Capítulo 48

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— Não disse!! — Disse bem empolgada. — Nossa, eu amo ballet. Queria muito ter sido bailarina, mas me falta talento. 

— Não diga isso! — Balançou a cabeça. — Vamos praticar qualquer dia, você vai amar.

— Duvido muito, mas eu topo. — Disse achando graça e então Mariana se levantou. — Já vai? 

— Eu vim te chamar para jantar, se lembra? — Estendeu a mão para enteada que pegou e ficou de pé também. — Vamos, seu pai anda empolgado com a família. Quer todos juntos para a refeição. 

— Vamos sim. — Sophia concordou e as duas caminharam entre risadas conversando sobre ballet. 

**

— Não tem a menor chance deu ir á esse almoço. — Sophia disse ao irmão que estava pressionando para que ela fosse. — Vou almoçar com o papai e a Mari. 

— Eu preciso de você, por favor, irmã. 

— Pedro, a namorada é sua, a sogra é sua e o cunhado é seu. O que eu vou fazer lá? 

— Mas a Antônia também te convidou. Aliás, ela convidou você antes de mim, você precisa ir. 

— Não vou. 

— Sophia! 

— Pedro Henrique! — Ela rebateu e se jogou na cama. 

— O Micael me odeia, e eu tive a impressão que não se da bem com a mãe também. Eu sinto que vou ficar perdido lá se estiver sozinho. 

— Por favor, irmão. — Suplicou com as mãos juntas. — Me deixa fora dessa. 

— Nada feito. Você vai e eu fico te devendo uma. 

— Vai ficar me devendo cinco. — Respondeu de má vontade e o irmão sorriu, contente. — Agora sai do meu quarto que eu quero me arrumar. 

O rapaz bateu continência e deixou a irmã sozinha. Sophia se sentou na cama e suspirou, pensando em como seria encontrar Micael para um almoço de família. Logo limpou a mente e foi tomar um banho, sabia que não teria nada com ele, mas se era para aparecer diante dele, que fosse linda e cheirosa. 

Os irmãos saíram de casa meia hora antes do meio dia. Renato e Mariana combinaram de almoçar fora então não se importaram muito com o compromisso que os meninos iam. As mãos de Sophia suavam frio cada segundo que se aproximava mais da casa de Micael. Os dois estavam com o motorista e isso fez com que o caminho fosse ainda mais curto, chegaram em alguns poucos minutos. 

Do lado de dentro da casa, Gabi andava de uma lado para o outro na sala, Antônia cozinhava e Micael estava sentado no sofá, formulando as questões para a prova de segunda enquanto assistia a um programa aleatório na TV aberta. 

— Por que está tão nervosa, Gabriela?  — Perguntou sem tirar o olho do computador. — Se continuar desse jeito vai desgastar os tacos da minha casa. 

— Não estou nervosa. — Mentiu descaradamente e Micael deu de ombros, sem paciência para drama adolescente. 

— Então será que dá pra você ir andar de um lado para o outro lá na cozinha bem longe de mim? Está me dando agonia isso tira a minha atenção. 

— A TV não tira a sua atenção? 

— Com a TV eu sou acostumado, agora com uma adolescente andando de um lado para o outro não. Vai lá e fica perturbando a sua mãe. 

— Chato. — Bufou e saiu, obedecendo o irmão que finalmente pôde se concentrar no trabalho que tinha se proposto a fazer naquele dia. 

Porém sua paz não durou muito tempo. Rolou os olhos quando ouviu a campainha soar e tirar o que restava de sua concentração. Deixou o notebook no sofá e caminhou até a porta sem a menor paciência para quem quer que tenha se achado no direito de visitar sua casa sem ser convidado. 

— O que estão fazendo aqui? — Pedro e Sophia estavam lado a lado, mas Micael tinha os olhos fixos em sua amada. 

Micael estava sem camisa e isso desconcertou tanto Sophia que quase ficou explícito o que tanto tentava esconder do irmão.  

— Nós viemos almoçar. — Pedro achou a língua após um tempo de silêncio constrangedor. — Fomos convidados. 

— Convidados? — Franziu a testa. — Para almoçar na minha casa? Isso é alguma piada de mal gosto? Eu disse que você não pisa mais na minha casa, garoto. — Tinha um tom tão ameaçador que Pedro engoliu a língua outra vez. 

— Sua mãe o convidou. — Sophia respondeu, após ver que o irmão tinha se encolhido. — Você não precisa ser mal educado, Micael. 

— Seu irmão não é bem vindo aqui, Sophia. — Os dois conversavam com certa intimidade, mas Pedro não percebeu, estava se sentido tão acuado. — Vão embora.

— Não vamos não. — Rosnou brava. — Viemos até aqui a convite da sua mãe, então problema é seu se não gosta do namoro dele com a Gabi, mas nós vamos entrar. 

— Você não está achando que está excedendo os limites? 

— Você não está achando que está excedendo os limites? — Sophia remendou Micael que suspirou. — Você não vai proibir os dois de namorarem. Eles se amam, são desimpedidos, tem a mesma idade... Não há nada para separa-los, não entende? Eles podem viver esse amor! Não é como... — Se interrompeu antes de revelar demais. 

— Como? — Pedro abriu a boca para questionar. — Como o quê? 

— Não é como se tivessem que ficar separados. — Completou sem graça. — Deixe os dois em paz, do jeito que você gostaria de ficar em paz. 

Micael olhou pra ela com os olhos marejados, a loira também tinha lágrimas nos olhos e Pedro mais uma vez não percebeu a ligação que existia entre os dois. O professor soltou um suspiro antes de escancarar a porta e sair da frente, permitindo a entrada dos dois. 

— Se eu pegar você pelado dentro da minha casa outra vez, eu vou arrancar isso que você chama de pinto. Ouviu? 

— Ouvi. — Engoliu em seco mediante ameaça. 

— Fiquem a vontade, eu vou chamar a Gabi. — Apontou para o sofá e sumiu das vistas dos dois. 

— Você foi tão corajosa. — Pedro comentou baixinho ao se sentar perto da irmã. — Foi por isso que eu trouxe você. 

— Eu percebi, já que parece não ter língua perto dele. Ele só é nosso professor na escola, medroso. 

— Não me chame de medroso. 

— Você só é valente na hora de dizer que vai matar meus namorados, fora isso, é medroso sim. — Implicou, mas os dois acabaram rindo. 

— Amor! — A voz de Gabi soou empolgada e ela se jogou logo em cima de Pedro. Sophia saiu de perto para não se machucar e sentou no outro computador, ao lado do notebook. — Eu estava com medo do que meu irmão diria. 

— Sophia falou poucas e boas. — Pedro disse orgulhoso e a namorada se virou para a cunhada. — Ele ficou sem palavras e teve que nos deixar entrar. 

— Tenho certeza de que Sophia só disse o que ele precisava ouvir.  

Último Ano do ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora