Boas Mentiras

Capítulo QUARENTA E QUATRO

•Por Rodrigo

Eu nunca imaginaria que viveria pra ver aquilo. Eu nunca imaginaria que a Juliana fosse capaz de fazer algo daquela maneira. Eu sei que o nosso casamento é de mentira, mas eu pensei que pelo menos ela me respeitasse. Poxa, dentro da minha casa, do meu sofá. Ah não.

Se houvesse alguma esperança de eu estar apaixonado pela Juliana, essa acabou. Poderia até estar, mas não quero arriscar e chegar a perder tudo. Até porque acabei de presenciar a mais pura verdade e nem preciso fazer teste nenhum pra saber que ela não está apaixonada por mim. Prefiro continuar com a amizade que já temos. Assim eu não me machuco e nem me iludo. E essa é a realidade. Essa "paixão" vai ficar guardada em mim e tenho certeza que logo passa.

Não quis ouvir explicações nenhuma ali porque sei que poderia perder a razão a qualquer momento. Entrei no meu quarto e a única coisa que consegui fazer foi deitar na minha cama. Me joguei ali como nunca feito antes. Logo após tomei um banho e me preparei pra dormir. Algum tempo depois, como eu já previa, ela veio até a minha porta.

—Rod, por favor, vamos conversar. Eu não vou conseguir dormir desse jeito. Brigada com você.

—Você não me deve satisfação da sua vida Juliana. —Não sei se estava preparado pra ouvir algo a respeito do que havia acontecido.

—Por favor Rod. Se você não quiser falar nada, não tem problema, só me escuta.

Resolvi escuta-la. Abri a porta e ela entrou no quarto. Sentei na cama porém não fiquei de frente pra ela.

—pode falar. —foi o que consegui dizer.

—primeiramente quero te pedir desculpas. Eu não quis te desrespeitar em nenhum momento. Realmente nada do que você viu procede. O que aconteceu foi que o Guilherme chegou aqui em casa, de surpresa e eu o deixei entrar. Nós conversamos e tudo mais, eu contei que estava casada, porém ele não entendeu direito e mesmo contra a minha vontade, me beijou e foi exatamente no momento em que você chegou. Eu realmente não queria ter dado aquele beijo e nem que você visse aquela cena.

—o que ele é seu?—consegui falar.

—Nada. Não é meu peguete, namorado, não é nada meu. —respondeu rápido.

—Se ele não é nada seu, o que ele estava fazendo aqui?

—Ele é como se fosse meu irmão. Nós crescemos juntos. A minha madrinha também é madrinha dele, então...

—E o que explica o beijo que ele te deu?

—Porque nós já namoramos e ele veio de papinho dizendo que ainda me amava e me agarrou. —eu não acredito! Ex-namorado?! —Rod, eu juro que eu não queria aquele beijo. Eu tive sim uma história com ele, mas que teve começo, meio e fim. Não volta mais. Eu e ele não temos nada a ver e...

—Juliana eu já disse que você não deve satisfação da sua vida pra mim. Se você quiser ficar com ele, fique. Se quiser ficar com qualquer outro homem, fique, eu não tenho nada a ver com isso, porém só te peço pra que não faça nada aqui dentro da minha casa. Sei que o nosso casamento é de mentira, só que isso é questão de respeito e essa é a única coisa que eu te peço, respeito dentro da minha casa.

—Rod, em nenhum momento eu quis te desrespeitar. Não estou ficando com ele e nem com mais ninguém, até porque eu te respeito e não acho certo isso. Só que naquele momento eu fui mais pega de surpresa do que você. Desculpa pelo ocorrido, prometo que não vai mais acontecer.

—Tá desculpada.

—Um abraço pra fazer a reconciliação?! —ela abriu os braços.

—não sei não. Nosso último abraço não deu muito certo...