— Que tal nós pararmos com esse chororô? — Antônia limpou o rosto, tinha ficado emocionada também. — Não vai fazer bem para ninguém.
— A senhora tem razão. — Sophia enxugou suas lágrimas com as mãos e fungou rispidamente. — Eu vou deixar vocês conversarem à vontadee.
— Nem dá, temos prova agora. — Gabi disse no mesmo instante. — Eu amei a visita mãe, mas realmente preciso ir.
— Vai sim, eu só queria te dar um beijo. — Puxou a filha pra outro abraço. — Nos veremos no final de semana, estou hospedada na casa do seu irmão.
— Que maravilha!
— Sim, podemos fazer um almoço no sábado, o que acham? Sophia vai e a gente chama seu namorado também.
— Meu namorado é irmão da Sophia. — Contou com um sorriso. — E ninguém sabe que a Sophia namora o Micael, por motivos óbvios.
— Então não precisamos falar a verdade. — Deu uma piscadinha enquanto caminhava para a saída. — Vocês são amigas, isso já é uma boa desculpa para um almoço em família.
— Micael vai te matar, mãe.
— Deixe que eu me entendo com seu irmão. Vamos?
As três deixaram o dormitório. Gabi e Sophia levaram a Antônia até a saída e logo voltaram para chegar a tempo da prova. A professora as olhou feio, mas permitiu que entrassem.
Aquela prova havia sido fácil demais, tanto Sophia quanto Gabi deixaram deixaram a sala assim que no tempo mínimo de permanência foi atingido.
— Sua mãe é tão fofa. — Sophia e Gabi estavam no corredor papeando. Já tinham feito as três provas da manhã, era finalmente horário de almoço. — E descolada, mas acho que você não devia ter dito nada, afinal e e seu irmão já terminamos.
— Vão voltar, certeza. — Deus de ombros como se não fosse nada demais. — Esse término foi um surto do meu maninho.
— Sei não...
— E então meninas... — Micael chegou por trás de Sophia com um sorriso simpático. — Como foi a visita da sua mãe?
— Nossa mãe.
— Sua mãe. — Reforçou. — A parideira não quis esperar o final de semana não.
— Que jeito feio de falar da sua mãe. — Sophia se meteu e ele sorriu. — Ela é muito simpática.
— Você diz isso porque não conhece a peça.
— Não fale assim, eu sei que você tem problemas com ela, mas é sua mãe e ela tenta se reaproximar de você.
— Errou, linda. Ela veio ver a Gabi.
— Está com ciúmes?
— Claro que não, a minha época de sofrer por essa mulher já passou faz tempo. — Deu de ombros. — Agora eu simplesmente não ligo mais.
— Gabriela contou a ela sobre nós. — Sophia revelou sem demora e ele quase teve uma síncope antes de querer esgoelar a irmã.
— É sério que a sua língua não cabe dentro da boca? — Ralhou irritado. — Essa mulher não merece saber nada da minha vida.
— Não precisa surtar como se ela fosse te entregar. — A menina rolou os olhos. — É sua mãe e ela te ama mesmo você não ligando.
— Me ama, claro. — Debochou da resposta da irmã. — Mas perai, o que você contou a ela? Nós não temos nada.
— Ah para, Micael. — Gabriela bufou. — Eu já disse pra Sophia e vou repetir, esse término de vocês não tem o menor sentido, eu sei que você não vai levar isso adiante, não tente me enganar.
O casal se olhou um instante, Sophia apenas deu de ombros como se pouco se importasse com aquilo, o que deixou Micael discretamente interessado.
— Isso não é assunto para ser conversado no corredor. — Micael olhou para os lados, se assegurando de que ninguém estava ouvindo aquela conversa. — Você está muito bocuda, Gabriela.
— E você muito teimoso, como sempre.
— Vamos falar sobre um assunto sério aqui. — Sophia ganhou atenção dos dois. — E a ajuda com a recuperação de semana que vem?
— Você quer ajuda pra estudar? — Ele mais uma vez ergueu uma sobrancelha. — Estudar de verdade?
— Eu preciso ir bem.
— Mas você disse que não queria minha ajuda porque eu não deixava você se concentrar.
— Isso foi antes de você me dar um pé, agora eu já superei.
— Claro. — Disse desacreditado. — Podemos isso pra biblioteca amanhã se quiser. Apenas para estudar.
— Mas é claro, se quiser chamar mais alunos em recuperação, sinta-se à vontade. — Sophia deu de ombros e mais uma vez surpreendeu Micael com tamanha indiferença. — A única coisa que me interessa de você, professor, é conhecimento.
— Quem vê até acredita. — Gabriela deu risada da careta dos dois. — Aí gente, por favor né.
— Calada, Gabriela. — Micael disse por fim. — Amanhã às quatro na biblioteca, não se atrase. — Saiu de perto delas com um sorriso enigmático.
— E então, qual o plano?
— Estudar? — As duas começaram a caminhar para o refeitório. — Apenas estudar para tirar dez.
— Você tem absoluto domínio da matéria, apenas tirou nota baixa por ter ficado nervosa e nós sabemos disso, Micael também sabe disso.
— Estudar nunca é demais.
— Me conta logo qual o plano. — Insistiu e ficou mais integrada ainda com o sorriso de sua cunhada. — Não acredito que vai guardar segredo de mim!
— Não vou fazer nada, amiga. Apenas estarei lá pra estudar. Confie.
— Você vai me matar de curiosidade.
— Eu te juro amiga, daqui pra frente eu serei apenas uma dedicada aluna. Não é isso que seu irmão espera de mim? Pois eu cansei de correr atrás, poxa é só o que eu faço desde que esse maldito ano começou.
— Você já me disse isso antes, na época que começou a se engraçar com Ravi.
— Época? Não tem nem um mês. — Respondeu com deboche. — Nosso namoro não durou um mês e tudo isso por quê? Seu irmão é fraco, medroso. Agora chega de falar nisso.
— Eu concordo com você, mas amanhã, vocês sozinhos na biblioteca... E se rolar?
— Se rolar, rolou. Mas também não sofrerei se não rolar.
— Me dá uma pílula dessa que você tomou? Eu com certeza preciso.
— Para de palhaçada. — Deu risada e puxou a amiga pela mão. — Vamos comer porque ainda restam mais duas provas hoje e precisamos estar alimentadas.
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Último Ano do Colegial
RomanceSophia Abrahão é uma jovem problemática que vive em guerra com seu pai por ele viver trabalhando. Geniosa e atrevida, ama sair e beber com as amigas. Se vê completamente apaixonada no instante em que conhece o galante senhor Borges, de uma forma nã...