Capítulo 40

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Minha cabeça girava, eu me perdia no meio dos infinitos pensamentos que gritavam roubando minhas forças na minha mente. Muitas coisas se passavam na minha cabeça no mesmo momento, eu me perdia, me confundia, me apagava por dentro. Então foi assim que tudo aconteceu. Então são esse todos os segredos que me escondiam.

Minha mãe, como ela foi capaz de esconder toda essa verdade? Além de saber tudo isso, ela ainda se cala exige silencio de todos?

Não me conformo com o que minha mãe fez da forma que ela escolheu tratar esse passado, ela escondeu como se fosse um segredo comum, uma coisa normal, uma coisa de nada, que é só esconder e está tudo certo. Ela não tinha este direito, ela não tinha o direito de decidir por mim, não tinha o direito de exigir isso de ninguém.

Raul apareceu e disse que tinha mais coisas que eu precisava saber antes de partir.

- Eu quero que você saiba tudo e saiba por mim. – Ele diz sentando-se a minha frente.

Cada revelação era um choque maior. Ele é filho de Jonas, irmão de Fabi e por mais que por algum momento eu deseje nunca mais vê-lo ou esquecer que ele existe, seria impossível. Ele de certa forma sempre estaria lá de alguma maneira.

- Isso é ... Loucura!

- Eu sei, Baby. – Ele diz calmamente.

- Mas uma coisa eu não consigo entender, no meio disso tudo. – Digo secando as lagrimas que caiam em meu rosto. – Porque eu fugi, porque eu sai correndo do hotel?

Eu queria poder agradecer Raul por me contar, mas ao mesmo tempo, ficar brava por me contar. Preferia não saber que existia a possibilidade de sermos irmãos.

- Meu deus. – Agora eu chorava e soluçava. – Nós somos irmãos? Meu deus.. isso...

- Não! – Ele diz pegando meu rosto com as duas mãos e secando as minhas lagrimas. – Quando você estava no hospital, seu pai foi avisado do acidente e ele foi para o Brasil. Depois que eu e meu Pai contamos tudo a ele, as coisas foram esclarecidas. – Ele diz e eu o, observo atenta. – Na verdade ele nunca teve um caso com minha mãe, na verdade era um dos sócios dele que o teve. – Olho para ele confusa enquanto ele explica.

- Mas ele pode ter mentido. – Declaro. Afinal não consigo ver meu pai assumir suas traições.

- Poderia e por esta razão achamos que o mais justo seria fazer o exame de DNA. – Esclarece.

Agora tudo fazia sentido, a razão de eu sair feito uma louca correndo, ao ponto de atravessar a rua sem olhar para os lados. Nenhuma dúvida restou, se eu achar que restou, é porque estou criando novos pensamentos para tentar esquecer o que acabei de saber.

Raul havia contado tudo, havia respondido todas as minhas perguntas. Mostrado imagens nossas, tiradas em seu celular. Mostrou mensagens trocadas entre-nos.

Descobri tudo assim, rápido, sem pelo menos me preparar, caiu tudo em cima de mim, de uma vez, e eu perturbada, confusa, com vontade de sumir. De nunca mais aparecer.

Sem palavras, sem pensamentos, sem reação. Foi assim que me encontrei. Meu choro, minha coragem e minhas forças já tinham partido. Esperança? Ânimo? Nada se encontrava em mim naquele momento.

- Me desculpe por te dizer isso, mas é a verdade. – Raul diz se levantando e se afastando.

Pernas bambas, mão tremendo, um olhar parado, um ser sem movimento. A verdade caída no chão, um coração que perdia a cor, e um olhar embaçado, procurando uma luz em uma imensidão escura.

- Raul. – Digo com dificuldade quando o vejo se afastar.

Ele parece cansado, destruído e tão perdido quanto eu me sinto neste momento.

- Tudo bem. – Ele diz sem me olhar nos olhos. – Vou mandar o comandante retornar.

- Estou perdida, não sei que caminho seguir, não sei que decisões tomar, não sei o que falar...

- Não precisa dizer nada. – Ele mente, eu sei que era mentira, eu sei que ele queria uma decisão, uma resposta, uma atitude.

- Eu precisava muito, agora, de um abraço, e preferia que fosse o SEU! – Eu disse por fim, me levantando e tocando seu braço. - Eu desejo te ter o mais longe possível de mim, mas também te desejo aqui.

Ele balançou a cabeça e me agarrou, me puxando para seus braços em um abraço apertado.

- Baby. – Ele sussurrou, enterrando seu rosto no meu cabelo. Eu passei meus braços em torno dele, fazendo carinho em suas costas enquanto ele ainda me segurava contra seu corpo. ele me afastou do seu abraço e segurou meu rosto entre suas mãos. - Eu não quero te perder.

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