©apítulo| 《12》

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Eu não sabia bem de onde estava saindo isso. Nem queria tentar entender agora. Eu só precisava vê-lo, ouvi-lo... Sei lá, fazer qualquer coisa que um pai e uma filha que se amam fariam nessa situação. Ele ainda era meu pai, Eu ainda era sua filha... Não queria que ele morresse, agora eu sabia disso.
Por mais que eu tenha desejado sua partida, ou odiado cada segundo perto dele depois que... Bom, depois do que aconteceu. Mas eu ainda o amava. Ainda podia sentir uma coisa boa quando pensava que tudo podia melhorar. Era isso, Eu estaria disposta a conviver com ele novamente se ele saísse dessa.

Ou então não. Existiam problemas: Eu era uma assassina, o FBI tinha acabado de sair do meu pé -e ainda poderiam estar me observando -, e aqueles caralhos fodidos que supostamente passaram no hospital, talvez meu pai nem mesmo estivesse vivo.

Suspirei pela milésima vez enquanto avançava um sinal fechado. Já estava a uma quadra do hospital. Meu coração estava um pouco descompassado pela raiva crescente que eu sentia no momento. Era capaz de esmagar os ossos de qualquer um que alterasse a voz perto de mim.

Desliguei a moto depois de estaciona-la perto de um Van branca. Desci e me encostei sobre ela, cruzando as pernas e levantando a cabeça. Os prédios eram enormes, e o nome do hospital aparecia em pelo menos três placas gigantes ao redor do estacionamento. Consegui contar sete câmeras que ia da entrada até o fim do estacionamento, em diversos ângulos. Eu poderia checá-las mais tarde, já que eu estava ansiosa para conhecer o homem com quem falei hoje e seu 'filho'. Então talvez ele teria sorrido para alguma das câmeras. E eu o encontraria...

Finalmente comecei a andar para dentro do hospital, nunca deixando de reparar nas pessoas. Talvez ele ainda estivesse ali.

--Por favor, Lourenzo Taylor Steven. --Falei para a recepcionista. Ela me encarou por um minuto e então se levantou.

--Você é a filha Rebeka? --Perguntou.

Fiz que sim com a cabeça.

--O Dr. Emerson quer falar com a Srta. Espere aqui um momento por favor.

Então, a morena sumiu para dentro de uma porta branca. Demorou alguns minutos para chegar, tempo de mais na minha opinião. Quando eu estava perto de manda-la ir a merda e andar para ver meu pai, fui surpreendida por alguém tocando meu ombro.

--Sou Ezra Emerson. --Apertei sua mão que agora estendia para mim --Podemos conversar mais privadamente, se preferir.

--Na verdade, tenho um compromisso em uma hora. Preciso ver logo meu pai.

Impaciente, dei um passo para trás. Eu sentia que algo ali não estava certo. Meu coração acelerado de mais, meus nervos agitados... Algo não estava em seu devido lugar. E eu quase podia adivinhar o que era.

--Srta. Stevens...

--Rebeka... Me chame de Rebeka.

Ele suspirou.

--Rebeka, a situação do seu pai não era a das melhores. Precisamos conversar mais precisamente.

Era. Ele disse era, no passado.

Respirei fundo e apertei a mandíbula, forçando meus nervos a se acalmarem com a força que eu dispensava do corpo. Mas não aconteceu, eu só fiquei mais tensa.

--Ele morreu?

Silêncio.

Porra! Ele morreu?

--Sente-se, por favor.

Ele apontou para uma poltrona branca. A mulher recepcionista prestava atenção, estava com os braços juntos sobre o peito. Caralho!

--Não quero sentar, quero que diga logo oque aconteceu.

--Tudo bem --Ele cruzou as mãos para trás do corpo e se endireitou --Muitas pessoas precisam de uma vaga para doação de órgãos. Para manter esse hospital, precisamos de rendas.

--Pessoas que paguem --Murmurei.

--Seu pai está aqui a algumas semanas, quase um mês. Deixamos uma mulher morrer ontem a tarde porque não a operamos a tempo... Não digo que você ou seu pai tem a culpa, mas se ele não estivesse na fila, isso não teria acontecido.

--Voce está dizendo que ele é quem devia morrer no lugar da maldida mulher?

--Não. Estou querendo dizer que se você ou sua família tivesse pagado a operação, isso não teria acontecido. Os dois estariam a salvo.

Sorri. Mais que Belo desgraçado.

--Ninguem é culpado de não ter dinheiro, Rebeka. Ou talvez sejam, um pouco... Mas não acredito muito que tenha descoberto o estado do seu pai está semana, então creio que a culpa também é sua.

--Chega. --Falei, entre os dentes. Quem aquele filho da puta achava que era?

Eu estava cansada de ser julgada pela morte das pessoas que amo. Estava cansada de todos dizerem: A culpa é sua! morreu por sua causa!

Foda-se. Eu havia perdido tudo, só precisava fazer uma coisa.

--Voce dá esse tipo de notícias para todo mundo?

--O tempo todo. --Respondeu.

--Com tanta tranquilidade?

--Na verdade, certas pessoas merecem pena... Você tem um pouco de culpa nisso... Me perdoe a expressão, mas acompanhei seu pai desde quando ele chegou aqui... Acho que se amasse ele, viria sempre.

--Oque disse?

--Que acompan...

--Não, sobre a culpa.

Meus olhos estavam vermelhos. Não sabia se chorava ou matava aquele homem na minha frente.
Também não era das que choravam na frente das pessoas, então fiquei satisfeita com a opção dois.
Esse tal Ezra Emerson merecia muito mais que uma lição de moral. Ele é só mais um convicto de que pessoas com dinheiro tinha preferência no mundo. E era apenas mais um dos que eu arrebentaria a cara.

--Ah, --Sorriu. Coitado, nem sabia o que o esperava --Eu disse que você tem um pouco de culpa. É nova, pode arrumar emprego e com isso dinheiro.

Me acalmar não era o que eu queria no momento. Sorri sem vontade, ele estava fodido.

--Dr. Emerson, não precisa falar assim. --A recepcionista disse, Com a voz um pouco trêmula. --Voce ainda tinha prazo de dois dias para desligar os aparelhos. Talvez a Srta. Arrumasse dinheiro a tempo.

Meu coração bombeou ódio para todos os lados. Ele desligou os aparelhos e era eu quem tinha a culpa da morte do meu pai?

Segurei minha coxa a ponto de puxar a faca e esfaquia-lo até que meu corpo ficasse mole, mas outra mão segurou a minha, me empedindo de puxar a faca. Nem olhei para cima, já sabia quem era. Mas estava tão cansada para isso agora.

--Vou te levar pra casa agora. Você precisa se estabilizar. Obrigada Dr. Emerson. --Disse.

--É o meu trabalho. --O Dr. Sorriu. --Precisam reconhecer o corpo amanha de manhã. Pedirei que entrem em contao com vocês, com licença. --Ele virou as costas e saiu.

Suspirei. O ódio crescendo com a dor de perda recente. Tudo agora estava tão triste e dolorido. Só precisava matar aquele homem e me sentiria melhor, eu sabia.
Forcei minhas mãos contra suas mãos. Mas eram mais forte que eu no momento, então desisti quando o Dr. Sumiu. Meus olhos a ponto de derramarem uma bomba de água. Eu não ia chorar. Não podia. Não depois de tudo o que meu pai fez.

Mas não pude segurar por muito tempo. Só até passar das portas do hospital. Mas havia braços para me segurarem dessa vez.

--Que tal um café bem quente?

Não respondi. Não podia.

Prontinho, desculpa o atraso. Espero que tenham aproveitado, por mais que esteja curtinho. Beijos e queijos.

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Próximo capítulo no dia 19/12.

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