Capítulo TRINTA E NOVE

355 16 1
                                    

•Por Juliana

Eu estava feliz, vendo-os feliz. Tudo havia se acertado e agora todos estavam bem. Parecia algo inacreditável por conta de tudo que eles já passaram, mas o mais importante é que dessa vez o amor venceu.

No parque, enquanto eu e o Rod estávamos sentados, os outros três estavam andando e pareciam maravilhados com a beleza daquele lugar. Pra mim e para o Rod ali não era nada novo, já estávamos cansados de ver, por isso ficamos sentados. Pode ser que também seja um pouco de preguiça, mas deixa quieto.

Era lindo de ver a felicidade do Rod naquele dia. Seus olhos brilhavam como nunca. Era felicidade que não cabia mais.

—Nem acredito que tudo se acertou sabia Ju?! Parece até um sonho. —ele dizia com o sorriso no rosto.

—Seus olhos te condenam. Estão brilhando que só. —respondi sorrindo.

—É felicidade que não cabe no peito. E domingo completamos um mês de casados hein?!

—Né... Quem diria que aquele casal que só se bicavam, quer dizer, continuam se bicando, conseguiu completar um mês?!

—eu mesmo não faço nada disso. Você é que vive brigando comigo...

—Ah claro, sempre eu. —ele riu do meu comentário.—pois é... Agora só faltam onze meses.

—Já quer se separar já é?! Cansou de mim foi?!

—Não, claro que não. Não me leve a mal. Eu digo por conta do dinheiro que eu poderei tirar das mãos do Márcio. Quer dizer, o que sobrar né...

—Vai dar tudo certo, fica tranquila. Se Deus quiser você vai conseguir pegar de volta tudo que te é de direito. —ele me deu um beijo no rosto.

Como ali eu e o Rod éramos um casal, deveríamos agir como um casal. Sabia que precisávamos agir como tal, então não poupei carinhos. Conversávamos animadamente, até que percebi alguns olhos na nossa direção. Era Ana e Ricardinho nos espiando, se assim posso dizer.

—Não olhe pra trás, mas sua mãe e seu irmão estão olhando pra cá sorrindo. Acho que estão tentando disfarçar, mas não está dando muito certo. —ri baixo. —Acho que sei o que eles estão esperando.

—Então vamos dar a eles o que esperam. —me trouxe pra mais perto e me beijou.

O beijo do Rod, como sempre, era quase indescritível. Incrivelmente nós nos entendíamos muito bem. Sempre estávamos em sincronia e harmonia. Quando o ar se fez necessário nos separamos e na mesma hora Ana, juntamente de Ricardo e Beto, se achegaram.

—Vamos parando com a pegação porque eu sou o único sozinho aqui. —enterrei meu rosto na curva do pescoço do Rod de vergonha e ele só ria da situação.—Ninguém merece ficar de vela. E eu também estou morrendo de fome.  —Ricardinho reclamou.

—Filho, olha os modos!—replicou o filho mais novo.— O que acham que irmos até um restaurante? —Ana nos perguntou.

Topamos e tomamos rumo a um dos restaurantes ali perto. Almoçamos e depois fomos em alguns pontos turísticos do Rio.

O final de semana passou e logo Ana e seus dois homens já estavam indo de volta pra casa. Despedidas como sempre muito sentidas, mas feliz por esse tempo que passamos juntos.

A semana começou e naquela em específico o Márcio "me pegou pra Cristo".Me passou tantas coisas pra fazer que nem tempo de almoçar com o Rod eu tive. Na sexta, quando terminei tudo o que tinha pra fazer no final do expediente, encontrei com o Rod no corredor.

—Cansada?! —ele perguntou quando vinha se aproximando de mim.

—Muito. Meu Deus, eu só preciso de um banho e da minha cama.

De repente ele me abraçou, e começou a beijar minha cabeça. Distribuía carinhos e fazia anos que eu não sentia aquilo.

—Juliana... Aqui não é lugar para essas coisas. —ouvi a voz de Márcio atrás de mim.

—Meu expediente já acabou Márcio. Vim encontrar meu marido para irmos pra casa.

—Amor, então, eu não vou pra casa agora. Tenho algumas coisas pra resolver com o Bruno e vou pra casa dele pra ver as coisas. Devo demorar.

—Ah então, vou chamar a Ya pra ficar lá comigo. Sem contar que faz semanas que não temos um tempo pra nós.

—Isso. Ótimo. —me deu um beijo no rosto.

—Juliana, venha até a minha sala antes de você ir embora, por favor. —ele falou e entrou na sala.

—O que será que esse cara quer hein?! —Rod falou.

—Só vou obedecer. Beijo, até mais tarde.

—Até. —ele me deu um beijo na testa e saiu dali.

Antes de entrar liguei para a Ya e marcamos de assistir um filme lá em casa e também para colocarmos o papo em dia. Entrei na sala e ele que estava mexendo em alguns papéis em cima da mesa, parou assim que me sentei em uma das cadeiras que haviam ali.

—E então?! —falei, quebrando o silêncio que havia ali.

—Juliana, sério que você vai continuar com essa historiazinha medíocre? —hã? O cara pirou de vez, só pode.

—Não entendi Doutor Márcio. Do que o senhor está falando?!

—Foi isso mesmo que você ouviu. Até quando vai ficar sustentando esse casamento —fez aspas com os dedos na última palavra —falso.

—Não existe nenhum casamento falso. Tudo é verdadeiro. O problema é que você não quer aceitar isso.

—Você está fazendo isso só por conta do dinheiro?! Ou porque talvez tenha alguma dívida com o  Rodrigo e resolveu ajudá-lo com relação à sua possível promoção?!

—Do que o senhor está falando... Eu me casei por amor, não por uma dívida.

—Então isso tudo é por causa da herança. —ele se levantou da cadeira e começou a andar em volta de mim. —Juliana, o dinheiro é todo seu. Ele só está comigo por um tempo. Se você quiser eu posso te dar uma mesada com uma quantia boa, o que acha?!

—Eu não quero nada de você. E se o dinheiro e todas as outras coisas são minhas, então deixe-as comigo.

—Não posso. Isso são ordens do seu querido papai.

—Isso é a coisa mais ridícula que eu já vi na minha vida.

—Não reclame comigo querida. Reclame com seu pai. Ele que quis assim. Mas agora falando sério... Quanto você quer pra terminar esse casamento falso?! Pode falar que eu lhe dou tudo que quiser. —tocou aquelas mãos ridículas e nojentas no meu rosto e eu não aguentei.

—Sai daqui. Eu não quero nada que venha de você, já falei. Eu não vou terminar meu casamento. Ele é verdadeiro. Não vou terminar algo que me faz bem por alguém que não merece nem o prato que come. E quer saber de uma coisa—cheguei bem perto dele. —meu casamento é muito mais verdadeiro que o seu. Fique tranquilo que da minha vida conjugal cuido eu. Se preocupe com a sua mulher e com a sua família e depois nós conversamos.

Sai dali com a cabeça explodindo de raiva. Eu não podia acreditar no que estava acontecendo. Não conseguia pensar em nada além do ódio que eu sentia por aquele cara.
----------------------------------------------
Cheguei, mas já to saindo.
Beijocas

Boas MentirasOnde histórias criam vida. Descubra agora