Capítulo 34

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- "Porque nós..." - passou a mão na nuca.

Eu não sabia a que rumo esta conversa levaria, mas eu havia ficado muito curiosa para saber o que eles iam me dizer. Luan já estava perdendo a paciência perante a tudo que estava ocorrendo, era para ser um momento só nosso. Era para ser algo íntimo nosso, um momento a ser lembrado como o dia que compramos a nossa casa e não como o dia em que dois estranhos estragaram tudo !

- "Vão falar logo ou vai ficar enrolando?" - ele olhou de canto para o casal e eu bati de leve em seu braço - "Ai."

- "Tenha modos." - O repreendi - "Parem de gagueira e falem logo!" - exaspero.

- "Tenha modos." - ele sussurrou em meu ouvido.

- "Joseph, se você não falar eu falo! Não aguento mais esperar!" - Melissa exaspera.

Joseph havia ficado quieto e não pronunciara nenhuma palavra. Melissa revirou os olhos e veio até mim, a mesma aparentava estar nervosa mas logo conseguiu falar.

- "Kate, nos somos os seus pais." - segura minhas mãos.

- "Que? Não!" - esbravejo - "Meus pais morreram quando eu tinha dois meses em um acidente de carro."

- "Não morremos, somos nós querida." - tirou uma foto minha da carteira.

- "O que estão fazendo com isso? Estão loucos? Saíam daqui!" - me irrito e logo começo a tirá-los dali.

- "Kate nos escute por favor." - Melissa estava quase de joelhos na minha frente.

- "Me dê um bom motivo para que eu escute!" - olhei-os com meus olhos marejados - "Meus avós sofreram quando souberam que a filha deles e o marido dela havia morrido. Quando eu perguntava por meus pais, minha vó desabava." - me altero - "Não importa se vocês são o papa e a madre Teresa, eu não quero saber quem são." - estava irada, não queria vê-los na minha frente. Fui em direção a sacada da casa para dar tempo para que eles fossem embora, mas Luan segurou meu braço - "Solta." - algumas lágrimas estavam caindo de meus olhos.

Ele me abraçou e beijou minha cabeça - "Escute-os." - insistiu.

- "Não posso." - afundei minha cabeça contra seu peito - "Não agora."

Senti suas mãos em meus cabelos - "Só tenta. Se eu perceber que está indo longe de mais eu paro tudo. Te prometo isso." - olhei em seus olhos e ele secou minhas lágrimas - "Eu te amo, não se esqueça disso nunca."

- "Eu também te amo." - beijei seu rosto - "Muito." - ele me abraçou novamente.

Joseph e Melissa nos observavam da porta, ela parecia suplicar por uma chance, para que eu a ouvisse. Mas se as coisas forem longe demais e Luan não parar a conversa eu mato ele "Apenas uma chance.", meu coração parecia dizer isso "Esqueça-os da mesma forma como eles te esqueceram.", mas minha mente dizia o contrário. Queria ouvi-los, mas ao mesmo tempo queria mandá-los para o inferno.

- "Vocês tem 20 minutos." - olhei-os de canto e depois olhei para Luan que fez que sim com a cabeça - "Por que me deixaram? Se não queriam ter um filho, porque colocaram no mundo?"

- "Negação." - Joseph passou a mão entre seus cabelos.

- "Medo." - Melissa disse baixinho como um sussurro.

- "Sua ma..." - ele olhou para mim e Melissa - "Melissa, não queria ser mãe. Na verdade nunca quis. Quando ela descobriu que estava grávida de você o mundo dela desabou, insistiu em interromper a gravidez. Mas eu neguei isso, queria ter você comigo, meu maior sonho sempre foi ser pai e isso estava se realizando naquele momento."

- "Pedi para minha mãe me ajudar, não queria ser mãe, não estava pronta para aquilo. Não tinham o condições de criá-la e nem suporte para isso. O medo bateu em mim quando descobri você e o desespero também." - ela olhou para suas mãos.

- "Melissa entrou em negação quando você nasceu Kate, ela não queria saber se você era ou não filha dela, para ela nada daquilo importava. Se recusava a te alimentar, não queria vê-la em sua frente." - segurou o ombro de Melissa - "Quando você fez dois meses me convenceu a deixarmos você para trás e seguirmos a nossa vida, sem você." - ouvir aquilo foi como levar uma facada no peito, sentei-me em uma das pernas de Luan e eles prosseguiram - "Estamos arrependidos pelo que fizemos a você. Sei que queria ter crescido com um pai e uma mãe assim como Amanda cresceu."

- "Como sabem de Amanda?" - fitei-os.

- "Eu e o pai de Amanda éramos amigos Kate. Ele nunca me perdoou por ter feito o que fizemos a você e aos seus avós." - Joseph abaixa a cabeça e Melissa o abraça - "Mas sejamos sinceros, você se tornou uma bela moça, a vida feita e agora está noiva!" - sorriu - "Só quero que nos perdoe."

- "Jamais." - esbravejo - "Uma vez eu ouvi uma lenda na escola quando estava na sétima série e a mesma dizia que um dia, uma certa mulher pobre com uma criança no colo, passou diante de uma caverna e escutou uma voz misteriosa que lá dentro dizia: "- Entre e apanhe tudo o que você desejar, mas não se esqueça do principal. Lembre-se, porém, de uma coisa: Depois que você sair, a porta se fechará para sempre. Portanto aproveite a oportunidade, mas não se esqueça do principal..." A mulher entrou na caverna e encontrou riquezas. Fascinada pelo ouro e pelas jóias, pôs a criança no chão e começou a juntar, ansiosamente, tudo o que podia no seu avental. A voz misteriosa falou novamente: "- Você agora, só tem oito minutos." Esgotados os oito minutos, a mulher carregada de ouro e pedras preciosas, correu para fora da caverna e a porta se fechou... Lembrou-se então, que a criança lá ficara e a porta estava fechada para sempre! A riqueza durou pouco e o desespero, para sempre. O mesmo acontece, por vezes, conosco. Temos uns oitenta anos para viver, neste mundo, e uma voz nos adverte: "Não esqueça o principal!" E o principal são os valores, a oração, a vigilância, a vida. Mas a ganância, a riqueza, os prazeres materiais nos fascinam tanto que o principal vai ficando sempre de lado. Assim esgotamos o nosso tempo, e deixamos de lado o essencial: OS TESOUROS DA ALMA!" - Luan segurou minha mão e eu olhei em seus olhos ganhando tempo - "Eu era o principal, e assim como aquela mulher deixou seu filho dentro da caverna para sempre por conta de uma ganância, vocês me deixaram em uma por conta da ganância de vocês." - olhei em seus olhos - "Aquela criança cresceu sozinha em uma caverna e para sempre ficou só. Não teve mais amor de mãe ou de pai que seja, mas eu dei a volta por cima e sai da caverna. Através de meus avós fui amada de verdade, soube oque era um amor paterno."

- "Kate nós..." - levantei a mão.

- "Quero que sumam daqui. Nenhuma desculpa é válida para o que fizeram. Vão embora e nunca mais me procurem." - esbravejo - "Assim como aquela criança ficou sozinha na caverna sem os pais, eu estou muito melhor sem os meus. Que para mim estarão para sempre mortos, do jeito que foi dito para os meus avós me contarem." - Luan de levantou calmamente e eu me sentei na cama.

- "Vão embora." - tampou o campo de visão deles.

- "Mas é que..."

Ele revira os olhos já sem paciência - "Mas é que um caralho! Saíam daqui agora!"

Eles saíram sem demora. Luan veio até mim e me abraçou forte, em seu peito chorei tudo o que tinha para chorar. Se eu não tivesse esse homem comigo eu não sei o que seria de mim. Ele afagou meus cabelos e me disse coisas boas para que me esquecesse de tudo o que havia ocorrido.

- "Está tudo pron..." - Emily entra correndo no apartamento com um sorriso que logo some - "Que foi?" - ela me olha atentamente - "Não vai me dizer que terminaram?!" - nos olha atônita.

- "I bilieve I can fly, I bilieve I can..." - Harry estava cantarolando e entrou saltitante no quarto e logo que nos viu parou nos olhando atônito - "Eita, quem morreu?"

- "Ninguém morreu." - choramingo - "E nem terminamos." - Luan me abraça novamente.

- "O que foi então?" - Emily para em minha frente e cruza os braços.

- "Nada." - sequei as lágrimas que continuavam a cair.

- "Hey, Caramelinho estragado me conta vai." - Harry sentou em minha frente e Emily cruzou os braços.

- "Acho que tem haver com aquele casal que saiu daqui." - Emily era pior que agente do FBI.

Luan me lançou um olhar que passou-me confiança "Conte, eles podem ajudar." aquele olhar me transmitiu aquilo. Respirei fundo ganhando tempo e contei tudo para Harry e Emily que assim como eu e Luan ficaram paz nos com tudo o que haviam ouvido e sobre cada detalhe sórdido que aquele casal me deu. Ele estavam boquiabertos e a única coisa que conseguiram fazer foi me puxar em direção ao banheiro. Harry mandou eu lavar o rosto por que eles tinham uma surpresa para mim e Luan.

Abracei Luan e fomos até o elevador com Emily e Harry cantando I bilieve I can fly. Estava quase jogando eles do último andar de tanto que eu havia enjoado de ouvir aquela maldita música. Mas posso assumir que aquilo estava me tirando do transe, aquele problema todo que estava envolvida estava de dissipando. Entrei no carro de Luan, que foi seguindo o carro de Harry até uma rua antes da empresa onde Luan trabalhava. O mesmo estava com um sorriso maroto no rosto e vejo Emily fazer um sinal com as mãos de dentro do carro fazendo assim Luan parar. Emy vem correndo em minha direção e abriu a porta e saiu me puxando a uma grande casa rústica que havia ali naquela rua. Luan vinha logo atrás com Harry e o mesmo estava com um sorriso de orelha a orelha, Harry apenas dava risada da cara dele.

- "O que estão aprontando?" - fitei-a.

- "Nada de mais." - sorriu forçado - "Vamos seus molengas."

- "Hey baby, sem mim nada disso poderia ter ocorrido." - piscou.

- "Ah cala boca Harry." - ela revira os olhos rindo - "Eu quem fiz o trabalho todo sozinha." - ela fez com que eu e Luan parássemos em frente a uma grande porta e ela deu vários pulinhos em nossa frente - "Esse é o nosso presente para vocês." - bateu palmas.

- "Quem é você e o que fez com a minha Emily?" - Harry para na frente dela e a chacoalha.

Ela revirou os olhos rindo - "Sai!" - faz voz de nojo - "Vão, abra a porta!" - fez bico.

Olhei para Luan que estava sorrindo e abrimos a porta ao mesmo tempo. Era uma bela casa, toda decorada e do jeito que ficou bem a cara da Emily, mas acabei amando "Mas e o apartamento? Porque ela disse surpresa para nós?"

- "Feliz casamento." - ela entrou na casa sorridente e cantante, logo Harry entrou e chacoalhou ela novamente - "Harry para !" - deu risada.

- "Mas... E o apartamento?" - olhei para Luan.

- "Achou mesmo que iríamos morar ali?" - ele sorriu - "Emily planejou tudo e disse que o meu papel nesta história era apenas lhe levar a aquele apartamento e distraí-la. Mas eu não contava com aquele imprevisto." - revirou os olhos - "Essa sim é a nossa casa." - beijou meus lábios.

- "É linda." - sorri.

- "Há muitos quartos." - sussurrou em meu ouvido.

- "Não pira gatinho." - pisquei - "Não tão cedo." - ele me olhou atônito - "O que?"

- "Você não estava falando sério no apartamento?" - neguei com a cabeça - "Filha da mãe." - mordeu o lábio.

- "Olha meu amor, quero a família completa, mas não tão cedo." - pisquei e ele sorriu.

- "Ai como são lindos." - o comentário de Emily fez com que eu e Luan pudéssemos sair de nosso mundinho - "Temos outra notícia."

- "Ai meu Deus." - dou risada - "Não acaba mais essas surpresas de hoje não ? Assim não dá !" - olho para cima e eles caem na risada.

- "Essa é a melhor de todas. Nem Harry sabe." - gargalhou.

- "Conta logo!"

Gritamos todos juntos e ela deu risada. Odeio suspense, e Emily amava fazer suspense.

- "Bom..." - Harry esgava ficando pálido com a demora dela.

- "Filha, conta logo antes que seu marido caia duro neste chão e você fique viúva." - sentei Harry em um dos sofás da sala e ela deu risada.

- "Eu estou grávida." - ela sorriu e Harry ficou mais branco ainda.

- "O que?" - dissemos ao mesmo tempo e ela sorriu.

- "Você está o que Emily?" - Harry estava mais pálido que antes.

- "Grávida, baby." - piscou.

Foi só ela piscar para ele e dizer mais um vez que estava grávida que Harry caiu no chão duro. Ela correu em direção a ele e Luan caiu na risada "Quando eu falo que não aguenta nada.", acabei rindo do meu próprio comentário e Emily acabou rindo também. Depois de uns vinte minutos caído no chão, Harry se levanta atônito e olha para Emily com os olhos arregalados.

- "Cara, tive um sonho estranho." - colocou a mão na cabeça e sentou-se no sofá - "Eu sonhei que a Emily estava grávida e o Luan ficou rindo da minha cara."

- "Mas eu estou grávida." - ela passou a mão entre os cabelos de Harry.

- "E eu dei risada da sua cara." - Luan bateu em seu ombro - "Parabéns cara, vai ser papai cabeludo." - ele continuou a rir, enquanto Harry parecia surpreso.

***

Dias cheios de revelações invadiram minha vida até o fim de semana. Luan viajou para Nova York a trabalho, tinha uma reunião importante com Bernado nos Estados Unidos, iriam fechar um grande negócio. Vi Karen mais umas duas vezes desde que ela se desculpou pelo o que fez. Ela estava bem e feliz, sua filha Caroline era a coisa mais linda que eu já vi na vida.

Quando todos da trupe souberam da boa nova, que Emily e Harry seriam pais, a comemoração no meu antigo apartamento foi extrema. Novamente como nos velha o tempos, Niall dormiu em cima da bancada abraçado a um monte de pizza de mozzarella.

- "Oi noiva mais linda de todos os tempos." - Zayn surge do além na minha frente.

- "Oi senhorio da comida." - sorri.

- "Vamos experimentar algumas coisinhas?" - ele estava mais animado que eu.

- "Queria que o noivo mais lindo de todos os tempos estivesse aqui conosco." - respirei fundo.

- "Bom, lindo ele não é viu querida? Não se engane!"

- "Zayn, se falar dele eu quebro a sua cara." - olhei-o de canto - "Vamos logo."

- "OK. Não falo mais nada." - deu risada.

Naquele dia fomos a vários Buffets para o meu casamento com Luan. Ainda não havíamos marcado a data, estávamos esperando ele terminar de resolver todos os negócios que tinha que resolver para que pudéssemos viajar por uns dois meses, apenas nós dois e mais ninguém "Anta, se é uma lua e mel tem que ser apenas os dois. Ou querem platéia para o que possa vir acontecer?", uma voz na minha mente acaba tirando onda com a minha cara.

- "O que achou deste?" - Zayn segurava uma pasta nas mãos.

- "Ah, não sei."

- "Kate, nos vimos uns quinze buffets hoje e você não gostou de nenhum?" - ele me olha boquiaberto.

- "Zayn, eu sou indecisa demais para escolher essas coisas. Não se lembra do vestido? Experimentei uns..."

- "Todos!" - ele me olha de canto - "Realmente, você é indecisa e precisa da minha ajuda mais do que qual que outra pessoa no mundo." - ele zomba da minha cara.

- "Para Zayn." - dei um tapa leve em seu braço - "Vamos para o próximo." - dei risada.

- "Kate?" - aquela voz me soou familiar.

- "Ô praga dos infernos!" - reviro os olhos - "O que é em?" - olho nos olhos daquele ser com repulsão.

- "O que faz aqui? E cadê seu noivo?" - ela me olha de cima abaixo.

- "Não te interessa." - exaspero - "Tem certeza que é aqui?" - olho para Zayn.

- "Buffet J&M, é aqui mesmo." - ele olha para a placa e para o cartão em sua mão - "Você quem é?"

- "Melissa Smith , dona do Buffet."

- "O puta que pariu!" - reviro os olhos - "Zayn, queima este cartão e vamos para o próximo." - puxo o braço dele.

- "Kate, que surpresa." - Joseph me olha sorridente.

- "Que desprezo." - grunhi - "Vamos Zayn!" - puxo seu braço novamente.

- "Kate nos escute por favor!" - Joseph segura meu braço.

- "Já deixei bem claro que não quero vê-los nem pintado de ouro. O que custa para respeitarem o desejo do próximo? O que custa respeitar a vontade dos outros? O que custa? Não me esqueceram por quase 23 anos? O que custa esquecer por mais 80 anos? Não custa nada!" - exaspero - "Eu não era um fardo em suas vidas? Que continue assim então. Vocês não tinham morrido para mim e meus avós? Que assim seja, continuem mortos e enterrados!" - saio de lá batendo o pé e Zayn vem correndo em minha direção.

- "Hey, o que foi aquilo?" - Zayn pegou minha mão e eu sequei algumas lágrimas que caíam de meu rosto - "Está chorando."

- "Vamos para o próximo." - sequei as lágrimas e Zayn me abraçou.

- "Quem são eles ?" - ele olhou em meus olhos.

- "Meus pais." - fechei os olhos e respirei por longos segundos - "Melhor, as pessoas que apenas me jogaram no mundo."

- "Não deixa isso entrar em sua cabeça. Vamos, temos muito buffets ainda para visitarmos." - sorriu e puxou minha mão.

Quando terei paz na minha vida ?...

***

Secret | L.S. - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora