Desconhecidos

Capítulo Bonus

Raul Garcia

- Chame uma ambulância! - grito

Ela está pálida e sem vida. O sangue escorre, cobrindo suas bochechas.

- Querida - digo, estendendo a mão até seu pescoço em busca do batimento cardíaco. Eu o sinto, pulsando de leve sob meus dedos. Pela primeira vez na minha vida, eu me sinto impotente.

Antes que eu perceba, abaixo a cabeça e pressiono meus lábios nos dela. Sinto que estou perdendo o controle, como se estivesse prestes a me romper e nada nunca mais fosse me colocar no lugar de novo.

- Fica comigo - Imploro.

Sentei-me em uma cadeira no hospital e rezei, pela primeira vez na sua vida. Meu dinheiro não tem nenhum poder aqui, meu nome não tem nenhuma influência. Nada conta, exceto a minha vontade, de ter ela ao meu lado. Os médicos saíram para falar comigo. Para me dar as notícias. Ela está em coma. Ela mal está respirando por conta própria. Ela está em algum lugar distante onde eu não existo, onde eu não posso buscá-la, não posso protegê-la. E eu ainda posso vê-la, senti-la, ouvi-la. Preciso dela.

Esfrego meu braço sobre os olhos quando eles continuam ardendo. Meu pai e a mãe de Beatriz aparecem.

- O que merda você fez? - Dani grita, aparecendo em seguida.

Praticamente fui expulso do hospital.

Acordo em um silêncio assustador, com dúzias de garrafas espalhadas pelo chão. Esse chiqueiro não pode ser meu quarto. Esse cheiro de bebida não pode ser onde eu dormi. Gemo enquanto me sento e o martelar em minha cabeça rola, expandindo-se por todo o meu crânio.

- Está vivo? - Minha irmã diz ao me ver caído entre aquelas garrafas de bebida.

Meu coração se parte quando penso nela. Coloco a cabeça nas mãos.

- Raul, ela pode não acordar nunca. Ela pode ficar assim por meses, até que a família dela decida que está na hora de desligar as...

- Não termine essa merda de frase!

Levanto-me com dificuldade e Fabi vem atrás de mim. Vou ao meu closet e começo a colocar algumas coisas em uma mochila.

- Aonde você vai?

- Para o hospital.