©apítulo| 《22》

4.3K 354 49
                                    

--Não entendi.

Ele suspirou, também se inclinado sobre a mesa e cruzando as mãos, ponderando algo em sua mente. Esperei paciente até que ele começasse a falar.

--As coisas com os alemães nunca deram muito certo, isso desde sempre. Mas no momento em que você chegou e que fez parte de nós, da nossa família... --Daniel Parou de falar, olhando em volta e então me olhou. Seus olhos me dizendo o que ele não ousava falar.

--Não sou uma traidora, Daniel. Não sou eu a traidora.

--Sabe de alguma coisa que eu não sei?

--Sei de algo que você também saberá. Mas creio que não é um bom momento pra dizer, aliás, conheço esse tipo de situação. --Ele arqueeou uma sobrancelha, induzindo-me a continuar-- Qualquer coisa que eu falar agora, ou fazer, você vai considerar traiçoeiro, então... vou ter paciência e esperar.

Ele assentiu uma vez, voltando a encostar contra a cadeira.

--Então vamos jantar, viemos aqui para isso.

Ele permaneceu calado durante os quarenta minutos seguintes em que jantamos e durante todo o jantar. Eu fiquei calada também. Era ciente de que Daniel desconfiava de mim, eu não contaria sobre Laura agora. Ainda mais por ela estar com ele desde o começo. Mais que vadia, sempre a espreita mandando informações para aqueles malditos...

--Seus pensamentos deixam sua expressão aflita.

Olhei para Daniel. Eu nem percebia que ele me avaliava.

Eu precisava ficar atenta agora. Tudo o que eu fizesse, por mais que distraidamente, ele iria me avaliar.

--Eu soube que você fez uma limpa em um dos negócios do Alabama depois que te mandei embora. Alguem te ajudou? Haviam calibres de doze e calibres da sua Taurus.

Balancei a cabeça.

--Vincent estava lá.

Daniel assentiu, tomando um longo gole de vinho. Apenas observei.

--Alias, ele me seguiu por um par de dias. --Comentei --Até que eu decidi atender a um orelhão e falei com um homem... Acho que era o pai deles.

Daniel pesmaneceu calado, olhando para os prédios ao nosso redor.

--Porque nunca fala sobre ele? Nunca disse seu nome ou nos mandou matá-lo. Só a Victor e a Vincent.

Daniel riu. Um riso sem vontade, e com um som abafado.

--Não é porque tirei sua virgindade, te tratei bem e te trouxe para jantar que pode ter as respostas que nunca dei a ninguem.

Assenti. Era isso.
Acho que depois dessa noite, muitas coisas iam mudar.

--Olha, se não confia em mim pode me mandar embora. Me dei bem sozinha uma vez, posso me dar bem sozinha novamente.

Ele me olhou. Dessa vez alguma decisão brilhava em seus olhos. Só não revelava se algo bom ou ruim.
Só que ele não disse mais nada e isso me quebrou. A paciência que eu tinha já estava acabando então, com um suspiro exaustivo, me levantei.

--Preciso usar o banheiro.

Ele me olhou com atenção, permanecendo sentado. Esse silêncio estava ao auge da tolisse, então caminhei em direção ao elevador.

--Vou pedir que um dos meus seguranças confiáveis te acompanhe.

Me virei, segurando-me para não perder as estribeiras.

--Isso não será necessário. Não é como se eu fosse sair correndo.

--Eu insisto e tenho certeza de que nosso amigo Turco não irá se importar, não é mesmo?

Liberdade PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora