©apítulo| 《4》

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Os olhos sempre dizem a verdade.
(Nicholas Sparks)

°•°•°

Peguei minha garrafa de Vodka e corri para fora da churrascaria. Avistei Daniel chegando ao seu carro.
Ele vestia uma calça escura e justa ao corpo, me fez parar para admirar seu bumbum e os músculos que o suéter também escuro deixava transparecer. Suspirei por quanto sexy e atraente ele era. Um homem que seria comum se não fosse cercado por caras querendo matá-lo e se não fosse tão arrogante assim.
Ele entrou em seu carro, no minuto seguinte, eu também entrei. Me ajeitei no banco enquanto ele me olhava com raiva e achei uma posição confortável para ficar; Inclinada para trás com a cabeça encostada na janela.
--O que você acha que está fazendo? --Perguntou.
Não respondi, apenas fechei os olhos.
--Desce do meu carro, agora mesmo.
--Não. Não vou ficar aqui para morrer por sua causa.
--Minha causa? --Ele se virou para mim. Pude perceber pelo modo como seu braço esbarrou no meu. Permaneci de olhos fechados --De onde foi que você saiu?
Abri os olhos. Sua voz havia saido em um sussurro. Quando olhei para ele, sua expressão era confusa. Uma leve franzida em sua testa me fez franzir a minha também.
--Bom, espero que permaneça calada. --Daniel pigarreou --Ou então te coloco a força para fora do meu carro.
Então ele ligou o carro e partiu.
Interiormente, respirei aliviada por não estar mais sozinha. Mesmo que a companhia seja ele, um homem que eu não conhecia, que não sabia ao certo se referia a perigo e que era tão lindo assim.

