Capítulo 9

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Acordei junto a uma árvore. Não tinha muito bem noção de onde estava, até que me lembrei. Tinha desmaiado.

Procurei o Fábio e o Alexandre com o olhar, até que ouvi uns murmúrios. Levantei-me a custo e caminhei na direção do som. Paralisei quando consegui ouvir nitidamente a conversa.

– O que é que tu estás aqui a fazer? – O tom de voz do Fábio suava extremamente zangado.

– O meu chefe disse que o rei queria um dos seus Ajirius aqui na terra para preparar a princesa quando ela tivesse de aprender a usar os seus poderes.

Ajirius. Aquela palavra não me era estranha. Vinha-me vagamente à memória uma história que os meus pais me contavam quando eu era pequena.

Segundo o que eles contavam, os Ajirius eram uma espécie de anjos feiticeiros. Era uma espécie que se dividia por hierarquias.

Os Tectons eram os chefes da espécie. Estes eram responsáveis por proteger, ensinar e ajudar os reis nos seus deveres. Poucos reis tinham o privilégio de ter um Tecton com eles, pois só um rei de coração puro é que era aceite pelos Tecton como dignos de serem ajudados e protegidos. Além do mais, um rei que possuísse um Tecton tinha a possibilidade de reinar a sua comunidade de Ajirius.

A seguir, vinham os Angélicos, com fortes habilidades de luta e controlo sobre um campo de batalha. Olhavam pelos guerreiros nos confrontos.

Os Rudrarios eram um tipo de anjos dos sonhos. Eram divididos em duas categorias, os anjos dos sonhos bons, e os dos sonhos maus.

Os Rudrarios eram os anjos dos sonhos bons. Controlavam os teus sonhos, dando-te a capacidade de enfrentares os desafios e de teres sonhos calmos. Este tipo de anjos alimentava-se dos sentimentos contidos nos sonhos maus, dando à tua mente uma paz e liberdade calmante.

Porém, havia também os Drarios. Se a tua mente deixasse um ser como este entrar, correrias o risco de morrer, pois eles são o lado mau da espécie, atacando os teus sonhos para os tornar em pesadelos, alimentando-se deles e das tuas forças. Eram capazes de tornar os pesadelos mais fraquinhos num inferno vivo e, se morresses num sonho controlado por um Drarios, morrias realmente.

Sei que ainda existe outro tipo de anjos com a função de controlar a magia de uma pessoa, de a ensinar a controlar o seu verdadeiro poder. Não me lembro agora do nome deles, mas sei que são os anjos mais belos de toda a hierarquia de Ajirius.

Decidi voltar para onde tinha acordado e tentei digerir o que se estava a passar. O que é que se passava ali? Do que é que Alexandre estava a falar? Tinha de descobrir, mas sem que ele percebesse.

Estava no meio dos meus devaneios quando Fábio e Alexandre apareceram. Não tinha dado por eles até o Alexandre se ajoelhar ao meu lado e me abanar um pouco.

– Sofia? Sofia! Estás a ouvir-me? Ei, Fábio, acho que ela ainda não acordou totalmente.

– Hã? O que é que queres?! – Disse, sobressaltada. Falei tão alto e repentinamente que fiz com que Alexandre desse um salto e caísse para trás. – Ai! Desculpa, Alexandre, não era minha intenção assustar-te.

Alexandre olhava para mim fixamente como se eu fosse um fantasma. Vendo bem as coisas, ele tinha-me feito o mesmo. Bom, não da mesma maneira, mas tinha-me assustado e eu estava no direito de me vingar, não acham?

Olhei para cima e vi Fábio com os olhos cravados em mim. Estendeu-me a mão para me ajudar a levantar. Peguei-lhe na mão que ele me oferecia e levantei-me a custo, pois ainda tinha receio do que me esperava em casa.

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