Capítulo 42

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— Que tal nós pararmos com esse chororô? — Antônia limpou o rosto, tinha ficado emocionada também. — Não vai fazer bem para ninguém. 

— A senhora tem razão. — Sophia enxugou suas lágrimas com as mãos e fungou rispidamente.  — Eu vou deixar vocês conversarem à vontadee. 

— Nem dá, temos prova agora. —  Gabi disse no mesmo instante. — Eu amei a visita mãe, mas realmente preciso ir. 

— Vai sim, eu só queria te dar um beijo. — Puxou a filha pra outro abraço. — Nos veremos no final de semana, estou hospedada na casa do seu irmão. 

— Que maravilha! 

— Sim, podemos fazer um almoço no sábado, o que acham? Sophia vai e a gente chama seu namorado também. 

— Meu namorado é irmão da Sophia. — Contou com um sorriso. — E ninguém sabe que a Sophia namora o Micael, por motivos óbvios. 

— Então não precisamos falar a verdade. — Deu uma piscadinha enquanto caminhava para a saída. — Vocês são amigas, isso já é uma boa desculpa para um almoço em família.

— Micael vai te matar, mãe.

— Deixe que eu me entendo com seu irmão. Vamos?

As três deixaram o dormitório. Gabi e Sophia levaram a Antônia até a saída e logo voltaram para chegar a tempo da prova. A professora as olhou feio, mas permitiu que entrassem.

Aquela prova havia sido fácil demais, tanto Sophia quanto Gabi deixaram deixaram a sala assim que no tempo mínimo de permanência foi atingido.  

— Sua mãe é tão fofa. — Sophia e Gabi estavam no corredor papeando. Já tinham feito as três provas da manhã, era finalmente horário de almoço. — E descolada, mas acho que você não devia ter dito nada, afinal e e seu irmão já terminamos.

— Vão voltar, certeza. — Deus de ombros como se não fosse nada demais. — Esse término foi um surto do meu maninho.

— Sei não...

— E então meninas... — Micael chegou por trás de Sophia com um sorriso simpático. — Como foi a visita da sua mãe?

— Nossa mãe.

— Sua mãe. — Reforçou. — A parideira não quis esperar o final de semana não.

— Que jeito feio de falar da sua mãe. — Sophia se meteu e ele sorriu. — Ela é muito simpática.

— Você diz isso porque não conhece a peça.

— Não fale assim, eu sei que você tem problemas com ela, mas é sua mãe e ela tenta se reaproximar de você.

— Errou, linda. Ela veio ver a Gabi.

— Está com ciúmes?

— Claro que não, a minha época de sofrer por essa mulher já passou faz tempo. — Deu de ombros. — Agora eu simplesmente não ligo mais.

— Gabriela contou a ela sobre nós. — Sophia revelou sem demora e ele quase teve uma síncope antes de querer esgoelar a irmã. 

— É sério que a sua língua não cabe dentro da boca? — Ralhou irritado. — Essa mulher não merece saber nada da minha vida. 

— Não precisa surtar como se ela fosse te entregar. — A menina rolou os olhos. — É sua mãe e ela te ama mesmo você não ligando. 

— Me ama, claro. — Debochou da resposta da irmã. — Mas perai, o que você contou a ela? Nós não temos nada. 

— Ah para, Micael. — Gabriela bufou. — Eu já disse pra Sophia e vou repetir, esse término de vocês não tem o menor sentido, eu sei que você não vai levar isso adiante, não tente me enganar. 

O casal se olhou um instante, Sophia apenas deu de ombros como se pouco se importasse com aquilo, o que deixou Micael discretamente interessado. 

— Isso não é assunto para ser conversado no corredor. — Micael olhou para os lados, se assegurando de que ninguém estava ouvindo aquela conversa. — Você está muito bocuda, Gabriela. 

— E você muito teimoso, como sempre. 

— Vamos falar sobre um assunto sério aqui. — Sophia ganhou atenção dos dois. — E a ajuda com a recuperação de semana que vem? 

— Você quer ajuda pra estudar? — Ele mais uma vez ergueu uma sobrancelha. — Estudar de verdade? 

— Eu preciso ir bem. 

— Mas você disse que não queria minha ajuda porque eu não deixava você se concentrar. 

— Isso foi antes de você me dar um pé, agora eu já superei. 

— Claro. — Disse desacreditado. — Podemos isso pra biblioteca amanhã se quiser. Apenas para estudar.

— Mas é claro, se quiser chamar mais alunos em recuperação, sinta-se à vontade. — Sophia deu de ombros e mais uma vez surpreendeu Micael com tamanha indiferença. — A única coisa que me interessa de você, professor, é conhecimento.

— Quem vê até acredita. — Gabriela deu risada da careta dos dois. — Aí gente, por favor né.

— Calada, Gabriela. — Micael disse por fim. — Amanhã às quatro na biblioteca, não se atrase. — Saiu de perto delas com um sorriso enigmático.

— E então, qual o plano?

— Estudar? — As duas começaram a caminhar para o refeitório. — Apenas estudar para tirar dez.

— Você tem absoluto domínio da matéria, apenas tirou nota baixa por ter ficado nervosa e nós sabemos disso, Micael também sabe disso.

— Estudar nunca é demais.

— Me conta logo qual o plano. — Insistiu e ficou mais integrada ainda com o sorriso de sua cunhada. — Não acredito que vai guardar segredo de mim!

— Não vou fazer nada, amiga. Apenas estarei lá pra estudar. Confie.

— Você vai me matar de curiosidade.

— Eu te juro amiga, daqui pra frente eu serei apenas uma dedicada aluna. Não é isso que seu irmão espera de mim? Pois eu cansei de  correr atrás, poxa é só o que eu faço desde que esse maldito ano começou.

— Você já me disse isso antes, na época que começou a se engraçar com Ravi.

— Época? Não tem nem um mês. — Respondeu com deboche. — Nosso namoro não durou um mês e tudo isso por quê? Seu irmão é fraco, medroso. Agora chega de falar nisso.

— Eu concordo com você, mas amanhã, vocês sozinhos na biblioteca... E se rolar?

— Se rolar, rolou. Mas também não sofrerei se não rolar.

— Me dá uma pílula dessa que você tomou? Eu com certeza preciso.

— Para de palhaçada. — Deu risada e puxou a amiga pela mão. — Vamos comer porque ainda restam mais duas provas hoje e precisamos estar alimentadas.

Último Ano do ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora