Sophia, que até então não tinha tido coragem de encarar Micael ergueu a cabeça e encarou os dois no mesmo instante.
— VOCÊ CONTOU PARA ELA? — A loira disse em choque com aquilo. — Só pode ser alguma piada de mal gosto!
— Bom, vou deixar você conversar com elas. — Sueli disse ainda bem humorada. — Nos vemos pra almoçar juntos? — Micael sabia que aquilo não era um convite e sim uma intimação.
— Claro. — Forçou um sorriso e a viu se aproximar para um selinho. — Na escola não! — Desviou e a deixou sem graça. — Somos professores, precisamos dar o exemplo.
— Claro, amor. — Disse ainda com ternura. — Eu vou acreditar que é com isso que está preocupado. — Desviou o olhar para Sophia que a fuzilava. — Bom dia, meninas. — Saiu de perto.
— Você ficou doido de vez? — Gabriela disse sem a menor paciência. — Contar pra essa lambisgoia? Pior do que contar é namorar com ela!
— Você disse que me amava ontem. — Sophia falou baixinho. — Ontem!
— Eu sei o que disse.
— E...?
— Isso não é assunto para conversarmos no corredor. Qualquer um pode ouvir.
— Quando minhas amigas descobriram, você terminou comigo. — Apontou para as duas que se sentiam deslocadas ali. — E agora você conta para essa mulher?
— Você me deu um fora ontem.
— E aí você achou a cama da primeira lambisgoia que apareceu na sua frente?
— Não foi assim que aconteceu.
— Então explica. — Gabriela pediu, já cansada daquele assunto. — Essa história está muito mal contada, você não é do tipo que esquece uma mulher ficando com outra, eu vi você sofrendo meses pela Mariana.
— Que bom que sabe disso. — Respirou um pouco aliviado. — Eu jamais engataria um namoro por opção minha.
— Explique-se. — Sophia pediu com os braços cruzados e a cara fechada.
— Eu só acho que você está muito mandona pra quem disse na minha cara que não queria nada comigo. — Respondeu com um sorriso, achando graça do ciúmes da loira.
— Você terminou comigo mais de uma vez e eu não fui pra cama com ninguém.
— Tá, eu sei. — Suspirou, o dia mal havia começado e ele já estava exausto. — Sueli estava na biblioteca ontem.
— Ela ouviu a gente conversando? — O olhar de Sophia se suavizou no mesmo instante e quando Micael negou com a cabeça, ela ficou claramente confusa. — Então o quê?
— Ela FILMOU a nossa conversa e principalmente o beijo que roubei. — Ele contou com calma e achou graça da careta de espanto das quatro. — Então antes de me crucifiarem por causa dessa doida, saibam que ela está me chantageando.
— Que tipo de mulher chantageia alguém para ter um namorado?
— Ela disse que era só para eu notar ela e perceber o quanto é legal. — Virou os olhos. — Disse que eu nunca olharia pra ela se não fosse por isso e bom, ela tem razão.
— Está dando razão para essa chata?
— Lógico que não estou dando razão, ela é uma chantagista. — Deu de ombros. — Mas eu não tenho a menor ideia de como sair dessa situação, aliás, até tenho, mas ninguém vai gostar da ideia.
— Roubando o telefone dela e apagando o vídeo? — Lua disse como se fosse óbvio. — Não me olhem com recriminação, ela está comentendo um crime, o nosso roubo não vai ser nada.
— Por que você não tomou o telefone dela na biblioteca? — Sophia perguntou ao considerar a ideia de sua amiga.
— Até pensei nisso, mas o vídeo já está na nuvem, a essa altura ela já fez cópias e quem sabe enviou para alguém guardar. Não dá pra se livrar dela assim.
— Então se adianta e vai conversasr com o diretor antes dela contar.
— Você ficou maluca? — Ele quase gritou mediante a ideia absurda da irmã. — Não vou arriscar tudo.
— Então você vai ficar namorando com ela? — Sophia perguntou com os olhos marejados. — Qual foi a ideia que você teve que ninguém vai gostar?
— Vou namorar com ela mesmo. — Contou com um dar de ombros e as meninas ficaram horrorizadas. — Eu preciso que ela acredite que eu gosto dela, quero que confie em mim a ponto de apagar essa porcaria de vídeo.
— Isso deve ser algum pesadelo. — Levou as mãos ao rosto, tinha prometido a si mesma não chorar mais por causa de Micael e aqui estava ela, a ponto de derramar lágrimas na frente de todo mundo. — E se ela decidir que quer casar com você?
— Ela não vai fazer isso.
— Posso saber como é que você tem tanta certeza? — Gabriela cruzou so braços. — Ela é louca.
— Ela não quer um marido forçado, gente, será que é tão difícil assim de entender? Ela vai tentar fazer eu me apaixonar, esse é o plano. É tudo o que ela quer.
— Eu acho que você anda lendo romances demais por aí. — Sophia resmungou e ele virou os olhos.
Ele não teve tempo de responder, Sueli saiu da sala dos professores — que eles estavam perto da porta — conversando com um professor de matemática. A mulher segurava uma pilha de papéis nos braços e sorriu para Micael no instante em que ele a olhou.
— Meninas, creio que vocês perderam a hora. — Disse com seu tom mais doce. — Estou indo para a sala aplicar prova, vocês vem?
— Claro que elas vão. — MIcael quem respondeu quando as quatro ficaram em silêncio. — Essa conversa aqui já acabou, da minha vida cuido eu. Vão!
— Não pense que isso vai ficar assim. — Gabriela quem ameaçou e então as quatro caminharam pra sala na frente de Sueli, que as seguiu com um sorriso vitorioso.
— Lambisgoia. — Sophia comentou baixo, porém o suficiente alto para que Sueli ouvisse.
— Espero que não esteja falando da sua professora. — Sueli disse ainda com a máscara de doce mulher.
— Pois eu não vejo nenhuma outra lambisgoia além da minha professora. — Parou no corredor e se virou pra mulher. — Uma oportunista que não consegue conquistar um macho e precisa de chantagem.
— Eu vou relevar hoje porque você foi pega de surpresa. — Apontou um dedo no meio do rosto de Sophia. — Mas se eu ouvir você ou suas amigas falando de mim com total falta de respeito, eu vou levar vocês para a direção.
— Grandes coisas. — Sophia deu de ombros. — Você acha que ele vai fazer o que com a filha de Renato Abrahão.
— Nada além de um puxão de orelha. — Sueli deu de ombros. — Mas a sua amiga bolsista... — Apontou com o queixo para Gabriela. — E mais, vai ser um tanto constrangedor você explicar para o diretor o motivo de me odiar tanto.
Sophia engoliu o sapo e nada disse. Se fosse parar na direção, teria que contar ao diretor a verdade e isso acabaria com Micael. Não tinha muito o que fazer no momento além de se calar e entrar na sala de aula como se nada estivesse a afligindo.
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Último Ano do Colegial
RomanceSophia Abrahão é uma jovem problemática que vive em guerra com seu pai por ele viver trabalhando. Geniosa e atrevida, ama sair e beber com as amigas. Se vê completamente apaixonada no instante em que conhece o galante senhor Borges, de uma forma nã...