°•°•°

Uma hora depois lá estava eu, pronta para dormir. Eu e Daniel estávamos calados desde a churrascaria. Ele parecia afundado em pensamentos, e eu disposta a devorar todas as minhas unhas tentando adivinhar que tipo de pessoa ele era. Assassino? Policial? Bom, eu descobriria em breve. Sempre descobriria o que eu quisesse.
Enfim, acontece é que quando eu estava prestes a dormir, Daniel freeou bruscamente, fazendo eu quase me enforcar com o cinto de segurança. Olhei com a cara fechada para ele enquanto o mesmo dava ré bem devagar.
--Que merda... --Ele me interrompeu colocando o indicador nos lábios. Eu não calaria minha boca, mas aquele gesto prendeu minha atenção. Suspirei depois de voltar a me concentrar na raiva que eu sentia no momento e abri a boca para falar mais uma vez, só que, assim que ele desligou o carro em meio a uma boa quantidade de Mato, ouvi barulhos ensurdecedores de motor de moto. Pareciam umas cinquenta motos. A questão é que o barulho me deixou assustada. E confusa.
--O que está acontecendo? --Sussurrei.
Daniel respirou fundo e soltou seu cinto. Quando levou a mão para abrir a porta do carro, segurei seu braço. Foi patético, eu sei. Mas também a única coisa que me veio a cabeça para chamar sua atenção. --Não vai não, por favor.
Ele me olhou nos olhos.
Não. Quando digo meus olhos, quero dizer minha alma.
E respirou fundo.
--Nao podemos seguir viagem com o peneu furado. --Ele olhou minhas mãos em seu braço e de volta para mim --Preciso trocar.
Claro que fiquei vermelha. Senti minha pele queimar. O soltei bem devagar e me virei para frente novamente. Enquanto ele saia, pensei ter escutado algo parecido com um risinho, mas não tenho certeza.
Olhei para todos os lados na esperança de que estivéssemos sozinhos. Confesso que estava sentindo medo novamente. Não sabia quantas pessoas eram. Nem queria saber, mas esperava que essas pessoas não nos notasse ali.
Ouvi os barulhos por mais uns dois minutos e relaxei quando percebi que todos eles, sejam quem fosse, já tinham ido embora. Não queria mais encrenca. Não este tipo de encrenca.
Os minutos passavam e Daniel não voltava. Eu sabia que ele estava trocando o peneu esquerdo de trás, podia ouvi-lo. Mesmo assim. Eu não tinha paciência para esperar. E eu precisava respirar.
--Você quer ajuda? --Coloquei a cabeça para fora e gritei. Fui ignorada completamente, é claro. Revirei os olhos e desci do carro, batendo a porta para atrair sua atenção. Eu sabia que aquele meu gesto doeria nele.
--Não bate a porta com tanta força sua idiota!
Ele? Levantou. Eu? Morri.
Se eu dissesse que aquilo era tudo o que eu NÃO podia ver em Daniel e que bastou isso para tudo em mim mudar, estaria falando mais sério do que pensei que pudesse falar um dia.
--O que foi? --Perguntou.
O que foi? O cara devia estar brincando. Depois de usar essa calça apertada e de estar sem camisa, com o peito sujo de graxa e ser tão lindo assim, isso é lá diabos de pergunta que se faça?
--Você malha? --Perguntei. Senti toda minha impaciência e raiva ir embora.
--O que?
Deixei um sorriso brincar em meus lábios e pude sentir meus olhos de devoradora brilharem para ele.
--É que você é... --Gesticulei apontando para seus músculos. --Então, malha?
Ele revirou os olhos e voltou a se abaixar, apertando a chave na roda. Me recostei no carro e cruzei os braços, olhando para além das altas montanhas de, seja lá o lugar que estávamos.
--Sabe, você precisa parar de ignorar minhas perguntas.
--E você precisa parar de fazê -las. --Ele me olhou -- É irritante.
--O que tem de errado com a minha boca? -- Me abaixei até estar na altura de seus olhos e passei o indicador pelos lábios. Ele parou os olhos sobre eles, mas não por muito tempo.
--Fica muito tempo aberta. Agora volta pro carro.
Magoou. Eu tentando seduzi-lo e ele não se importando. Que maravilha!
--Quero fazer xixi.
--Saímos da churrascaria a uns cinquenta minutos.
--Mas eu ainda não estava com vontade e, cara, tem cinquenta minutos!
Ele soltou a chave e me olhou furiosamente. Eu não tinha mais medo. Na verdade, estava me divertindo a Bessa.
--Você tem um minuto. Se passar disso, te deixo para trás.
--Com o peneu...?
--Não se preocupa com o peneu --Me interrompeu ele -- Eu já troquei.
Daniel se levantou e começou a limpar as mãos com um paninho molhado.
--Trinta segundos. --Murmurou.
Revirei os olhos e corri para trás de uma moita. Ficava um pouquinho afastada do carro, mas se Daniel tivesse que me ver pelada, não seria abaixada e fazendo xixi.
Quando terminei, me levantei e ajeitei minha roupa. Estava pronta para ir quando Daniel mebpegou por trás e tampou minha boca com a mão. Foi brusco e machucou. Brincadeira de mal gosto com certeza. Então ele foi me puxando para trás, cada vez mais longe do carro. Tentei dizer seu nome e manda-lo parar, mas ele estava apertando de mais. Então percebi, quando seguirei sua mão na intenção de me soltar, que nãoera Daniel. Eu o conheceria por uma cicatriz que ele tinha na mão esquerda e eu não tinha sentido ali na mão daquele homem.
