Micael voltou à sala vestido de uma camisa, encontrou o casal abraçado e Sophia sentada sozinha ao lado de seu computador.
— Me passa, por favor?— Micael pediu a Sophia que se virou para pegar o computador. Antes de lhe entregar ela olhou o documento aberto e ergueu uma sobrancelha. — Ei, você não pode ler isso.
— Hum, as questões da prova de segunda feira. — Brincou ao lhe entregar o notebook.
— E agora que você leu, terei que refazê-las. — Fechou o computador no mesmo instante. — Muito obrigada, Sophia.
— Não exagera, eu nem consegui ler nada.
— Não quero ninguém comentando que eu dei as questões da prova para a... cunhada da minha irmã. — Disse o final sem graça. — Seria o cúmulo.
— Sophia não precisa saber as questões, é ótima aluna. — Pedro defendeu a irmã. — Ela vai tirar a prova de letra, coloque as questões que quiser e vai ver.
— Ow, também não é assim, Pedro! — Sophia se meteu. — Quero questões fáceis, faça esse favor.
— Claro que não, quero que você se esforce e mostre do que é capaz.
— Tá vendo a merda, Pedro? Na próxima cale a boca. — Os três deram risada.
Antônia finalmente terminou de colocar a mesa e foi cumprimentar seus convidados. Deu um abraço caloroso em Sophia e Pedro e tiveram uma breve conversa antes de todos irem se sentar.
As conversas eram descontraídas, Micael realmente estava se esforçando para tratar bem Pedro e Antônia. O jovem casal estava sentado de um lado da mesa, Micael na cabeceira e Sophia do outro lado junto com sua ex-sogra.
— Estou achando você um pouco triste. — Antônia comentou com Sophia após olhar em seus olhos. — Está tudo bem?
— Está sim, não foi nada demais.
— Eu imagino o que aconteceu. — Ela comentou e desviou o olhar para o filho um instante. Micael ficou completamente sem graça e desviou o olhar.
— Ela terminou com um velhote que namorava. — Pedro disse contente.
— PEDRO HENRIQUE! — Sophia disse alto, olhando para seu irmão que sorria. — Quer calar sua boca?!
— Velhote? — Micael ergueu uma sobrancelha e olhou o cunhado.
— Ela arrumou um velhote para namorar, nunca teve coragem de dizer quem era porque sabe que eu ia socar a cara desse tarado.
— Tarado? — Perguntou novamente.
— É claro que é. Um cara com o dobro da idade dela que a conheceu bêbada? É um velho tarado que fica vigiando jovens bêbadas em um bar, não concorda? — Perguntou a Micael que assentiu. — Esse cara tinha que ser preso.
— Chega, Pedro, você está me expondo!
— Tá bem, me desculpe. — Pediu e ficou em silêncio, mas já era tarde demais, Sophia já estava constrangida e observava Micael e Gabi prenderem a risada. — Mas que bom que terminou.
— Na próxima vez que você precisar de mim, vou te largar sozinho. — Ameaçou e o irmão ficou em silêncio. — Minha vida não está em debate aqui, entendeu?
— Entendi, mandona. — Ele finalmente ficou em silêncio.
A campainha tocou e isso tirou o foco do momento desconfortável.
— Convidou mais alguém, Antônia? — Micael perguntou a mãe que negou com a cabeça. — Só pode ser testemunha de Jeová.
— Ou alguém vendendo algo. — Sophia completou e Antônia se levantou pra atender a porta. — Desculpe, quem é você? — Os quatro ouviram Antônia perguntar e se viraram, tentando ouvir a resposta de quem quer que estivesse ali.
— A namorada do Micael. — Sophia rolou os olhos, Micael bufou. Gabi tinha uma careta e Pedro alheio a tudo continuou a comer. — Quero falar com ele.
— Era só o que me faltava. — Ele resmungou antes de ficar em pé e ver sua namorada quase que invadir a casa. — O que faz aqui, Sueli?
— Você não atendeu então eu tive que vir pessoalmente. — Se aproximou e lhe deu um selinho que deixou Sophia ainda mais irritada. — Vim te convidar para almoçar.
— Não dá, já estamos almoçando. — Disse o óbvio e ela olhou para os presentes, se demorando em Sophia. — Fica pra outro dia.
— Almoço em família, por que eu não fui convidada?
— Antônia organizou, eu não sabia.
— Você não vai me passar pra trás. — O olhou ameaçadoramente. — Eu não quero você perto dessa garota.
— Pode dar um tempo, Sueli? Está chato já. Você não vai mandar em quem eu vou falar ou não. Vai embora e a gente se vê para jantar.
— Você está esquecendo, não é?
— Para de me ameaçar. — Disse com o maxilar travado. — Vai embora daqui.
— Você devia me tratar com mais amor. — Lhe deu um sorriso e então pegou o celular do bolso. — Eu vou provar a você que não estou de brincadeira.
Aquela altura, todo mundo olhava a discussão dos dois e ninguém mais se lembrava de comer. Ninguém dizia nada, apenas olhavam em silêncio
— E você vai fazer o quê? Eu já fiz o que você queria, agora me deixa em paz. — Pediu um pouco alto demais.
— Eu vou embora. — Sorriu e então deu a volta, mostrando o celular para Pedro, bem na cena do beijo do casal. — Após mostrar para você que eu não estou de brincadeira.
— Você é louca! — Ele gritou alarmado e a mulher apenas sorriu. — Você tinha me dito que não ia mostrar isso para ninguém! Conversamos, você se lembra? Disse que só queria uma chance e eu te dei essa chance, estou com você, não precisa disso!
— Eu não vou ser enganada, Micael. — Desviou o olhar para Sophia e logo voltou ao namorado. — Eu abri o meu coração pra você, mas você não vai se aproveitar disso pra me passar para trás. — Ela guardou o celular, se aproximou dele para um beijo. — No meu apartamento para o jantar as sete.
E foi embora.
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Último Ano do Colegial
RomanceSophia Abrahão é uma jovem problemática que vive em guerra com seu pai por ele viver trabalhando. Geniosa e atrevida, ama sair e beber com as amigas. Se vê completamente apaixonada no instante em que conhece o galante senhor Borges, de uma forma nã...