Capítulo ONZE

488 24 3
                                    

•Por Rodrigo

Despedida, porque você existe minha querida?

Pois é, como eu falei pra Ju não tenho boas lembranças quando se trata de despedida e aviões.

—Mas enfim, vamos mudar de assunto porque é melhor né. —falei. —Topa um filme? O tempo de hoje só combina com filme e pipoca.

—opa, claro!! —respondeu.

O tempo estava completamente fechado. Chuva o dia todo.

—Você indica algum? —perguntei.

—DIVERGENTE!! —ela gritou empolgada. —Já assistiu?!

—não, e não gostei só de ouvir o nome.

—preconceituoso. Nem sabe como que é e já sai julgando. Vamos assistir sim, você vai ver como é legal.

Incrivelmente ela estava certa. Passamos a tarde e o comecinho da noite. Fui muito legal dizendo que era comecinho de noite né, porque já era quase onze da noite.

Assistimos Divergente e Insurgente e mais uns outros.

—Acho que já deu de filme por hoje né. Tá tarde. Já são quase onze da noite. —ela falou, se espreguiçando no sofá.

—Realmente, você tinha razão. O filme é bom mesmo. —respondi.

—Falei. Agora você aprendeu, não julgueis para que não sejais julgados.

—Bobinha. —ela sorriu.

Aquele sorriso dela acabava com todas as minhas estruturas. Eu não me segurei e a beijei. O beijo era surreal de gostoso. Como aquela infeliz poderia ter um gosto tão bom e viciante? Grr, que raiva.
Mas, como alegria dura pouco, o celular da Ju tocou, interrompendo o nosso beijo. Ela correu para o atender, pois ele estava na mesinha de centro.

—Vanessa?! Você me ligando?! Tá tudo bem com meu pai?! ... —ela dizia. —como assim?! Ele passou mal?!

Acho que a notícia não parecia boa e pela cara dela era péssima.

—eu estou indo aí. Vou pegar algum ônibus, pagar um táxi, sei lá, mas eu vou. Beijo. —disse assustada.

—Ei, o que houve?! —perguntei preocupado.

—Meu pai tem problemas cardíacos, passou mal hoje e ficou o dia todo no hospital. Eu preciso ir pra lá. —começou arrumar suas coisas.

—Ju, dificilmente você vai encontrar um ônibus pra Teresópolis nesse horário. —falei.

—Eu vou de táxi. —guardava algumas coisas dentro de sua bolsa.

—Táxi vai ser o olho da cara Juliana.

—tá e você quer que eu vá como? Andando? —falou alto, mas não olhava pra mim.

—Ei, calma. —levantei a cabeça dela. —Eu te levo.

—Não, não precisa. Amanhã você tem que trabalhar e eu não quero te incomodar. Eu vou sozinha mesmo.—foi indo em direção à porta.

—Eu não vou te deixar ir. —me coloquei à frente dela.

—Rodrigo, sai da frente por favor?!

—Juliana, você não vai essa hora, eu não vou deixar.

—Você não entendeu ainda que eu não posso perder o meu pai. —ela gritou e com isso vieram as lágrimas que relutavam a sair. —Eu não posso perder o meu pai. Ele é tudo que me resta.

—Ei, fica calma. —abracei a ela. —Eu estou aqui. Fica calma.

Ficamos abraçados por um certo tempo, até que ela acalmou os ânimos.

—vamos fazer assim. Eu vou te levar e fico lá com você até você querer voltar.

—Rod, mas você tem seu trabalho. Não quero te atrapalhar.

—A única coisa que esta me atrapalhando é essa sua teimosia. Com relação ao trabalho, eles me liberam. Eu ligo pro meu gerente, falo que o meu sogro está doente e que estou indo ajudar a minha namorada e pronto, eles entendem.

—Será?! Incluir mais uma pessoa nessa mentira?

—É por uma boa causa. Vou arrumar uma bolsa com algumas roupas pra mim, passamos na sua casa e seguimos para Terê.

Bolsa arrumada. Fomos para a casa da Ju rapidamente e logo estávamos a caminho de Teresópolis.

Durante o caminho, resolvi ligar para o meu gerente e avisa-lo sobre o ocorrido. Coloquei no viva voz e o esperei atender.

—Alô, Rod?! Você me ligando a essa hora? O que houve? —ele estava com uma voz de sono.

—Roberto? Desculpa te incomodar a essa hora cara, mas é que deu um problema aqui. O pai da minha namorada tem problemas cardíacos e passou mal hoje e eu estou indo às pressas pra casa dele em Teresópolis.

—Vai de boa cara. Tem gente pra te cobrir aqui. Pode ir e ficar quanto tempo quiser.

—Pow cara, valeu mesmo. Desculpa ter incomodado seu sono aí, mas é que eu preferi te avisar antes, do que você tomar um susto por não me ver na agência pela manhã.

—Não, que isso. Vai tranquilo. Melhoras aí pro sogrão. Manda beijo pra Juliana.

—Juliana? Como assim? Não entendi.

—Ué, achei que estava falando da Juliana Ramos. Estavam juntos até pouco tempo atrás.

—Claro que não cara. Você sabe que nós somos só amigos. Nada além disso.

—Ah mas que vocês estão sempre se pegando, estão. Pode falar a verdade.

—Não, não, apenas amigos mesmo. —voltei ao assunto. —mas valeu aí cara. Brigadão mesmo.

—Que isso cara. Tamo Junto, pode contar sempre.

Desliguei a ligação e percebi a cara da Ju ao ouvir aquela conversa. Resolvi puxar assunto pra ver se era só coisa da minha cabeça.

—Você vai me apresentar como seu namorado para o seu pai?

Infelizmente não recebi resposta. Ela se calou durante a viagem toda. É parece que tinha algo de errado e não era coisa da minha cabeça.
----------------------------------------------
Té quarta
Beijocas

Boas MentirasOnde histórias criam vida. Descubra agora