Me desesperei.
Comecei a gritar, mas não encontrava minha própria voz. Então minhas vistas começaram a embaçar e eu a tropeçar nos próprios pés. Não encontrava fôlego e nem Daniel.
Talvez fosse essa a minha liberdade. A liberdade que eu própria busquei. Seria morta em meio ao nada, cercada por mato e por um homem que eu nem mesmo vai o rosto.
Ele veio para minha frente e me jogou de costas no chão, quase não via mais nada. Então ele se ajoelhou e começou a me estrangular. Tentei em vão lutar contra ele, mas não consegui. Ele estava na frente, com certeza me mataria. Então minhas vistas escureceram e quando eu quase não enxergava mais nada, ele caiu sobre mim, desacordado. No minuto seguinte eu senti alguém me tirar do chão e me levantar no colo, levando-me para algum lugar. Fechei os olhos e só os abri quando me deitaram sobre algo macio mais não tão confortável.
--Você ficará bem. Eu já volto.
Então Daniel bateu a porta e eu soube que estava no carro.
De onde aquele saiu, certamente havia mais. Daniel estava em perigo. Eu não podia ficar parada enquanto ele morria.
Obviamente eu não era uma donzela para esperá-lo. Ele salvou minha vida e não era a primeira vez.
Me sentei ciente de que não iria desmaiar e tomei fôlego. Sai do carro e bati a porta bem devagar para não atrair ninguém e então voltei para o caminho de onde fui pega. Que Sophia e mamãe estejam comigo.
Havia um homem caído no chão, e agora pude ver seu rosto. Ele havia tentado me matar e agora estava com a testa perfurada com uma bala. Daniel devia ter usado silenciadora, se não eu com certeza iria escutar o disparo.
Hesitante, passei por cima do homem e me escondi atrás de uma grande árvore. Ali estava Daniel cercado por cinco homens maiores que a árvore em que eu estava escondida atrás.
Um deles apontava uma arma para Daniel, ele devia ser o líder. Os outros não seguravam arma, mais os dois a sua esquerda tinham a mão na cintura, e o mais próximo de mim, um facão nas mãos. Isso tudo para pegar Daniel?
Tentei focar na conversa para conhecer um pouco mais o cara por quem eu estava dividindo meu dia. Só que ele não falava minha língua e sim algo embolado, Alemão... Russo... Eu não fazia ideia.
--...Ihr Chef wird hier darüber nicht glücklich sein. (...Seu chefe não vai ficar feliz com isso aqui).
--Seu pai não é o meu chefe, Victor.
--Ah, sim ele é. Ele é praticamente seu pai, seu... Undankbare Wicht. (Desgraçado mal agradecido)
Daniel riu. Uma risada seca e sem vontade. Ele murmurou algo que eu não entendi, mais supostamente, algo que não deixou esse tal Victor muito contente.
-- Nehmen sie die Hündin und brigen hier. (Pegue a vadia e a traga aqui). --Parecia uma ordem. E o cara com o facão obedeceu. Ele saiu ao lado contrário de onde eu estava e desapareceu. Bem, ao menos eu estava segura.
--Deixe-a fora disso. --Daniel bufou --Resolvemos eu e você.
--Oh, olha só quem está se preocupando... Gosta dela, isso me faz gostar dela também. --Victor sorriu.
--Isso é tolisse. Eu estou usando-a.
Fiquei boquiaberta. Ele estava me usando? Era isso? Mais que Grande filho de uma puta!
--A é? --Victor se aproximou de Daniel e o segurou pelo queixo, obrigando-o a olha-lo --Usando-a para quê?
--Finden. (encontrá-lo)
Victor soltou uma gargalhada.
--Estou aqui. O que pretende fazer?
--Was habe ich seit sieben Jahren tun sollen (O que eu devia ter feito à sete anos)
Victor o soltou e bufou. O que aquilo queria dizer? Eu nao entendia absolutamente nada. Se eles ao menos falassem minha lingua...
E então, Victor olhou diretamente para mim, com um meio sorriso torto de lado. Meu coração pulsos tão forte que eu achei que ele pularia para fora.
Alguém me pegou por trás, e isso me deixou irritada já que eu se quer tive tempo para correr.
--Ora, ora quem se juntou a nós.
Todos olharam felizes, menos Daniel que parecia querer se soltar e me matar com suas próprias mãos.
--Me solta seu troglodita ridículo! --Gritei. Ele ia arrancar o meu braço.
--Traga-a aqui. --Victor fez um gesto com a mão e o cara que me segurava me jogou em sua frente. E lá se foram meus joelhos. Olhei para Daniel e um dos caras que estavam atrás dele acertou um chute em sua perna e o mesmo caiu, deixando um gemido de dor escapar.
Era o fim.
Íamos morrer juntos.
Não havia modo de escapar dali.
Suspirei e abaixei a cabeça.
Ao menos eu morreria satisfeita comigo mesma, por ter colocado um pouco de emoção na minha bela e chata vida.

Capítulo esperado a muito tempo. Eis ele aqui hehe Espero que tenham aproveitado, tentarei ser breve com o tempo ao postar os outros.
Beijos e queijos
-Da autora.

Liberdade PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora