isso Gabriela! — Abaixou o tom de voz após um suspiro, estava decepcionado. — Você não vai dizer nada a ninguém e esse moleque não pisa mais dentro da minha casa. Sabe por quê? Se você teimar em me desobedecer, te mando no primeiro avião de volta para a casa dos seus pais e acabo com isso.
Gabi não disse nada, apenas chorou quando o irmão saiu, sabia que tinha passado dos limites ao chantagea-lo, mas ele também não precisava ser tão careta desse jeito.
**
— Você não sabe o B.O. que aconteceu. — Pedro invadiu o quarto da irmã que dormia com máscara no rosto. — Acorda, se eu não falar para ninguém vou enlouquecer.
— O que foi? Não vê que eu preciso dormir? — Virou pro outro lado, tentando ignorar o irmão. — Mais tarde.
— Não, agora. — A sacudiu. — Eu me entendi com a Gabi e dormi lá. O irmão dela chegou e pegou a gente dormindo pelado na cama dela.
Sophia se sentou num instante e arrancou a máscara de dormir do rosto. Estava incrédula. Tinha a boca aberta e os olhos esbugalhados, pelo menos até cair na gargalhada.
— Pelados de verdade?
— Sim! Ele viu até o que não queria quando puxou o edredom de cima da gente. Garanto que a imagem nunca vai sair da mente dele.
— Que loucura, ele deve ter ficado muito puto. — Levou a mão na boca, ainda rindo. — E depois?
— Ele falou um monte e eu não tive coragem de abrir a boca, pareci um fracote escondido atrás da Gabi, mas ele tava tão furioso que eu tive medo de levar um soco.
— Relaxa, a Gabi sabe lidar com ele.
— Ela o chamou de hipócrita e isso alugou um triplex na minha cabeça. Ele passou a noite fora, será que tem uma namorada jovem por aí? — Soph engasgou por um instante e o irmão ergueu uma sobrancelha, intrigado. — Acha essa ideia absurda?
— Na verdade não. — Sophia deu de ombros, tentando disfarçar após sua crise. — Gabi tinha dito que ele gostava de uma bailarina e fora isso, tem uma aluna nova na minha classe que estava interessada.
— Ele não pode ficar com uma aluna, isso vai ser um escândalo. — Sorriu só de imaginar e Sophia ficou horrorizada ao ver o que tinha falado. — Se realmente foi isso, ele é muito mais hipócrita do que eu pensava.
— Deixa que a Gabriela se entenda com o irmão. — Tentou encerrar o assunto. — Mais tarde você liga pra ela e me conta o babado.
— Pode deixar. — Se levantou com um suspiro. — Vou tomar um banho e tentar cochilar. Eu mereço.
Quando ele saiu, Sophia levantou pra trancar a porta e procurar o celular pra ligar pra Micael. A chamada foi atendida quase que no mesmo instante.
— Eu vou matar o seu irmão! — Micael disse assim que atendeu e Sophia segurou uma risada. — Aposto que pra você estar me ligando o merdinha do seu irmão já chegou em casa.
— Não fala assim dele.
— Falo! — Esbravejou ao telefone. — Esse imbecil não tem capacidade de sair antes de eu chegar?
— Esse que é o problema? — Dessa vez a loira que estava deitada enrolando uma mecha de cabelo nos dedos, não conseguiu disfarçar a risada. — Se ele tivesse saído, tudo estaria bem?
— Você não está ajudando.
— Precisa de ajuda com o quê? São dois adolescentes que se amam, meu amor. Eles vão transar em qualquer lugar que tiverem chance, você não vai conseguir impedir.
— Eu falei que não queria esse garoto aqui, Gabriela ameaçou contar sobre nós. Ela me chantageou!
— Ela não teria coragem, apenas se sentiu acuada e reagiu. — Micael ficou em silêncio e então ela continuou a falar. — Não compra briga com a sua irmã atoa.
— Eu vou procurar o que comer pra me desestressar, porque o dia mal começou e eu não aguento mais. Te amo.
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Último Ano do Colegial
RomanceSophia Abrahão é uma jovem problemática que vive em guerra com seu pai por ele viver trabalhando. Geniosa e atrevida, ama sair e beber com as amigas. Se vê completamente apaixonada no instante em que conhece o galante senhor Borges, de uma forma nã...