Capítulo 29

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Deus. Eu sou indefesa contra aquele olhar. Meu corpo está tão bem comido que eu mal posso andar, mas o cheiro que vinha da cozinha era delicioso. Naquela casa havia uma bruxa ou algo assim, pois quando chegamos na sala ela estava completamente limpa e organizada, mesmo faltando alguns objetos decorativos. Para, percebendo que provavelmente não estávamos sozinhos e sinceramente o que menos preciso é de pessoas me olhando e com especulações neste momento. Raul percebe e abraça-me.

- Não se preocupe, estamos sozinhos, dispensei todos.

- Todos?

- Os seguranças, não. - Ele abaixa a cabeça e me beija. Não com luxúria. Apenas um beijo. - Eles estão lá fora, dei ordens de que não quero que sejamos perturbados.

- Eu preciso falar com Dani. – Digo, encostando minha cabeça em seu peito.

- Depois de você comer alguma coisa, liga a ele. – Ele diz me incentivando a andar em direção a cozinha. – O Luiz, em breve estará trazendo seu celular.

- Não precisava. – Digo suspirando e me sentando na cadeira que Raul me oferece para sentar.

- Não me venha com esta, já somos íntimos demais para termos estas formalidades.

- Não é formalidade, apenas posso eu mesma comprar. – Rebato.

- Eu sei teimosa. – Ele diz puxando uma cadeira a minha frente e se sentando. – Vamos fazer assim. – Ele diz pegando meu prato e me servindo. – Vamos carregar as energias e depois podemos discutir ou fazer amor, como quiser.

Calo-me, pois algo lá em baixo estava a pulsar de desejos. Tento me concentrar na comida e Raul faz o mesmo.

- Raul. – Digo sem olha-lo. – Não acha, que já não fomos longe demais?

- Não me faça sentir mais culpado. – Ele diz se levantando bruscamente da mesa. – PORRA! – Ele grita, colocando as mãos na cabeça. – Eu não tenho culpa de ter me apaixonado por você. – Ele Diz ficando de costas para mim e socando a parede a sua frente.

Levanto-me e abraço-o por trás. Eu não queria que ele se machucasse mais, não queria ver sangue em suas mãos e muito menos parti seu coração, como o meu estava partido.

- Desculpe... eu ... eu... – Eu não controlava as lagrimas. - Porra! - Ele tira minhas mãos, só para se virar e ficar de frente para mim.

– Diga que sente o mesmo, diga que eu não estou nesta merda sozinho. – Ele diz rosando seus lábios nos meus.

- Não. Não está. – Admito.

Ele me puxa para seu peito e a familiaridade de seu abraço me conforta. Quando começo a soluçar mais intensamente, ele pressiona um beijo duro, quase desesperado, ao topo da minha cabeça e me aperta quase com força o bastante para me quebrar.

– Vai ficar tudo bem.

Encaixando minha cabeça em suas mãos e esmagando minha boca com a sua. A fome presente no beijo queima, me deixa em chamas. Lábios quentes. Eu também quero, e muito.

– Deus – Ele rosna.

Meu corpo arde e arquear-se mais para perto dele, enquanto ele envolve minha cintura com os braços.

– E eu te quero. – Sussurro.

Ele parece ficar doido, fazendo tudo de uma vez. Massageando minha bunda. Meu peito. Devorando minha boca. E então ele beija meu pescoço me fazendo gemer. Mas estou tremendo e ansiando e desejando. É verdade que eu quero o seu corpo, cada centímetro delicioso dele, mas, mais do que qualquer coisa. Nossas línguas se movendo. Até que ele geme e se afasta, indo em direção a sala e ficando diante da grande janela.

Ele fica de frente para a janela, as mãos nos bolsos. Eu podia imaginar o que ele estava pensando, sentindo, era o mesmo que eu. Eu pode ver em seu toque e em seus olhos o, como se quisesse abrir mão de mim, mas não conseguisse. Segui em direção ao quarto, o deixando sozinho, ele não veio atrás. Tomei um banho e vesti uma camisa de Raul, que mais parecia um vestido em mim. Procurei em seu closet um cinto e encontrei um que poderia me servir. Amarrei em minha cintura e coloquei meu sapato. Voltei para a sala e Raul permanecia imóvel. A única coisa diferente no senário, era que ele estava a falar com alguém ao telefone. Peguei silenciosamente minha bolsa, que provavelmente um dos seguranças deve ter colocado em uma poltrona na sala e sai, fechando a porta atrás de mim.

Eu me sinto apunhalada no peito pelo que estou fazendo, mas cada instinto de autopreservação me diz que eu tenho que ir. Ele não me impede, não me pede para ficar. Para minha sorte os seguranças não estavam no corredor. Quando a porta do elevador abre na recepção, vejo os seguranças de Raul a conversar entre si. Saio o mais rápido que posso do prédio, sem ser vista por eles que pelos vistos estavam muito entretidos a conversar.

Quando chego na causada dou de cara com os abrutes, flashes direcionavam-se a mim. Aquela sensação de pânico tomou-me profundamente. Corri, corri o mais rápido que podia e eles corriam atrás de mim, gritando e fazendo inúmeras perguntas. Pânico, era o que sentia, corri para atravessar a rua, pois vi de longe um táxi parado. Meu corpo é atingido, enquanto eu ouço o grito mais desesperado e de gelar o sangue que já escutei na vida.

– NÃO! BEATRIZ! - E desabo na escuridão.

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