Jogo da verdade

Paulo

  Eu achava que seria mais um dia chato no escritório, mal via a hora de sair e ir pro happy hour, curtir a noite com os amigos e quem sabe conhecer uma mulher que me chamasse a atenção quando o meu celular começa a vibrar e eu vejo um nome na tela. Luis.

-Alô! Oi tio!

-Oi sobrinho mais desumilde do mundo, se esqueceu da família?

-Que nada,eu andei meio ocupado ultimamente. Não sei se a mamãe te contou mas eu estou casado agora!

-Sim, fiquei sabendo, felicidades, quando vou conhecer a minha sobrinha?

-Logo logo, escuta eu te liguei porque quero conversar com você. Você ainda está aqui no Brasil?

-Não, mais irei ai semana que vem pra acertar algumas coisas, sua mãe não te falou?

-Ela deve ter comentado mas eu não prestei atenção.

-Com a cabeça nas nuvens como sempre, bem a sua cara.

-Ha ha ha engraçado.

-O que você quer falar pode ser por telefone ou tem que ser pessoalmente?

Pela primeira vez ele hesitou.

 -O que eu vou te contar é complicado, por favor não fala nada pra ninguém.

Apertei o telefone ainda mais no ouvido e ouvi a história com atenção, havia ansiedade na voz de Luís e um pouco de medo também, concordei em ajudá-lo e quando fosse para o Brasil iriamos resolver alguns detalhes. Concordo que no começo relutei um pouco para aceitar ajudar e assim que aquela ligação acabou eu peguei o notebook e pesquisei o máximo sobre Paloma, Diana, Sky, Stella e Maggie já bolando um plano para por em prática . Eu encostei a minha cabeça na minha mesa de vidro e relaxei, havia mais podres naquela história do que Luís me contara, eu teria que bolar o plano perfeito para desmarcar as duas e deixar todos vivos, por isso eu arrumei as malas as pressas e fui para o Brasil mais rápido o possível. Luís e eu nos encontrávamos quase todos os dias, ele não contara a ninguém e ambos planejávamos os detalhes.

-Precisamos de um evento bem público, um que esteja todos vocês, uma festa, reunião de família, qualquer coisa.

-O aniversario da Sky é em algumas semanas e as meninas estão programando tudo.

-Todos vocês estarão la?

-Sim.

-Perfeito.

E com alguns detalhes que fui reunindo fui bolando o meu plano, eu não poderia falhar, era a minha reputação e a vida das pessoas que o meu sobrinho amava, teria que ser mais do que perfeito. Duas semanas antes da festa eu finalmente concordei em conhecer Stella, ela e Luís iriam me encontrar em um bar, no horário do happy hour, para não levantar suspeitas caso encontrássemos algum conhecido deles, eu já estava no meu segundo drink, estava confiante de que tinha tudo sobre o controle, tudo seria profissional, até eu ver os dois entrando pela porta da frente. 

Stella usava um delicado vestido bege, deixando seus cabelos mais destacados, na mão esquerda era possível ver a aliança de casada, ela era jovem, parecia tão frágil, como porcelana, daquelas que quando se pega tem medo de quebrar, Luís caminhava ao lado, de bermuda e uma regata estava bem casual, parecia que eles haviam vindo de um clube, quando o doce perfume de Stella invadiu os meus pulmões eu prendi a respiração, Luís me avistou e de mãos dadas eles vieram até a mesa onde eu estava e se sentaram. Stella me ofereceu um sorriso simpático e eu retribui. Luís contou boa parte do plano para ela que ouvia tudo atenta e calada, quando terminou ela olhou para ele e perguntou. 

-Então quer dizer que vamos ter que morrer para esse plano dar certo? 

-Oficialmente sim, mas não morreremos, o tio Paulo tem contatos e uma pessoa vai nos ajudar no assassinato.

 Ela estava séria, vê-la daquela forma me deixou transtornado, havia uma tempestade se formando nos olhos dela. 

-Amor você sabe que elas me odiaram para sempre quando souberem que tudo isso é mentira.

 -Eu sei amor, mais elas entenderão, todos vão entender. 

-É para o bem de todos. -eu finalmente disse, tentando soar o mais calmo possível, não sei o que houve de errado, aquela garota me deixava nervoso. Ela me olhou severamente. 

-Diga isso para elas quando descobrirem isso.

-Amor eu também não quero mentir para o meu pai, mas é necessário. 

Ele pegou na mão dela e ela se acalmou, como se a tempestade estivesse se acalmando, como se ele tivesse um forte efeito sobre ela. 

-Okay, vamos por esse plano em pratica. 

-Perfeito. -eu disse me sentindo vitorioso.