Cidade Oculta

Capítulo 23

Mercúrio estava na sala do trono a admirar pintura da rainha. Passou um dedo pelos traços leves do seu rosto e começou a sorrir.

– Jade, Jade, um dia vou-te encontrar e à tua filhinha linda e poderosa, e, quando o fizer, ninguém me vai parar... – Inclinou-se um pouco mais para a pintura, em jeito de confidente, e sussurrou. – E sabes que mais? Quando tiver todo o meu poder, vou destruir tudo o que tu amas, tudo o que tu e a tua família construíram...

– Senhor...

Mercúrio virou-se para ver quem era o engraçadinho que se atrevia a interrompe-lo.

– Yara? O que queres?

– Senhor, as buscas...

Aquelas palavras fizeram Mercúrio endireitar-se logo, o que assustou Yara.

– Já o encontraram? – Perguntou Mercúrio.

– Lamento, senhor, não temos rasto do rei nem do conselho.

Mercúrio respirou fundo para se controlar, o que até se poderia dizer que daria resultado, se não fosse o facto de ele ter as mãos cerradas em punhos. Estava a fazer tanta força, que os nós dos seus dedos estavam brancos como a neve.

A sua raiva explodiu.

– Seus incompetentes! – O seu grito fez a sala tremer.

Yara estava encolhida e cautelosamente afastada do seu mestre. Temia pela sua vida.

– Senhor, estais bem?

Os olhos seus olhos negros, agora cobertos de sangue, mostravam a sua fúria evidente.

– Vais continuar com perguntas idiotas?! Tenho uma missão para ti.

– Sim, meu amo?

– Quero que esqueças o rei e encontres a rapariga. Quero-a agora e quero-a já!

– Mas como é que ela lhe pode ser útil neste momento?

– Pensa, criatura!

Yara, com o susto que apanhou, caiu para trás, batendo com o rabo no chão.

– Tenho uma ideia melhor. Não penses. Limita-te a fazer o que eu te mando!

– Pois, isso... também vai ser difícil...

A demónio começava a irritá-lo seriamente.

– O que se passa agora?

– A rapariga... também desapareceu.

– O quê?!

– Lamento, senhor...

– Desaparece da minha frente, criatura! Volta só quando souberes onde está a rapariga!

Yara desapareceu num abrir e fechar de olhos.

Mercúrio, enervado, começou a falar para com os seus botões.

– Onde é que estás, pequena... tu não me escapas, Sofia, eu vou conseguir o que quero de ti, vais ver... Nem os habitantes deste maldito planeta te irão conseguir proteger, porque, mais tarde ou mais cedo, eu consigo sempre aquilo que quero.