Jogo da verdade

Jonathan

Eu me lembro perfeitamente da primeira vez que vi a Stella, tínhamos 15 anos, ela estava andando no corredor da escola, toda linda, seus cabelos vermelhos estavam grandes e lisos, ela usava o uniforme da escola, mas tinha um toque dela, alguns anéis, colares, brincos e pulseiras, ela tinha uma inocência no olhar e um sorriso de tirar o fôlego, foi ali, naquele momento que eu achei que estava apaixonado por ela.

Fiquei determinado a conquista-la, algumas semana depois criei coragem e chamei ela pra sair, foi um encontro divertido, rimos, fomos em um karaokê e andamos na praia, falamos de tudo, família, amigos, escola, futuro, relacionamentos, era tudo tão natural, era lindo.

Começamos a namorar e como tudo no começo era tudo maravilhoso, até o dia em que eu fui a uma festa e bebi todas com os amigos, tava nem aí, queria curtir a noite e acabei ficando com uma menina, era louco o gosto da bebida com o beijo daquela garota, eu queria mais e comecei a trair Stella frequentemente, era fácil enganar ela, ela era meiga e frágil, caia fácil na conversa de qualquer um.

Quando terminamos eu achei que ela ia sofrer o inferno, e eu queria aquilo, mas quando soube que ela estava com o Luís não acreditei, eu fiquei louco, decidi me afastar por um tempo, estava cansado da minha vida, fui viajar, queria conhecer o mundo e fui, viajei vários países, conheci pessoas com histórias de vida insanas, até que um dia conheci um senhor na Espanha, ele havia feito as mesmas coisas que eu na minha idade, havia destruído o coração de uma garota e logo depois descobriu que ela era o amor da vida dele, ele se arrependeu e pediu pra voltar mas ela não aceitou, ele a amou até o último dia da vida dela, aquilo mexeu comigo, e naquele momento eu lembrei da Stella, do seu sorriso fácil, do seu cabelo bagunçado, e todas as manias que ela tinha que eu amava, resolvi mandar uma carta pra ela, pedindo perdão por tudo que eu a fiz, e fiquei surpreso quando ela me respondeu alguns dias depois, ela disse que me desculpava, e que graças a mim ela havia conhecido o grande amor da vida dela, eles estavam casados, meu coração parou naquela hora, eu não esperava aquilo, e aos poucos fomos voltando a conversar.

Quando soube da "morte" dela, voltei ao Brasil imediatamente, visitava o túmulo dela com frequência e levava as flores favoritas dela, margaridas. Um dia, no cemitério eu a vi, quase morri do coração, ela com calma me explicou tudo, e eu a ouvia atentamente e naquele momento eu vi que a Stella frágil que eu conheci não existia mais, no lugar dela estava uma mulher firme, determinada e forte, e me orgulhei da pessoa que ela havia se tornado, e eu havia ajudado naquilo, e eu prometi que ajudaria ela e Luís enquanto eles precisavam. Jamais imaginei que a garota que eu desejei o sofrimento viraria a minha melhor amiga, o mundo deu tantas voltas.