Capítulo TREZE

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•Por Rodrigo

Depois daquele telefonema parece que tudo mudou. O jeito da Ju se transformou. Perguntei se ela iria me apresentar como seu namorado e só quando cheguei lá recebi a resposta. Eu era apenas seu amigo.

Mas enfim, quando chegamos seu pai estava numa reunião e minutos depois da nossa chegada ele havia terminado sua conversa lá dentro.

Como a Ju não falava comigo direito, não entendi o porque do tal do "Doutor Márcio" a tratou tão mal, chegando a fazer ameaças de tirá-la do seu trabalho. Me injuriei, resolvi a defender e recebi como resposta um belo de um "não se mete Rodrigo". Eu sei que nós não estávamos muito bem, mas eu não poderia deixar aquele homem falar com ela daquele jeito.

Graças a Deus seu pai apareceu e acabou com a graça daquele mané, falando para que o mesmo desse uma semana de folga para a Ju. A cara dele foi no chão quando ele tentou retrucar e o Gilmar falou para que ele apenas o obedecesse. Bem feito.

Ju me apresentou para seu pai, que achou que éramos namorados, assim como a enfermeira particular do mesmo. Ela novamente explicou que éramos apenas amigos, e eu apenas aceitei.

—Bom, vocês se importariam de dormir no mesmo quarto? —ele perguntou, assim que terminamos uma longa conversa ali na sala de sua casa.

—Como assim papai?

—Ah Ju, você sabe que nesta casa só tem três quartos. Um que é meu, outro da Vanessa e outro que era o seu quarto, então...

—Eu posso dormir no sofá, não tem problema. —Falei.

—Não, que isso. Eu me sentiria mal tendo que deixá-lo dormindo no sofá. —ele respondeu.

—Faz o seguinte, eu durmo com o senhor em seu quarto e o Rodrigo pode ficar no meu quarto. —É impressão minha ou ela está fugindo de mim?

—Aí eu me sentiria mal Juliana. Tirá-la do próprio quarto, não dá né... —Falei.

—Juliana, meu amor, você não iria querer dormir comigo. Ultimamente, por conta dos remédios e tudo mais, tenho me cansado demais e acabo roncando muito. Vanessa sabe disso. O quarto dela é bem ao lado do meu e nem ela consegue dormir direito ultimamente.

—Isso é verdade, tenho que concordar. —A moça assentiu com a cabeça.

—Durmam os dois naquele quarto mesmo. Você em sua cama e Rodrigo no chão, claro. —o mais velho disse.

—Não estou te reconhecendo seu Gilmar. Há alguns anos atrás nunca me deixaria dormir num quarto junto com um homem. —Ju falou.

—Vocês são amigos. Não importo. Se fossem namorados ele dormiria no sofá, mas como não são... fico mais tranquilo. —respondeu. —E eu confio em você minha filha, sei que tem muito juízo.

E assim ficou. Eu e a Ju dormiríamos no quarto dela, na parte de cima de sua casa, e seu pai e a enfermeira, na parte de baixo. Isso foi até bom, pelo menos poderíamos ter uma conversa. Pelo menos eu achava que poderíamos.

Percebi que Juliana ficou enrolando pra subir. Enquanto eu levava nossas malas para a parte de cima da casa, ela enrolava com o pai em seu quarto, quando enfim percebi que ele iria realmente dormir.

No momento em que estava em seu banheiro fazendo minha higiene noturna, ouvi o barulho da porta batendo e ela entrando no quarto. Quando sai dali, percebi que ela nem olhava na minha cara direito.

—Ei, tá tudo bem? —perguntei.

—Porque não estaria? —jura que ela realmente estava me perguntando aquilo?

Boas MentirasOnde histórias criam vida. Descubra agora