Desconhecidos

Capítulo 3

Nova York, Novembro de 2013

Beatriz

Estes últimos meses foi exaustivo, tive que viajar para três países diferentes a trabalho. Estou morrendo de saudades de casa e contando os dias para voltar definitivamente para o Brasil. O que mais quero e preciso é recomeçar minha vida, seguir em frente com novos desafios. Jamais quero ser uma daquelas meninas que tudo o que sabem fazer é fotografar e desfilar. Quero olhar para trás e ver que fiz o melhor entre os meus 8 e 26 anos. Mas, agora quero iniciar um novo capítulo. Ganhei dinheiro o suficiente para ter uma estabilidade financeira. Abri ao lado da minha mãe e minha irmã, minha própria marca. Em 4 anos já temos 3 grandes lojas na cidade e nosso próximo objetivo é abrir mais uma em um dos grandes shoppings da cidade. Quero muito me dedicar a isso ao lado da minha irmã e deixar minha mãe aproveitar a vida, principalmente agora que ela está namorando.

- Você tem certeza do que você está fazendo? - Marly pergunta, suspirando.

- Completamente. - Digo enquanto me arrumo para irmos a uma discoteca.

- Bia, você é muito nova, ainda poderia fotografar por muito mais tempo. - Ela protesta.

- Marly, eu amo tudo isso. - Digo girando de braços aberto no quarto de Hotel luxuoso, onde estou hospedada. - Mas eu quero mais que quartos de hotel, quero mais que baladas e gente bonita e fútil ao meu lado. - Vou em sua direção e seguro seu rosto com as duas mãos, a fazendo olhar para mim. - Eu quero ter hora para acordar e hora para dormir, quero ter uma vida normal e ter uma família.

- Eu sei. - Ela diz com aquele olhar de cumplicidade. - Eu vou sentir tanto sua falta.

- Marly você sabe que acima de todo somos amigas e nada vai mudar isso. - Digo a abraçado. - Quando você quiser paz, corres lá pra casa.

- Disso não tenhas dúvida. - Ela diz e caímos na gargalhada.

Não vou mentir e dizer que não gosto deste glamour todo, claro que gosto, adoro poder viajar pelo mundo e ficar nos melhores hotéis e hospedagens sem pagar nenhum centavo por isso. Adoro poder ir as festas e discotecas mais badaladas do mundo, amo ganhar roupas, sapatos, assessores e tudo que o mundo da moda me oferece, porem no fim, quando finalmente consigo cair na cama e me sinto extremamente sozinha e triste. Tem coisas que dinheiro nenhum no mundo compra e isso eu aprendi desde muito cedo. Muitas pessoas se corrompem pelo dinheiro, são capazes de tudo, são capazes de vender a alma ao diabo por dinheiro, mais eu não sou assim, nunca fui e nunca serei.

- E ai... como estou? - Digo girando para que Marly avalia minha roupa.

- Como sempre. - Ela faz uma pausa rápida. - Espetacular!

- Você também está lindíssima. - Digo sincera. - Agora vamos.

Quando chegamos à frente da discoteca, nosso motorista abre a porta para que desçamos e um monte de fotógrafos caem sobre nós como abutres. Penso que em breve estarei livre desses Flashes. Faço algumas poses para os fotógrafos, enquanto eles disparam vários flashes que começa a me deixar cega e tonta e logo Marly percebe meu desconforto e aparece com alguns seguranças que nos leva em segurança para dentro da discoteca.

A discoteca realmente era maravilhosa, da música a decoração. Marly saiu me puxando para o balcão para perdermos uma bebida e logo alguns rostos conhecidos foram aparecendo no meio da multidão, todos cumprimentavam e logo a ficha caiu. Lá estava eu, no meio daquelas pessoas lindas e fúteis como de costume e o que mais me restava era beber para aguentar aquela noite. Não que todos que vivem neste mundo, tenham titica de galinha na cabeça, não é isso, mais uma boa porcentagem parasse que vivem em um mundo paralelo a realidade. Com conversas limitadas sobre a próxima coleção, sobre a bolsa da grife que acabara de ser lançada, a compra do sapato exclusivo e blá blá blá.