Capítulo 41

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— Olha só quem resolveu aparecer para ir as aulas? — Pedro brincou ao ver a irmã se sentar á mesa, junto com os amigos. — Está melhor?

— Estou ótima, obrigada por perguntar. — Disse fria,  remexendo em sua bandeja e escolhendo começar a comer pela salada de frutas. — Estão confiantes para as provas de hoje? — Perguntou aos amigos. Lua e Mel ficaram surpresas com o tom simpático. 

— Você não está mais irritada com a gente?

— Não estou irritada com ninguém, vida que segue. — Forçou um sorriso que não convenceu ninguém e voltou a comer suas frutas. — Tirei um dia, chorei minhas pitangas e agora estou ótima, vou pensar em me recuperar nas que fui mal e ir bem nas que ainda não fiz. 

— Claro, você está certa. — Mel disse baixo, ainda desconfiando daquela súbita mudança. 

— Afinal, podem me contar o motivo de estarem todas brigadas? 

— Não é da sua conta, meu amor. — Mandou um beijinho pro irmão que se recostou na cadeira e cruzou os braços. — Você não acha que tem que se preocupar com a sua briga com a Mel ao invés da minha? 

— Eu e Melanie estamos ótimos, somos amigos. — Mel fez uma careta, mas não disse nada. — Me interessa muito mais o fato de vocês três terem brigado. 

— Intrometido. — Foram interrompidos por Micael, que se aproximou da mesa deles acompanhada de uma mulher que parecia ser um pouco mais velha que ele. 

A desconhecida tinha os traços parecidos com os do professor, um sorriso encantador e a pele daquela cor bronzeada que chegava a brilhar. Os cabelos negros e enrolados eram um charme á parte. 

— Bom dia, vocês viram a Gabriela? — Perguntou com sua voz imponente e séria, que fez Sophia que até então não o tinha visto, se virar. 

— Ela ainda não desceu. — Pedro quem respondeu, de certa forma a pergunta tinha sido dirigida a ele. — Se bobear ainda está dormindo. 

— Não está, quando eu sai do quarto, ela estava indo tomar banho. — Sophia contou com os olhos curiosos em cima da mulher de meia idade bem vestida que tinha ali em sua frente. 

— Viu só, daqui a pouco ela tem prova, não dá pra falar com ela agora, vai pra casa, Antônia. — Micael pediu com certa hostilidade e ela sorriu, já acostumada com o jeito do filho. 

— Eu não vou esperar até sexta-feira pra ver e falar com a minha filha. — Bateu o pé. — Não seja absurdo, filho. 

— Se quiser, eu posso levar a senhora lá. 

— Senhora não, pelo amor de Deus. — Pediu com um sorriso. — Eu sou jovem demais pra isso. 

— Ela acha que é. — Micael disse ressentido e as duas deram risadas. — Bom, eu vou me preparar pra aplicar prova para o primeiro ano e você — apontou pra Sophia. — fica encarregada da senhora Antônia. 

Saiu de perto deles com o passo apressado, queria mesmo era fugir da presença da mãe e Sophia sabia disso. A jovem senhora ficou deslocada um instante observando o filho sumir pelos corredores. 

— E então? — Voltou o olhar para a mesa e Sophia engoliu em seco antes de levantar apressada. — Desculpa atrapalhar o seu café da manhã. — Disse com um tom simpático enquanto elas caminhavam pelos corredores. — Meu filho poderia ter me levado até o quarto, ele não precisava te incomodar. 

— Não custa nada, eu e a Gabi dividimos quarto, somos muito amigas, é um prazer. 

— Fico muito feliz dela ter feito bons amigos, eu tive medo dela sozinha em outro estado. — Sorriram uma pra outra. — Espero que meu filho lhe dê um pontinho em agradecimento. — Brincou e Sophia soltou uma gargalhada. 

— É mais facil ele tirar ponto do que dar ponto. — Disse quando finalmente controlou as risadas. — E se tem algo que eu realmente preciso, é de pontos com ele. 

— Você me parece muito inteligente, não vai bobear, tenho certeza. — Elogiou uma última vez e deixou Sophia com um pouco de vergonha. 

— Chegamos! — Apontou pra porta do quarto, já que não tinha mais o que dizer. — Vamos ver se ela ainda está aqui. 

Sophia abriu a porta e entrou na frente. Gabriela estava sentada na penteadeira enquanto passava um batom,  o que era raro, já que a menina quase nunca tinha ânimo pra se arrumar logo cedo. 

— Mãe? — Disse sem acreditar, ao ver sua mãe pelo espelho. — Meu Deus! O que faz aqui? — Deu um grito e levantou em um pulo pra abraçar sua tão saudosa mãe. — Eu já estava morrendo de saudades. 

— Eu não estava  mais me aguentando, tive que vir, ao menos por uma semana. Se passaram poucos meses e eu já não quero mais ficar longe de você, meu amor. 

— Ah mãe, não faz drama também. — Gabriela riu, ainda aconchegada no abraço apertado de sua mãe. — Eu gosto de morar com o Mica, apesar dele ser um chato e careta,  além disso, eu tenho amigas aqui agora e até comecei a namorar. 

— Você tem um namorado? — Afastou a filha do peito e lhe olhou assustada. — Como não me avisou? 

— Faz pouco tempo. — Deu risada da careta que a mãe fez tentando assimilar. — O que achou de Sophia? — Apontou pra amiga que parecia um tanto emocionada ali. 

— Um amor de menina, muito simpática. — Desfez a careta e sorriu imediatamente. — O ignorante do seu irmão me deixou com ela e sumiu. — Gabi soltou um sorrisinho ao ouvir aquilo e então surpreendeu sua amiga. 

— Eles dois namoram. 

— GABRIELA! — Deu um grito escancarado. A menina tinha os olhos esbugalhados sem acreditar que a amiga tivera tido coragem de revelar seu segredo dessa forma. 

— Relaxa, minha mãe é de confiança, não precisa desse escândalo todo. — Disse ainda com um sorriso, achando graça da situação. — Não é, mãe?

— Mas é claro que sim. — Recuperada do choque, Antônia encarou a nora com o sorriso de volta. — Fico muito feliz dele ter superado a entojada da Mariana. 

— Mamãe! — As três soltaram risadinhas comedidas. — Não fale assim, Mariana é um amor. 

— Ela largou o seu irmão as beiras de um casamento pra ir morar na Rússia, ela não é um amor. 

— Ela foi seguir o sonho dela, não seja cruel. — Defendeu mais uma vez. — E bom, você sempre a adorou, não pode odiar porque resolveu seguir um sonho. 

— Claro que posso. 

Sophia tinha os braços cruzados observando as duas discutindo sobre aquele assunto bobo. Lágrimas começaram a escorrer por seu rosto ao pensar que nunca chegou a conhecer sua mãe. Sentia falta dela sem nem saber como era sua personalidade, pois seu pai nunca foi muito de falar no assunto. 

— Ei, por que está chorando? — Gabi perguntou preocupada. — Estou defendendo a Mariana, mas te amo, você não precisa chorar poir isso. 

— Sinto falta da minha mãe. Queria tê-la conhecido, queria poder pedir conselhos a ela, queria poder lhe dar um abraço.  

— Não fique assim querida, onde quer que sua mãe esteja, ela está olhando por você, sem a menor dúvida. — Antônia deixou a filha e deu um abraço carinhoso na menina que mal conhecia, mas já adorava. 

Último Ano do ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora