Capítulo OITO

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    •Por Juliana

Gerente, supervisora? Essa mulher estava tirando com a minha cara?! Não, só pode, porque né...

A única pergunta que eu me fazia era: Porque que eu entrei nessa mentira?! Mal começou e já está me dando dor de cabeça...

Entrei no quarto, sentei na cama e logo o Rodrigo entrou também.

—Desculpa pela atitude da minha mãe. Ela não pensa antes de falar às vezes...

—Percebi. —comentei. Mas não me aguentei e comecei a falar. —Gerente? Supervisora? Ah pelo amor de Deus né. Eu sei que Recepcionista de um hotel não é lá aquelas coisas, mas é o que eu tenho agora poxa. Meu trabalho não diz qual o meu caráter.

—Eu sei Ju, e concordo plenamente com você, mas é que a minha mãe é realmente uma pessoa difícil de se lidar. —ele sentou na cama. —Ela sofre de bipolaridade. E isso é algo bem complicado e difícil de saber lidar. Eu vim pro Rio para trabalhar com Turismo, mas o principal motivo de eu vir pra cá, era justamente porque eu não aguentava mais esses transtornos bipolares dela. Juro que ela não fez por mal. Se você quiser contar toda a verdade e dizer que não temos nada, tudo bem. Se for o melhor pra você...

—Eita Rod, não sabia que a situação era grave assim. —sentei com ele na cama. —E eu não vou contar a verdade não. Você me ajudou muito, agora chegou a minha vez de retribuir a ajuda. Mesmo não sabendo até onde isso vai nos levar...

—prometo que será ate ela ir embora. Depois você continua como estava.

Ele disfarçou e limpou a lágrima que insistia em cair no seu rosto. Puxou um colchonete chulo que havia de baixo da cama dele, arrumou e se preparou para dormir.

—Boa noite, qualquer coisa que precisar, só me acordar. —virou para o lado oposto da cama.

Eu me deitei na cama dele e me senti a pior pessoa do mundo estando ali, usando a casa dele, a roupa dele, a cama dele e ele estar dormindo no chão.

Comecei a pensar nas mil possibilidades de falar que eu poderia dar a ele, falando pra ele deitar na cama comigo. Fiquei pensando por uns 10 minutos, mas não tinha coragem de falar. Até que não teve jeito, assim que eu ouvi ele se mexer no colchonete e soltar um "ai ai", eu comecei a falar.

—Rod?! Tá acordado ainda? —perguntei meio envergonhada.

—estou sim, porque?! Precisa de alguma coisa?! —ele se levantou rapidamente.

—Não me leve a mal, mas... —respirei fundo e falei. —você não quer dormir aqui na cama comigo?! A cama não é muito grande, mas acho cabe nós dois

—Não Ju, que isso. Fica aí você. Não precisa se preocupar comigo.

—Não Rod... Já estou na sua casa, usando a sua roupa e tudo mais... Seria muito abuso te deixar dormindo nesse colchonete aí. Vem, cada um vira pro lado e está resolvido.

—Tem certeza?! —perguntou.

—Sim.

Ele então se levantou do local de ontem estava e deitou ao meu lado. Por conta da cama não ser tão grande, as nossas costas encostavam-se uma na outra e algo estranho apareceu em mim.

Logo aquele pensamento sumiu da minha cabeça e eu pude ficar em paz.

—Obrigado por pensar em mim. —ele disse, assim que se deitou.

—Não precisa agradecer, não é mais que a minha obrigação.

A noite passou rápido. Até demais se me permitem dizer. Incrivelmente, os nossos despertadores anunciaram juntos que já era a hora de levantarmos.

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