©apítulo| 《7》

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Bom,  agora eu estava mais perto do que eu esperava.  Já podia ver os vizinhos se aproximando da Beira da rua a medida que eu me aproximava.  Não estava empolgada,  muito menos tão  equivocada a me mostrar viva.  O barulho da moto atraia olhares.  Então estacionei perto do casulo de Nick e Berry,  o casal mais nojento do bairro.  Não pelo fato de serem Gays,  mas sim porquê todos os dias davam festa de aniversário de casamento.  Todos estavam cansados desse clichê.
Desci da moto e tirei o capacete.  As pessoas me olhavam chocados.  Letícia,  Emily...  Todas as vadias da escola.  Sorri interiormente.  É pessoalestou viva
--Oh!  Meu Deus...  Beck... --Eu sabia de quem era essa voz. 
Respirei fundo e revirei os olhos.
Nada do que as pessoas dissessem me tiraria do sério mais do que Daniel já havia o feito.  Então relaxei.
--Henri.  --Murmurei.  Ele me abraçou e segurou meu rosto entre as mãos.
--Você  está viva!  Oque te aconteceu?  Porque sumiu?  Você  cortou os cabelos...  Emagreceu...  e essas roupas? Parece uma motoqueira aventureira!
Henri soltou tudo de uma vez e isso me fez lembrar de como meu chefe sempre foi desesperado. Ignorei os outros murmurando sobre meu atual aparecimento chocados como se estivessem vendo um fantasma e suspirei.
--Pois é.  O tempo fez bem pra mim.  Agora preciso ir ver o meu velho.
Me desvencilhei de suas mãos e me afastei. 
--O tempo não fez bem para todos,  Rebeka.   Seu pai por exemplo...  --Parei e apertei os olhos --Quando ele descobriu que estava morta...  Ou acreditou nisso...
Abri os olhos e respirando fundo o encarei.
--Ele está morto?
--Não.  Bom...  Ele está a beira disso.
--Onde?
Henri colocou as mãos no bolso e olhou para o chão.
--Hospital Central do Alabama.
--Ok.  Preciso de dez minutos.
Subi os poucos degraus da varanda e girei a maçaneta,  mas a porta que dava a sala estava trancada.  Peguei um grampo que prendia uma mexa atrás do meu cabelo e o amacei,  até que formasse uma chave provisória.  Destravei em dois segundos.  Era um truque básico que Laura havia me ensinado. Então entrei.
Estava tudo a medida do que eu me lembrava.  O estofado, o carpete amarelo com uma mancha de esmalte vermelho que mamãe havia deixado cair enquanto pintava as unhas dos pés,  os retratos...  Embora um em especial estava virado para baixo.  Eu sabia qual era.  Eu e Sophia,  com dois anos rindo para um fotógrafo em algum lugar que eu já não mais lembrava.  Suspirei. Tudo costumava ser mais fácil,  mas a vida me tirou tudo.  Shophia,  mamãe e agora...  O miserável do meu pai.  Eu me perguntava se ele merecia ou não a morte.  Todos os anos que se passaram ele pisou em mim.  Todos os anos ele jogou na minha cara o quanto fui irresponsável por ter fugido e permitido a morte delas.  Talvez eu tivesse um pouco de culpa sim,  mas isso não era algo que eu fosse me repreender.  Não mais.
Escutei um barulho vindo de cima.  Talvez do banheiro,  Ou do meu quarto...  Tirei a faca que estava presa a minha calça por baixo da jaqueta e subi,  bem devagar,  sem fazer qualquer tipo de barulho.
Agora eu ouvia passos...  Provavelmente era uma mulher pelo pouco peso que a bota distribuía no chão de madeira.  Talvez alguém mandado por Victor ou então Vincent ... Ou Daniel ja que eu sabia de tudo.  Mas acho que ele teria matado quando teve a chance um dia atrás quando apertou meu pescoço depois de eu quase tê-lo atacado.
Quando acabei de subir as escadas,  joguei o peso do meu corpo e empurre a faca para a mulher,  a ponto de perguntar quem a havia mandado.  Mais era Elisabeth.  Ela era quase como a babá do meu pai.  Trabalhava no bar onde ele bebia e quase todas as noites o trazia para casa.
--Oh meu Deus!  --Ela gritou.  Escondi a faca por baixo da jaqueta antes que ela visse pelo reflexo do espelho. --Rebeka?  --Ela se virou com os olhos cheio de lágrimas e me abraçou,  depois de me encarar por alguns segundos.  --Santo Deus!  Oque está acontecendo?  Você estava morta,  acharam o seu corpo na Estrada.  Disseram que você foi assassinada por um grupo de trogloditas e que abusaram de você!  Oh,  Beck... Você está tão magra e tão...  Tão masculina! --Shhhh --Eu a acalmei,  acariciando seus cabelos --Eu estou bem.  Foi só uma confusão. 
Depois de um tempo,  quando ela havia parado de chorar,  a afastei de mim e caminhei para o meu quarto.  Ela veio atrás. 
--Oque está acontecendo?  Seu pai pensa que você... 
--Eu sei.  Não posso explicar,  Não tenho tempo.  É uma longa história.  Agora me diz...  Oque faz aqui?
--Estou com a chave da casa.  Depois que seu pai sofreu o ataque...
--Ataque?  --Perguntei,  olhando para a janela e arrastando a persiana para ver o movimento.  As pessoas além de ainda inquietas,  pareciam se focarem em viver suas vidas.
--Você esteve fora por meses.  Ele bebia o dobro e teve um problema no fígado que se espalhou para os outros órgãos.  Paguei uma cirurgia para ele e pareceu ter melhorado.  Mais depois ele voltou a beber e o problema se agravou.  Comprometeu o coração e... Bom,  Você sabe como o seu pai é teimoso.
--Então  ele  teve um ataque cardíaco e está internado?
--Sim,  mas não é tão simples.
--Como assim?
--Seu pai precisa de um transplante de coração a dois meses.  Mais ele não conseguiu.
--O Alabama não é tão grande... 
--Mas devia ser o suficiente.  Não temos mais tanto dinheiro.
--O hospital não ofereceu?
--Para o hospital,  Seu pai é apenas um velho.  Eles falaram que vão desligar os aparelhos e o seu pai vai... --Ela parou por um momento e pigarreou -  Para eles seu pai é um caso perdido. 
Olhei para ela por um momento e uma solução veio à minha mente.  Sou parte,  querendo ou não, do tráfico de armas da máfia que Daniel Comanda.  Tenho moral com muito dos corruptos e de quase todos os esquemas que fazem parte de todos os continentes.  Daniel deixou isso bem claro a seis meses quando ele me fez parte disso.  Então eu podia resolver isso se conseguisse falar com Daniel.  E eu conseguiria.  E ele me ajudaria,  ele precisava me ajudar!
--Vou ver o que faço. 
Eu disse e sem olhar para trás,  comecei meu caminho para fora da casa.
--Rebeka...  Você vai ficar?  Tipo,  pra sempre?
Sorri mais não respondi.  Eu não era do mundo,  o mundo era meu então querendo ou não,  Eu sabia que nunca ficaria muito tempo em algum lugar,  por mais que esse lugar fosse importante para mim.

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Ele estava debilitado.  Nem parecia estar ali.  De repente senti falta de quando tudo era simples,  mas o que não deve ser,  nunca é.  Talvez ele tenha que morrer.  Talvez ele precise viver!  Eu não sei.  É só que...  Tudo parecia estar tão fora do lugar agora.  Eu desconfiava de todos e a paranoia me subia ao sangue.  Eu tinha saudade do barulho de ossos quebrando quando eu chutava a costela de alguém ou o tom agudo de dor quando eu esfaqueada um corpo.  Mas ao mesmo tempo sentia falta de quando tudo era quieto.  Quando eu não me preocupava com as pessoas perigosas ou quando eu até sentia,  lá no fundo,  um pouco de medo de como ou quando a morte viria.  Tudo muda,  Tudo se desfaz...  É so questão de tempo.
--O horário de visita acabou,  senhorita.  --Uma enfermeira veio me avisar.  Olhei mais uma vez para meu velho e coloquei uma foto em que estávamos todos em família,  sobre a  mesa da pequena televisão.
--Quando ele acordar...  Se ele acordar,  diz que eu estive aqui.
A enfermeira assentiu e fechou as cartinhas para tirar um pouco da luminosidade do quarto.  Então eu fui embora.
Ficaria em um hotel afastado de casa e do hospital por uma pou duas noites até procurar por Daniel novamente.  Eu o acharia,  mesmo que para isso eu tivesse que ir buscá-lo no inferno.

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Eu sei que de novo o capítulo demorou para sair e que não está Tão  longo assimMas espero que aproveitem.
Beijos e queijos.

Liberdade PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora