Capítulo 2

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Dajevá era algo mágico. Uma cidade aparentemente antiga, o que a tornava bela. As casas altas e de aspeto rústico, forte, continham uma sensação rara de profunda magia e liberdade. Em cada canto, existiam os mais variados tipos de plantas desconhecidas, todas repletas de fragrâncias suaves e delicadas.

O povo da cidade tinha vestes diferenciadas, de ambos os mundos conhecidos. Tanto se conseguia encontrar pessoas com túnicas simples e de aspeto clássico, como pessoas como ele, com calças de ganga e t-shirt branca, o que demonstrava que muitos dos habitantes viviam entre os dois mundos.

Fábio percorreu o caminho que levava ao palácio do rei.

Este edifício era o maior e o mais imponente da cidade. Todo coberto de ouro, pedra e prata, era um dos pontos mais bem guardados, e mais bem fortificados, de todo o mundo conhecido. Porém, era também dos mais pacíficos, pois existiam locais menos protegidos e muito mais perigosos do que aquele palácio.

– Quem vem lá? – Questionou um guarda do palácio, desde o seu posto à entrada do palácio, assim que viu Fábio aproximar-se.

– Alguém que o rei irá certamente querer ver. – Respondeu ao guarda, olhando-o nos olhos, e entrando para o recinto.

...

– Majestade.

Samuel virou-se para o guarda ajoelhado perante si.

– Sim, Brutus?

– Tem uma visita, sua alteza. – Informou-o o guarda.

– Quem?

O maxilar de Brutus retesou-se antes de responder.

– O Fábio, sua alteza.

– Leva-o para a sala do trono. Estarei lá daqui a uns momentos.

Com um aceno firme, e um movimento rápido e gracioso para se levantar, Brutus desapareceu pelo arco que delimitava as divisões dos aposentos reais.

Acenando, Samuel voltou de novo o rosto para o que tinha estado a observar.

A minha cidade. O meu amado reino.

Da varanda do seu quarto, Samuel era capaz de ver toda uma extensão de casas e terrenos de cultivo. Tudo enfeitiçava Samuel, desde a paisagem de montes e céu azul até às montanhas de contornos quase indistintos, de tão longe que se encontravam dele e do seu povo.

Respirou fundo e, virando as costas àquele quadro etéreo, dirigiu-se para a sala do trono. Parou em frente de uma grande porta, revestida a talha-dourada, com a insígnia do seu povo.

O salão era enorme. Este estava todo ornamentado com estátuas de deuses gregos, pinturas de épocas antigas. Numa das paredes de mármore, encontrava-se um retrato real. Olhou para o retrato, da porta. Aí estavam retratados ele e a sua mulher, Jade, com a sua filha, ainda bebé. Noutra parede adjacente, conseguia-se ver um retrato da sua mulher, quando fez dezoito anos. Ao seu lado, estava a imagem dele na guerra de Alkazarr, com a sua armadura vestida, depois de ter conquistado as terras do sul.

Reparou no homem no centro do salão.

– Fábio, meu grande amigo! Há quanto tempo! – Ouviu-se o eco da sua voz, repetindo as suas palavras.

– Samuel, o Grande! – Fábio permaneceu no mesmo lugar, limitando-se a virar-se de frente para Samuel.

– Engraçadinho. Os títulos não contam aqui, meu velho.

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