Alexandre saiu da sala, sem proferir uma única palavra à mulher que se encontrava atrás de si. Sentiu uma vontade louca de dar um tiro a Bárbara. Esse desejo tinha-se tornado um hábito desde que tinham acabado e ela continuava a persegui-lo, não percebendo que, quando ele disse que tinham acabado, era porque tinham acabado mesmo. Não voltariam mais.
Desceu as escadas em direção à sala onde iria ter a próxima aula. Não viu a Sofia em lado nenhum, nem no caminho em direção à sala, e muito menos à porta da mesma. Algo se passava. Era verdade que não se conheciam há muito tempo, ou, melhor, ela não o conhecia há muito tempo, mas sabia perfeitamente que ela só poderia estar em três sítios no intervalo: no bar, na sala ou no anfiteatro. Porém, não se encontrava em nenhum desses lugares.
Viu Clara ao pé da porta e decidiu aproximar-se e perguntar por Sofia.
– Clara.
Ela virou-se para ver quem a chamava
– Hum, Alex? Não devias estar com a Sofia?
– É por isso que eu estou aqui. Onde é que ela está, sabes?
– Ela mandou-me uma mensagem a dizer que se sentia mal e que tu a tinhas levado a casa. Mas não pensei que voltasses à escola, muito menos esquecendo-te disso.
Isto estava a piorar. A Sofia não era de mentir, muito menos de se baldar às aulas. Alexandre estava com uma cara pensativa e a nadar nos seus pensamentos, que nem ouviu Clara a gritar por ele. Só acordou quando ela lhe deu um empurrão, o que fez com que ele batesse contra a parede. Tentou focar a visão e, quando conseguiu, quase gritou, ao dar pela Clara tão perto de si, com uma cara de poucos amigos.
– Olha lá, está-me, por acaso, a escapar alguma coisa? Onde está a Sofia?
– Achas que se eu soubesse te estava a perguntar? Não a vi em toda a escola e estou a ficar preocupado. E, olha lá, para que é que foi o empurrão?
Ela encolheu os ombros, indiferente.
– Hum, nada de mais, estavas tão concentrado que pensei que fosses entrar em curto-circuito.
– Acho que já não devo vir às aulas. Olha, diz aos profs que a Sofia se sentiu mal e que eu tive de ir ao médico, ou assim.
– O que vais fazer?
– Procurá-la. – Dito isto, Alexandre saiu disparado pelos corredores, até ao seu carro. Suspirou cansado. – Onde é que tu te meteste, Sofe?
Conduziu até à casa de Sofia, parando à porta. Saiu do carro e correu até uma porta trancada. Tocou à campainha, apressadamente. Quando ia para dar duas pancadas na porta, esta abriu-se e atrás dela apareceu Fábio, que quase levou com os murros.
– Eu sei que não nos damos bem, mas nunca te dei motivos para me agredires, ó anjinho.
– Onde está a Sofia? – Alexandre ofegava e, aos olhos de qualquer outra pessoa, parecia apenas um jovem adolescente preocupado. Para Fábio, que não confiava em Alexandre, parecia mais uma pessoa, que não valia o esforço confrontar.
– Trouxe-a para casa. Ela não se sentia bem e não me disse o que tinha. Está no quarto desde então.
– Algo se passa com a princesa, Fábio.
Fábio olhava para ele com um rosto sério e indiferente ao ar de Alexandre. Soltando um suspiro, passou a mão pelo cabelo e depois pela cara.
– Eu vou ao quarto dela para te descansar. Mas fica sabendo que eu não confio em ti. Ela estava esquisita quando veio ter comigo. Se sei que a culpa do estado dela é tua, juro que vamos ter problemas.
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Cidade Oculta
FantasySofia é uma rapariga de 17 com uma vida relativamente normal. Está com os amigos, a família e com o seu guarda costas que a segue para todo o lado. Até que recebe um estranho colar de uma vizinha invulgar e conhece um rapaz misterioso que a faz...