Capítulo 35

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Ai, desculpem mas não aguentei até amanhã. Aqui fica o capítulo 35!!!! Espero que gostem =)




O rosto que me devolvia o olhar era o meu. Sabia-o. Reconhecia-o. Os mesmos olhos azuis brilhantes, a mesma pele rosada, os mesmos lábios cheios e vivos.

Mas algo não estava bem. O espelho encardido estava coberto de vapor, o que me dificultava a visão.

Estranho... não me lembro de ter entrado na casa de banho e de ter tomado banho, quanto mais ligar a água quente.

Depois, tudo mudou.

Os meus brilhantes olhos azuis perderam o brilho gradualmente. A cor ia lentamente caindo, para dar lugar a um tom vermelho arrepiante. Os meus lábios deixaram de ser cheios e carnudos, para passarem a uma linha fina, formando um traço rude.

Um sorriso desprezível nasceu neles.

De um momento para o outro, deixei de ser eu. Tinha-me tornado... nele.

À medida que o meu rosto se alterava por completo, aquela voz grave disse:

– Não pensavas que conseguias fugir de mim, pois não?

Um grito de terror cresceu no ar, fazendo o espelho partir-se em mil pedaços.

Foi com esse grito que acordei. O meu grito.

– Estou a começar a ficar farta destes sonhos. – Resmunguei, com as mãos a taparem-me o rosto.

– Eles são um aviso para ti. Um aviso feito pelos Deuses.

Oh, boa, a voz feminina voltou...

– Olha, que bom. E porque é que mos estão a dar, mesmo?

– Foi um dom que eles te ofereceram.

– Obrigada, mas tenho de dizer que odeio o presente.

O riso cristalino acalmou os nervos que o sonho tinha criado.

– Eu sei que é difícil, minha querida. Mas só tu podes mudar o teu futuro. Só tu tens esse poder.

Iupi... – O meu festejo foi seco. – Isso quer dizer que devo fazer uma plástica, ou assim?

– Não estás a levar isto a sério. – O tom era de repreensão. – Ninguém te falou do enorme perigo que corres? Principalmente agora? Não tens consciência dele?

– Tenho, e muita. Mas ninguém me diz o que fazer! Eu só tenho dezassete anos, porra!

– Porque ninguém o pode fazer, só tu.

– Eu não sei o que fazer...

– Quando a altura certa chegar, irás saber. – E... foi-se.

– Adorei falar consigo. Foi a melhor conversa que tive em dias!

Doíam-me as costas. Ainda me encontrava na cela. Ao que parece, esta seria a minha moradia, onde iria dormir, até passar para uma mais permanente. Essa moradia era modestamente conhecida por... tambores, por favor... caixão, ou uma pira funerária, dependendo do que quisessem fazer com o meu corpo morto.

Atirei as pernas para fora da pedra a que tinha de chamar de cama e pousei os cotovelos nos joelhos, para poder segurar a minha cabeça nas mãos. Sim, também me doía a cabeça, mas não podia fechar os olhos. Se o fizesse, as imagens do sonho voltavam em força. Gemi.

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