Desconhecidos

Capítulo 9

Nova York, Dezembro 2013

Beatriz

Aquele toque, aquele corpo, foi embora tão rápido como um passe de mágica. Tentei encontrar em alguém qualquer sinal, que eu pudesse identificar, mais nada. Frustrada fui procurar Marly, talvez ela tivesse visto o rosto desconhecido no meio da multidão que dançou comigo a minutos atrás. Quando fui a mesa onde supostamente Marly deveria esta não a encontro, apenas esta três dos rapazes amigos dela. Perguntei se eles sabiam a onde ela tinha ido e eles disseram que ela estava com um tal de Rocha. Supostamente o rapaz que ela estava a devorar a boca no meio da boate. Decido que vou ao bar pedir mais uma bebida e peço para avisarem a Marly quando volta-se que fosse me encontrar no bar, onde ficaria à sua espera.

Quando chego no bar peço uma doze de whisky e entorno o liquido em minha boca, que sai queimando tudo por dentro. Começo a xingar mentalmente a Marly, por me fazer sair do hotel e agora me deixar praticamente sozinha aqui. Olho para ver se encontro Marly em algum lugar na boate mais nada, ela provavelmente deveria estar se pegando com aquele modelo moreno de olhos claros.

Bem que eu queria ter ficado no hotel vendo filme, mas Marly tinha que me trazer para a droga da boate. Para piorar mais as coisas Guilherme aparece a minha frente: Cabelo bagunçado... camisa branca aberta no colarinho, com mangas longas dobradas até o cotovelo, apertada o suficiente para perceber o corpo fabuloso que ele tinha. ... barba por fazer... jeito sexy... um rosto, boca e esses olhos azuis acinzentados MARAVILHOSOS!!! Lindo, alto, sexy e canalha repetia mentalmente como um mantra sem fim. Canalha, canalha, canalha...

Peço mais uma doze e desta vez, uma dupla. As mulheres babam conforme ele vai passando diante delas. Isso eu não poderia negar, ele era lindo de viver. Ele é o tipo de homem difícil de ser ignorado onde quer que esteja. Como Dani, costumava dizer Guilherme tem um cabelo pós foda, super sexy. Confesso que ao vê-lo ali a minha frente, um filme passou pela minha cabeça, mas a lembrança da traição era dolorosa demais e nem mesmo aquele sorriso sedutor seria capaz de deletar todas as magoas que eu sentia pelo que ele me fez. Tive que me concentrar e respirar fundo.

- Bia. - Ele diz, ao se aproximar. - É tão bom te ver, aqui.

- Pena que eu não posso dizer o mesmo. - Digo me virando de costas para ele. - Acho melhor você ir embora antes da sua namorada...

- Ex. namorada. - Ele diz me cortando. Viro-me de frente para ele e o encaro. - Acabamos.

- Que pena. - Digo com um sorriso debochado.

- Bia me perdoe, eu fui um estupido, eu não sei onde eu estava com a cabeça.

- Não sabe? - Dou uma gargalhada. - Pois eu sei onde estava sua cabeça, estava no meio das pernas da minha melhor amiga. Quer dizer, amiga do cão e até duvido que o capeta teria uma amiga como Jessé. - Digo me levantando para procurar Marly, definitivamente eu ia embora, com ela ou sem ela.

- Espere. - Guilherme diz segurando meu pulso. - Me perdoe, volte para mim, eu te amo.

Ele deve estar drogado, só pode. Ou então, acha que eu estou drogada para cair neste papo ridículo de que me ama. Confesso que se ele tivesse dito isso alguns meses atrás, eu provavelmente o aceitaria de volta, mais agora é tarde demais.

- Me solte - Digo irritada.

- BB eu te amo, eu sei que ...

- Você é surdo? - Grito. - Me solte agora, se tens amor as bolas que tem entre as pernas. - Ameaço.

- Bia, vamos conversar.

- Guilherme, você perdeu a sua oportunidade, a muito tempo atrás.

- Sinto muito se você não quer conversar comigo tanto quanto eu quero falar com você. - Ele diz soltando meu braço.

- Isso mesmo, eu não quero falar com você, eu não quero ver você, eu não quero nem ouvir falar em você.

Quem nunca se decepcionou na vida? Se você nunca se decepcionou vou fazer questão de bater "PALMAS" e dizer, Put'z você tem muita sorte. Nunca queira se decepcionar, pois dói muito ... Bom... decepção não mata, ensina a viver... isso é FATO! Mais, sabe quando você ver seu namorado te "TRAIR" ai você diz, nossa que decepção. A pessoa que me dizia "EU TE AMO" todos os dias e depois você descobre que durante muitos meses ela estava na cama com sua "MELHOR AMIGA" ... pois é! as vezes as pessoas mais próximas da gente são as que mais nos decepciona. Dizer que foi fácil, que muitas vezes passei a noite e claro chorando nos cantos do quarto por que sentia falta dele, porque eu o amava e mesmo depois de tudo ainda queria ouvir dele que era tudo mentira, mas não, era tudo verdade, eles não negaram, simplesmente Guilherme destruiu tudo de mais precioso que existia entre nos. Mais eu ergui a cabeça e seguir em frente, pois é isso que temos que fazer. Nem tudo que se perde tem valor, nem tudo que é bonito é amor, e o que passou, passou, não voltará!

- Por que tanta magoa? - Ele pergunta com o maxilar rígido.

- Você foi um erro na minha vida. - Ele me olha incrédulo. - Sim... um erro que me fez mal. Então pelo menos tenha um pouco de consideração por mim e me deixe em paz.

Saio de perto dele sem olhar para traz. Eu não conseguia mais raciocinar e meus pensamentos estavam ficando lentos. Quando ocorre a infidelidade, quebra-se muita coisa e Guilherme havia quebrado a coisa mais importante para mim, a confiança. Isso era imperdoável. Sentindo-me tonta e enjoada, e vou a procura de Marly, pois o que mais quero é voltar para o hotel e simplesmente esquecer desta merda toda.

Volta à mesa e nada de Marly, então desisto de esperar e saio da boate. Pego meu celular e ligo para ela, mais chama, chama e nada dela atender. Ligo novamente e quando finalmente ela atende eu estou furiosa.

- Onde merda, você está?

- Eu... eu... - Ela gagueja.

- Estou indo embora. - Aviso.

- Espera eu vou mandar o carro. - Ela diz com uma voz estranha e depois de um momento de silencio, percebo que ela está em um local calmo, provavelmente ...

- Você está fudendo, sua vaca? - Digo contendo o riso. - Sua depravada, deveria ter dito que iria sair.

- Eu pensei que .... - Ela dá um gemido abafado.

- Não precisa chamar o carro, pego um taxi. - Começo a rir, esquecendo a raiva que estava sentido no momento. - Vadia safada, depois quero saber detalhes.

Nem deixo ela responder. Eu já tinha atrapalhado muito a foda de Marly e sabia muito bem que ela andava a subir pelas paredes, pois estava a algumas semanas sem sexo, e para ela ficar sem sexo uma semana é quase uma tortura. Desligo na cara dela e vou em direção à rua, para procurar um taxi. Para meu azar todos que passam estão ocupados e já começo a me arrepender de não aceitado Marly mandar o taxi.

- Precisa de uma carona, baby?