Capítulo TRINTA E SEIS

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•Por Rodrigo

—Pera aí, que que é isso?

Foi a primeira e única coisa que veio na minha cabeça quando eu vi aquela cena. Eu só poderia estar sonhando, só pode.

—Filho que saudade! —minha mãe veio na minha direção pra me abraçar, porém eu recuei dando dois passos pra trás. —Que isso filho?! Tá doido?! Vem cá dá um abraço na mãe... A mãe sentiu saudades.

—Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui?—falei seco.

—Está claro não está?! Nós viemos te visitar brother. —Ricardo falou.

—Tá e quem é esse cara?! E porque a senhora trouxe o Ricardinho pra cá?!

—Esse é o namorado da mamãe e ela me trouxe porque eu não aguentava mais ficar dentro de casa.

—É isso mesmo que eu ouvi?! Esse cara é seu namorado?! —meu sangue começou a ferver.

—Calma filho, eu posso explicar. Ricardo você fica quieto. Rodrigo, esse é o Beto e sim ele é meu namorado. Filho, aconteceu, eu não pude evitar.

—Não pôde evitar mãe?! Pelo amor de Deus, mais uma enrascada que a senhora se mete cara...

—Não filho, agora as coisas são diferentes...

—Diferentes?! Diferentes como mãe?!

—O Beto é a pessoa certa pra mim filho. Ele me entende, ele me ouve, ele me ajuda...

—Para, eu não sou obrigado a ficar aqui ouvindo isso. Da licença. —dei as costas pra ela e voltei para o meu quarto.

Eu não acredito nisso. E as coisas aconteciam novamente.

Depois da morte do meu pai, minha mãe não conseguia se relacionar com ninguém. Primeiro que ele ainda era muito vivo dentro do coração dela. Segundo que meu pai havia deixado alguns rastros que acabaram com a minha mãe. Uma delas foi a bipolaridade. Ao mesmo tempo que ela sentia saudade do meu pai, ela sentia raiva por ter perdido ele e isso foi crescendo dentro dela e deixando um problema, o qual antes era pequeno, mas que agora havia se tornado enorme na vida dela. A bipolaridade piorou e ela também. Chegou uma época da sua vida que ela acabou aceitando que meu pai não voltaria mais e que queria seguir a vida e talvez até encontrar uma pessoa que a completasse novamente, porém ela nunca encontrou essa pessoa.

Ela já chegou a namorar alguns rapazes e sempre terminava da pior maneira. Alguns achavam que ela era louca; outros, logo ao saberem que ela sofria de bipolaridade, terminaram com ela sem nem dizer tchau. E a cada termino dela, pior ficava a sua bipolaridade. Até que ela decidiu parar com os relacionamentos e pelo que eu saiba, ela só "pegava" alguns caras, mas nunca mais quis relacionamento sério.

Agora, ela me chega com essa história de que é diferente, de que ele entende?! Ahh não. Eu vi com meus próprios olhos a minha mãe em momentos horríveis da sua vida e a maioria deles foi causado por uns babacas que até então "eram diferentes" que "entendiam" a ela... Ela que me desculpe, mas eu não vou deixar isso acontecer novamente.

Fiquei ali no quarto, pensando sobre várias coisas. Estranhei que ninguém tinha vindo atrás de mim. Nem Juliana, nem minha mãe, o que foi ótimo, porque eu realmente não queria conversar, mas aquilo já estava me incomodando, eu precisava falar com alguém, porém me segurei e arrumei minha cama pra dormir.

Alguns minutos depois, Juliana finalmente entrou no quarto. Só pela cara dela já sabia que queria uma explicação por toda aquela cena.

—Será que nós podemos conversar? —ela perguntou, se sentando na cama.

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