Desconhecidos

Capítulo 1

Brasil, Março de 2013

Beatriz

- Porra Dani, deixa-me dormir. - Resmungo.

Eu estava com uma ressaca da porra. O que eu mais queria era ficar mofando na cama e esquecer a loucura que eu tinha feito na noite passada. Puxo mais meu lençol para me cobrir, mais é inútil.

- Biaaaaa - Minha irmã berra, me sacudindo na cama. - A mamãe já ligou duas vezes e você sabe que ela detesta atrasos.

- Ok, ok! - Disse tentando criar coragem para me levantar.

Estes almoços de domingo costumam ser bons, pois só assim posso me dá ao luxo de uma boa comida caseira, Porem estou um caco. Estou com uma dor de cabeça dos infernos e a última coisa que quero é minha mãe e minha querida irmã me fudendo a cabeça, por chegar atrasada para o almoço. Depois de me levantar, Dani resolve me deixar sozinha para me arrumar, claro que tive que prometer que contaria tudo sobre a noite de ontem, antes dela sai e me deixar acordar pra a vida, em paz.

Eu não sei o que é pior, a ressaca ou o arrependimento que me bateu pela merda que fiz. É foda, as vezes fazemos coisa sem pensar, e quando damos conta, Fudeu, a merda já está feita. Tomei meu banho e vesti uma roupa. Só depois que cheguei a sala onde Dani me esperava impaciente, dei conta que havia deixado o carro no hotel.

- Deixei o carro no hotel. - Comentei e Dani me olhou a espera de uma explicação mais detalhada. - Não tinha condições para vir conduzindo. - Dei de ombro.

- Beleza, vamos no meu e na volta passamos lá para pegar o seu. - Ela diz me puxando pela mão para sairmos.

Quando pegamos a estrada, Dani começou seu interrogatório. Tive que contar detalhadamente como tinha sido minha noite, no evento de lançamento da revista VIP moda onde fui uma das capas da revista ao lado de Jessé, minha ex. melhor amiga.

- Sinceramente não sei o que é pior, saber que eles estão juntos pela imprensa ou vê-los lado ao lado, desfilando com a maior cara de pau.

- Eu não sei quem é mais mal caráter dos dois. - Minha irmã diz aborrecida.

Guilherme e eu namoramos por 4 anos, estávamos noivos quando descobrir através da mídia que ele e Jessé estavam tendo um caso, foram flagrados aos beijos em um restaurante Italiano, quando supostamente eles deveriam apenas está lá a trabalho, para um desfile de moda de uma estilista famosa. Naquele maldito dia senti como se tivessem me tirado o chão e eu estivesse a cair em um precipício de decepção. Não só pelo meu noivo está me traindo, mais por esta me traindo com aquela que eu julgava ser minha melhor amiga.

Eu e Jessé nos conhecíamos a 7 anos, chegamos a dividir um Ap. durante quase um ano, quando estávamos a trabalhar em Nova York. Ela desfila para grandes grifes e eu sou uma modelo fotográfica, que graças a Deus consegui ganhar meu espaço neste mundo de cão. Não sou tão famosa quando Jessé, mais não tenho o que reclamar, sempre tive convite para boas campanhas de grifes famosas e conceituadas. A grana é muito boa e por isso ainda me prendo a isso, mesmo querendo abandonar tudo desde do último ocorrido. Não foi nada fácil ter que fotografar ao lado de Jessé depois de descobrir que ela e meu noivo já andavam juntos a mais de 5 meses, acho que foi o dia que eu fui mais profissional em toda minha vida. Mas eu estou decidida a abandonar a carreira, já conversei com minha agente e este será o último ano.
Marly só faltou surtar quando eu disse que só trabalharia até dezembro e depois seguiria minha vida longe das câmeras fotográficas.

- Mana, o pior que surtei. - Digo isso com a consciência pesada.

- Você fez baixaria? - Dani pergunta com ar preocupada.

- Pior. - Suspiro. - Fui pra cama com um desconhecido.

Dani olha-me com os olhos arregalados e com um ar de surpresa. Não é para menos, nunca fui do tipo que transa no primeiro encontro e muito menos com um desconhecido. Quando comecei a relatar tudo, ela ficava cada vez mais chocada.

- Eu fiquei tão transtornada e com tanta raiva de Guilherme, que teve a petulância de ir me cumprimentar e ainda vir com um papo ridículo de que queria que eu superasse tudo aquilo, que fiquei cega de raiva e para provar que eu tinha mais que superado a traição do filho da puta, peguei o primeiro cara que me veio a frente e me joguei em seus braços.

- Porra. - Dani fala me olhando incrédula. - E o cara?

- Que cara?

- O desconhecido.

- Há... tipo foi pego de surpresa, mais como todos os homens, aproveitou a situação. - Digo constrangida.

- Qual o nome dele? O que ele faz? - Dani começa a fazer dezenas de perguntas sobre o desconhecido.

- Pra ser sincera? - Olho para ela que retribui o olhar a espera de resposta. - Não faço ideia do nome dele, o que faz, de onde vem...

- Fala sério. - Dani diz caindo na gargalhada. - Mas no meio desta merda toda, ele pelo menos é bom de cama?

- Bom é pouco, ele foi Ótimo.

Claro que Dani queria mais detalhes e assim o fiz, durante todo o resto do percurso, a caminho da casa da mamãe. Contei que aquele desconhecido tinha sido a melhor trepada que eu tinha dado, desde que perdi minha virgindade.
Ta tudo bem, eu não tive muitos parceiros sexuais, apenas 6 desde que perdi minha virgindade e o que tive uma relação mais duradoura, tinha sido Guilherme. Não que nossa vida sexual fosse ativa, longe disso, afinal nosso trabalho não permitia que padecemos nos dar o luxo de ter uma vida sexual tão regular, muitas vezes passávamos meses sem nos encontra por que nossas agendas dificilmente se batiam. As vezes quando ambos estavam na Europa ou no Brasil tirávamos dois ou três dias para ficarmos juntos. Mesmo que quisermos ficar mais tempo juntos era quase impossível, até porque Guilherme é muito mais apaixonada pela sua profissão que eu, ele dificilmente recusava convites para desfiles. Já eu escolho a dedo os ensaios fotográficos que quero participar.

- Acho melhor não contar nada para mamãe sobre isso. - Dani comenta assim que estaciona o carro à frente da casa da mamãe.

- Ela ainda vai achar que eu estava drogada. - Digo caindo na gargalhada.