Capítulo 46

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Demorou mais do que devia mas aqui está, capítulo lindo só para vocês. Espero que gostem meus amores!!!!!



Aquela mulher...

Quem seria ela...?

Respirei o ar puro do jardim da minha mãe.

Faziam quase duas semanas e eu ainda matutava sobre ela. A loira de olhos frios tinha algo que me incomodava... por ser estranhamente familiar....

Também faziam quase duas semanas que tinha irrompido por uma sala, para transmitir a tão desejada mensagem.

Fechei os olhos à lembrança do olhar transtornado do meu pai. Os olhos ensombrados de tristeza. Nada tinha dito em resposta às minhas palavras. Simplesmente tinha assentido e saído, refugiando-se no seu quarto.

Não o vi durante dias a fio. Mas hoje era diferente.

Ele tinha-me chamado.

O toque quente no meu ombro prendeu a atenção do meu rosto. O meu pai sorriu-me, assim que os nossos olhos se cruzaram.

– Minha filha.

Samuel parecia o rei que era. Possante, forte, mas com olhos gentis e apaziguadores.

Porém, esses gentis olhos azuis tinham uma dor mesclada no seu interior, que lhe escurecia as íris.

Só uma pessoa era a causa dessa escuridão, e só essa mesma pessoa seria capaz de a fazer desaparecer.

Mãe...

– Queria falar comigo? – Questionei-o.

– O que achaste do jardim?

Olhei em volta, para todas aquelas cores, todos aqueles cheiros, toda aquela vida.

– É bom saber que isto não foi destruído. Seria uma pena perder um paraíso destes...

O rei assentiu, concordando com as palavras ditas.

– Queria falar contigo para te pedir desculpas. – Declarou ele.

Olhei-o, confusa.

– Hãn?

Samuel encolheu os ombros, parecendo desajeitado e baixou os olhos, acanhado.

– Abandonei-te mais uma vez. – Afirmou.

Neguei com a cabeça.

– Isso não é verdade. Ficou abatido... é normal... Aliás, eu nem sei o porquê de ter obedecido à loira do meu sonho.

O rei caminhou até um banco de pedra trabalhada, onde se sentou. A pedra era esculpida. Contudo, o tempo já se começava a abater na peça de arte, esbatendo as linhas dos rostos dos pequenos querubins, nas pontas do assento. Era uma pena... mas não perdia a beleza. Aliás, acho que posso afirmar que ainda cativava mais. Era como se os rostos desconhecidos protegessem aquele lugar. Não necessitava de saber quem eram para me sentir segura.

O meu pai fez sinal para que me sentasse ao seu lado.

– Fala-me dela. Conta-me o teu sonho, minha princesa.

Sentei-me ao seu lado. O vestido curto a espalhar-se ao lado das minhas coxas.

Era branco, o vestido. Mas não um branco puro. Era mais um tipo de branco sujo, como a casca de ovo. Na zona do peito, renda suave descia do decote em V até à cintura, formando quase um coração. Dos lados da renda, também junto ao decote, tiras presas formavam um laço, decorando a roupa, simulando um fecho do vestido, deixando o resto da fita continuar peito abaixo, acabando na cintura, ligeiramente acima do fim da renda.

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