Olhei para o canto. Todas as noites fazendo os mesmos desenhos circulados com o dedo na parede. Bom, todas as noites que eu não conseguia dormir. Virei para todos os lados na intenção de chamar algo próximo ao sono, mas não consegui. Em algumas horas amanheceria e eu ainda não havia dormido.
-Amanhã eu terei treino em campo e não consigo dormir. –Murmurei para mim mesma.
Eu dormia no mesmo alojamento que Laura e Samy. Laura estava ali, bem pertinho de mim. Lembrar disso me fez virar para a beirada. Ela era bonita. Tinha o nariz arrebitado e uma curva nos seios perfeitas. Os meus seios eram... Pequenos demais.
Bufei. Eu nunca comparei meus seios com os de ninguém, não vou fazer isso agora.
Me sentei empurrando a coberta de lado. Eu não conseguia dormir, e quase não podia respirar. Eu sei que uma das regras mais importantes de Daniel era não andar por aí durante a noite. Mas, juntando minha insônia, meu mau humor e minha má formação de ar nos pulmões, pensei que ele poderia ir para o inferno junto com essas regras idiotas.
Levantei e na ponta dos pés conferi se Samy estava mesmo dormindo. Sim, estava. Provavelmente Sam ou Steven estariam do lado de fora vigiando o armazém. Ou pelo menos era isso que todos falavam todos os dias, já que Daniel confiava neles para a segurança de todos.
Eu não chamaria atenção de ninguém, muito menos faria barulho. Só queria respirar um pouco e deixar o sono vir... Ah, não era um crime ou coisa do tipo.
Calcei os chinelos de dedo e peguei minha jaqueta. Eu não sabia se estava ou não ventando, uma vez que um lado do armazém -- o lado que Steven vigia creio eu -- não tem cobertura em parte do teto.
Quando estava a uma distância do alojamento, apertei os olhos. Cacete, esqueci minha faca. Logo relaxei, eu acho que estava em segurança ali dentro.
Suspirei enquanto caminhava até a sala dos computadores e parei quando ouvi um pequeno vislumbre de barulho. Talvez um rato ou uma barata já que graças a Daniel eu não deixava de desconfiar de nenhum barulho. Continuei a andar quando não ouvi mais nenhum barulho e parei na porta da sala. Tudo estava escuro. As poucas luzes iluminavam apenas o suficiente para ninguém se perder ali dentro. Creio que eu não conseguiria enxergar o rosto de alguém ou então algum móvel.
Comprovei isso quando esbarrei em uma das mesas, fazendo um mínimo barulho e quase derrubando um dos sistemas.
--Merda. –Sussurrei.
Acho que o sono estava começando a aparecer. Isso por causa da falta de luz, que me vazia parecer estar com os olhos fechados.
Não dei mais um passo antes que alguém me puxasse para trás tampando minha boca e batendo minhas costas contra a parede.
Eu o acertaria, se não tivesse levado minha mão até a mão da pessoa e sentido uma cicatriz por cima dela. Relaxei.
--Que porra você acha que está fazendo aqui?
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Liberdade Perigosa
ChickLitRebeka Taylor Steven é uma jovem que busca desde nova a liberdade. Sua vontade é de viajar por aí, conhecendo gente nova e arrumando encrencas. Antes existia o medo, e a culpa pela morte da Mãe e Irmã mais nova... Mas agora não existe mais medos, nã...