Capítulo 15

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Daniel olhou para o seu horário e constatou que iria ter Desenho. Suspirou. O desejo de ir para casa era crescente, ao saber que seria a última aula do dia. Esse desejo era agravado pelo facto de não se sentir bem. Desde manhã que se sentia com muito frio, cheio de arrepios e isso deixava-o numa situação constrangedora. Não vestiu roupa por cima de roupa, porque iria parecer um idiota, iram achar que ele estava doente, ou até maluquinho, e ele não queria isso.

Tocou e ele entrou na sala, pôs as coisas na mesa e sentou-se, contraindo-se para se tentar aquecer.

Aos poucos, os seus colegas foram entrando e começaram a trabalhar, e fez o mesmo. Agarrou nos materiais e começou a trabalhar.

Estava a desenhar uma paisagem tumultuosa, mas ficou sem saber como fazer o vento forte que estava prestes a criar um furacão. Ficou ali a olhar para o desenho, até tirar uma folha de rascunho e começar a tentar desenhar. Começou a irritar-se, fazendo círculos rápidos com a mão.

Uma pequena brisa refrescante fez-se sentir, depois um vento que incomodava e, logo a seguir, a sala de aula parecia um túnel de vento. Havia folhas a voar por todo o lado, pessoas que estavam a desenhar, cujos trabalhos tinham-lhes fugido da mão, quando deram por si, e outras, que lutavam para não fazer parte do material do túnel de vento. O que é que estava a acontecer?

Hugo agarrou-se com unhas e dentes à mesa de madeira, enquanto procurava a causa do problema. Olhou para todos os lados, mas não encontrava nada que conseguisse provocar tamanho vento. Só conseguia ver o Daniel a fazer círculos rápidos numa folha de papel.

Parecia irritado. Hugo tentou aproximar-se dele e, se não se tivesse agarrado bem à mesa, teria aprendido a voar. Seria uma boa história para contar aos filhos, quando fosse velho. Sim: "Hugo, o voador no túnel de vento".

Conseguiu, com algum esforço, chegar finalmente junto de Daniel. Gritou, berrou, mas parecia que Daniel não o ouvia. Pudera, com o vento que estava na sala, nem um animal com uma boa audição conseguiria ouvir o que dizia. Decidiu então tocar no ombro de Daniel e, assim que o fez, este automaticamente "acordou", endireitando-se.

Todos os materiais, pessoas e qualquer outro objeto que estavam suspensos no ar caíram.

– Daniel, estás bem? – Perguntou o Hugo.

– Não, não estou bem, não consigo fazer a porcaria do vento. O que foi?

Hugo estava parado, pálido e um pouco molhado. Olhava para Daniel como se ele fosse um louco.

– O que é? – Voltou a perguntar Daniel.

– Quer dizer... tu não consegues fazer o vento, mas consegues fazer isto? – Hugo apontou para todos estragos e materiais espalhados pela sala.

Daniel olhou para a sala, estupefacto.

– O que é que se passou aqui?

Hugo semicerrou os olhos.

– Só podes estar a gozar comigo, certo?

– Não, eu não estou a gozar, o que é que se passou?

– Tu... – Hugo estava estupefacto. – Olha, esquece, OK?

– Está bem. – Voltou-se para o desenho.

Hugo respirou fundo para não fazer nada de que se fosse arrepender mais tarde. Tocou. Hugo arrumou tudo, pegou na mala e saiu. Encostou-se à parede enquanto esperava pelos colegas.

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