Capítulo VINTE E DOIS

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•Por Juliana

Eu não estava acreditando no que estava acontecendo comigo. O meu pai só poderia ter pirado de vez.

Você não está entendendo? Pois é, somos dois, mas uma parte eu explico. Foi o seguinte...

Estava lá, eu, linda e formosa, indo trabalhar numa boa. O dia foi a mesma porcaria de sempre, não vou descrever porque não é necessário.
Mas voltando, o trabalho finalmente acabou e eu voltei pra casa na mesma normalidade de sempre.
A semana toda passou nessa mesma rotina. Nada mudou. Então não vou descrever tudo de novo, pra não ficar cansativo pra você né...
Seguindo... no sábado, a Vane (a ex-enfermeira do meu pai), me ligou. Perguntou algumas coisas sobre mim, eu sobre ela e ela acabou tocando no assunto da carta que o meu pai havia deixado pra mim. Incrivelmente, com tanta coisa que eu tinha pra fazer, eu havia me esquecido dessa carta. Procurei ela dentro da minha bolsa e a encontrei. Desliguei o telefonema, mas Vanessa me fez prometer que ligaria pra ela de volta assim que lesse a carta. Prometi né, fazer o que. Sinceramente, eu não esperava muita coisa daquela carta não. Deveria ter alguma coisa do tipo despedida, dizendo que me amava, coisas assim. Mas eu estava errada... Quer dizer, em partes. Enfim... Leia aí.

"Juju, minha querida,

não tenho palavras pra descrever  tamanha felicidade por poder te chamar de filha. Já passamos por várias coisas na vida. Momentos bons, ruins, mas o que importa é que nós conseguimos vence-las. Sei que quando estiver lendo essa carta, provavelmente não estarei mais com você. Mas não veja isso como algo ruim, pois eu posso não estar aí fisicamente, mas tenho certeza que estarei em seu coração. Sei que foi bem difícil passar por esse momento, mas tenho certeza que você é forte. E a vida ai segue, não é mesmo?! Então, tenho dois conselhos pra você. Conselhos que quero que preste bastante atenção e saiba que tudo que estou fazendo é por amor a você.
1º conselho: se esforce. E quando eu digo isso, me refiro a todos os sentidos da sua vida. Sua vida profissional, pessoal, amorosa, espiritual, enfim, tudo. Te peço para que tenha paciência. Seja no emprego, em casa, com o Rodrigo (sei que você sabe do que estou falando), enfim.
Você, mais do que ninguém, sabe de tudo que já passei para poder chegar onde cheguei, e agora é a sua vez de continuar com tudo aquilo que construi. E esse é o meu segundo conselho. Vá atrás do Márcio, ele saberá te explicar tudo e falar tudo que foi decidido. Espero do fundo do meu coração que me entenda, pois a única coisa que quero é que seja feliz.

Eu te amo minha filha, nunca se esqueça disso.

Ao infinito e além...

Eu te amo."

Eu estava em lágrimas, óbvio. Meu pai realmente era a pessoa mais doce, encantadora e linda do mundo.

O que percebi é que ele se bandeou para o lado do Rodrigo, claro, né... Mas tudo bem, isso a gente releva. Agora o que me resta é obedece-lo. Precisava ir atrás do Márcio para poder entender mais sobre as coisas da herança que agora era toda minha.

Não tive nem tempo de pegar o celular e ele já estava tocando. Era Vanessa, desesperada pra saber o que tinha naquela carta tão misteriosa. Contei à ela tudo, a qual esperava mais, mas tudo bem...

Bom, infelizmente, naqueles próximos dias, o Márcio ficaria até o meio da semana em São Paulo. Fazendo o que? Também não sei e não faço a mínima questão de saber.
Na quinta, quando já estava no Rio, liguei pra ele e falei que precisava conversar sobre a questão da herança que meu pai havia deixado pra mim. Ele entendeu do que se tratava e disse que iria marcar uma reunião para que pudéssemos ler o testamento que meu pai havia deixado.

Marcada a reunião para sexta, a qual, sinceramente, demorou muito pra chegar, pode acreditar. Márcio, havia me falado que se eu quisesse levar uma pessoa a mais, poderia ficar a vontade, então levei a tia Fer como minha acompanhante (até porque, no momento, a pessoa mais velha que tenho comigo é ela, então...)

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