Capítulo 6

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Samuel andava de um lado para o outro do jardim, pensando numa maneira de lutar contra os Dérnarius de Mercúrio. Aquele monstro um dia iria pagar pelo que estava a fazer.

– Senhor, o Conselho de Anciões está à sua espera na sala de cristal. – Disse um guarda, retirando-se logo de seguida.

Samuel respirou fundo e dirigiu-se para a sala de cristal. Estava a preparar-se mentalmente para o que aí viria, pois, quando se falava do conselho, tinha de se ser muito cuidadoso.

Parou em frente da grande porta, respirou fundo e abriu-a até ver o antigo conselho todo sentado nas poltronas de pele. A sala de cristal era também conhecida pela sala do conselho, pois era ali que este se reunia quando era necessário tomar alguma decisão.

Era constituído por dez homens e mulheres que tinham contribuído para o crescimento do reino, dez anciões, não contando com os espiões guerreiros, que tinham dois elementos a representá-los no conselho.

Todos se levantaram quando Samuel parou à porta.

– Majestade, ainda bem que pôde vir. – Disse Bernardo, o homem mais antigo do conselho, esticando os braços como se não visse um grande amigo há muito tempo.

– Bernardo, porque marcaste esta reunião?

– Bom, Majestade, eu...

– Temos problemas com os Dérnarius, senhor. – Disse Leonor, a esposa e igualmente a mulher mais velha do conselho, interrompendo-o.

– Que tipo de problemas? – Perguntou Samuel, sério.

– Do tipo graves... – Disse Bernardo.

Samuel caminhou até à sua cadeira e sentou-se, fazendo um sinal ao conselho para que fizessem o mesmo.

– Bernardo, podes começar a falar.

– Obrigado, meu senhor. – Bernardo fez um aceno com a cabeça e levantou-se para se dirigir ao centro da sala. – Todos nós sabemos porque Mercúrio quer matar a princesa, não é verdade? Todos nós sabemos que, no início, o monstro queria vingança ao nosso rei por lhe ter conquistado as terras, mas, depois do nascimento da menina, passou a haver algo mais. Já não se tratava de vingança, mas sim do poder que conseguiria se tivesse Sofia a seu lado. Com o seu poder, ele conquistaria todo o reino, até as terras virgens e desconhecidas do nosso mundo.

– Continua...

– Todos nós temos conhecimento de que a princesa está a salvo, por enquanto. Além disso, a Leonor tem o poder de ver o futuro e sabe tudo o que acontecerá à menina...

– Muito bem, vamos ouvir o que tens para dizer, Leonor. Podes falar. – Disse Samuel, interrompendo o outro.

Leonor levantou-se e dirigiu-se ao centro da sala para se colocar em frente do rei. Leonor era uma mulher possuidora de uma beleza poderosa, alta e com longos cabelos loiros, um sorriso belo e uns olhos violeta maravilhosos, mas ao mesmo tempo assustadores. – Para ser sincera, Majestade, o futuro da sua filha está em boas mãos, mas o futuro é incerto, é criado a partir das escolhas feitas pelas pessoas. Aconselho-o a preocupar-se antes com Mercúrio, por enquanto.

– Sim, Mercúrio é muito forte e anda fugido. – Persistia Samuel.

– Depois de ter conquistado as terras de Mercúrio, este fugiu para outras terras que ainda possuía, aquelas de que tenho a certeza serem as indicadas para se abrigar de um rei poderoso, como o senhor, e, neste momento, acho que seriam as terras no meio da colina de Agnolia. Sei que existia lá um castelo antigo, que ninguém usava desde a morte do pai da nossa rainha. Os demónios de Mercúrio ficaram com ele para o habitarem desde então.

– O que me queres dizer, então, é que Mercúrio decidiu utilizar esse castelo como ponto de refúgio e proteção, na eventualidade de alguma invasão inimiga? – Questionou Samuel.

– Sim, meu rei.

– E achas que é lá que ele reside?

– Sim.

Samuel sorriu para a mulher que tinha à frente. – Diz-me, então, como pensas apanhá-lo?

– Achei que essa tarefa podia ser passada para as mãos dos espiões. Safira e Felipe. – Determinou Leonor.

Do grupo de poltronas da sala, ergueram-se duas pessoas, Safira e Filipe. Safira era uma pessoa baixinha e magra. Normalmente, era confundida com um elfo, com os olhos tom de prata e os cabelos negros. Dizia-se que era filha de um vampiro das terras do Sul e de uma filha de um vendedor de peixe. Filipe, o seu marido, era um homem tão alto quanto o rei, com o cabelo pelos ombros, de um castanho esverdeado. Tinha uns olhos castanhos-avelã e um porte de predador. Era o melhor guerreiro do exército de Samuel.

Os dois avançaram até ao centro e, ao pararem em frente do rei, Filipe deu um passo em frente e iniciou o discurso.

– Majestade, como guerreiro do seu exército, acho que a melhor solução para este problema era invadir-se o castelo de Mercúrio.

– Invadi-lo?

– Sim, e, se invadirmos o castelo de noite, temos mais possibilidades de o apanharmos. – Disse Safira, respondendo à pergunta colocada.

– Que plano têm para mim?

O casal começou a explicar o plano que tinha elaboraram, levando a perguntas do rei seguidas das suas respostas. Bernardo interrompeu-os.

– Senhor, se o problema é sermos descobertos enquanto alguém trepa a muralha, podemos sempre criar uma diversão. Eu conheço uma metamórfica que faria bem esse trabalho.

– Fala-me sobre ela.

– Chama-se Nínia, e é uma das metamórficas do bando de Titus, da floresta virgem do lado norte da cascata.

– Majestade, temos de atacar Mercúrio antes que ele nos ataque a nós! – Leonor tinha rebentado, desta vez estava muito mais séria – Ele virá e...

– Ele qu... – Samuel foi interrompido pelo som de uma explosão, Percebeu, espantado, que era tarde demais.




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