•Por Juliana
A semana começou corrida. Corrida até demais para o meu gosto. O Hotel estava uma loucura. Havia uma caravana de gringos suecos, alemãs e espanhóis hospedados lá. Um entra e sai danado.
Ontem, meu pai piorou e os médicos resolveram marcar uma cirurgia hoje com urgência. A cirurgia era de risco, mas meu pai estava tranquilo.
Tentei pedir folga para o Márcio, mas sem sucesso, ele me proibiu de me ausentar no horário de trabalho e ainda descontou do meu salário por conta da semana anterior que eu estava em Teresópolis.
Hoje será o dia da cirurgia. Começará às sete da manhã e não tem horário para o término. Óbvio que eu não consegui dormir essa noite. Meu coração estava na mão só de pensar que eu poderei perder o meu pai pra sempre.
A primeira oração do dia foi por ele. Que fosse feita a vontade de Deus!
Fui para o trabalho e estava uma pilha de nervos. Não conseguia parar no lugar. Andava de um lado para o outro ali na recepção.—Amiga, para quieta! Ficar nervosa não vai adiantar nada. —Isabela, minha amiga e colega de trabalho, me falou.
—Eu não consigo... Como será que está indo a cirurgia ein... Será que está tudo bem?!
—Ah amiga, já são duas da tarde e a Vanessa não te ligou ainda. Deve estar indo tudo bem... Fica calma.
Nesse momento, meu celular tocou e eu corri para atende-lo. Era minha madrinha.
—alguma notícia do meu pai? —foi a única coisa que eu consegui dizer.
—amor, você precisará ser forte.
Nesse momento o meu mundo desabou. Sim, meu pai havia falecido. Eu não acredito nisso. Eu perdi o único que eu tinha na vida. Não podia ser... Era um sonho, ou pior, um pesadelo.
—Não fala que ele morreu madrinha... —eu já chorava.
—Sim meu amor, mas pensa pelo lado bom, ele descansou minha flor. Ele está junto da sua mãe nesse momento. O céu está em festa meu anjo!
Chorei. Chorei por Deus e o mundo. Sai daquele hotel correndo, sem pensar duas vezes. Peguei o primeiro táxi que estava passando ali e fui.
Eu não conseguia fazer mais nada além de chorar. A partir de agora sou só eu e Deus. Estou órfã. Sozinha.
Eu só queria que tudo aquilo fosse mentira. Que tudo fosse apenas um pesadelo e que assim que eu acordasse eu iria poder ligar para o meu pai e conversar com ele. Mas não, aquilo nunca mais iria acontecer. Eu não tinha a quem recorrer agora. Eu não tinha mais o abraço confortador dele. Eu não o tinha mais.
Quando cheguei, desci direto no hospital na esperança de ainda o ver. Entrei na recepção e logo encontrei Vanessa e Daniela ali, acertando tudo pra irem embora.
—Eu quero ver o meu pai! Eu preciso ver o meu pai!! —o procurava pra ver se ele estava em alguma das salas que haviam ali perto.
—Moça, acalme-se. Você não pode entrar aqui. —Um dos seguranças que havia ali barrava a minha entrada.
—EU QUERO VER O MEU PAI!!! EU PRECISO DELE!!! —chorava compulsivamente.
—Moça...
—Juuuu... Calma Ju, ele não está mais aqui. Já levaram o corpo... Fica calma. —a madrinha me falou e eu cai no chão, aos prantos.
—Eu quero ver o meu pai!! Eu preciso dele...
As minhas forças já haviam acabado. Eu não tinha mais voz, mas as lágrimas pareciam que nunca iriam se secar. Minha madrinha me abraçou, mesmo no chão, e me acalmou.
—Ele está no céu meu amor. Foi rever a sua mãe, os seus avós... O céu está em festa!
O meu coração poderia ser comparado a um vaso quebrado no chão. Meu mundo se quebrou e eu estava mais perdida do que cego em tiroteio.
Dani e Vanessa me acalmaram e nós fomos pra casa. No caminho, aproveitei para avisar Yanna sobre o ocorrido.
Quando chegamos em casa, as lágrimas, instantaneamente, brotaram nos meus olhos. Era incrível como tudo ali lembrava ele. A sala, o quarto sempre exalando o seu perfume, tudo, tudo ali era completamente do jeitinho dele.
Começamos então o processo de 'aviso aos familiares' e tudo mais. Graças a Deus eu já estava bem melhor e recuperada. Aos poucos a família foi chegando e a emoção foi voltando. Os abraços recebidos e palavras de conforto eram a coisa certa para eu começar a chorar.
Já no comecinho da noite, estacionaram dois carros na frente da casa de meu pai. Um deles era parecidíssimo com o do Rodrigo, mas era impossível ele ter vindo, não era?
Infelizmente eu estava errada. Ele havia vindo sim. O carro era realmente dele e o outro do Bruno, estando nele Yanna e Fernanda juntamente do Bruno e no outro carro, Mariana, Felipe e Rodrigo.
—Oh amiga... —Yanna saiu rapidamente do carro e me abraçou. Comecei a chorar, óbvio.
—Ele se foi Ya. Ele me deixou. —falei entre lágrimas.
—Ele não te deixou amiga, ele apenas se foi. Tenho certeza que ele queria muito continuar aqui com você. —ela me olhou nos olhos e limpou as minhas lágrimas. —fica bem, tá.
Ela se separou de mim e deu passagem para os outros falarem comigo. Tia Fer falou, Mari, Fi, Bruno, até que chegou a vez do Rodrigo.
—Ju, eu sinto muito. Meus sentimentos viu. Tenho certeza que o seu Gil está num lugar bem melhor. —me abraçou.
O Rodrigo tinha algo de diferente no abraço. Um abraço que te deixa sem chão. Que te faz ter vontade de ficar ali sempre. Mas eu não podia.
—Obrigada. —me separei dele.
Foi a única coisa que eu consegui falar. Não queria trocar muitas palavras com ele, pois a nossa última conversa não foi das melhores e eu prefiro deixar como está.
Entramos pra dentro de casa, a qual não tinha quase ninguém, pois o pessoal da família já havia ido para o lugar onde meu pai seria velado. As únicas pessoas que estavam ali eram a minha madrinha e a Vanessa, que estavam tomando um banho antes de sair.
Apresentei o pessoal para ambas as duas e saímos então para o local onde levariam meu pai. Fui então, no carro do Bruno. Não queria ficar perto do Rodrigo. Era melhor manter distância.
Chegamos no local já era nove e meia da noite. O corpo ainda não havia chegado, então ficamos lá esperando.
Vanessa pode me contar toda história e de tudo que meu pai havia falado antes da cirurgia. Meus olhos estavam completamente inchados de tanto choro que eu dei durante o dia. Acho que até já havia acabado.
As onze e quarenta e cinco o carro que trazia meu pai, chegou. Aquilo foi como um toque de realidade. E eu que achei que as lágrimas já tinham acabado, me enganei, dessa vez elas vieram com tudo.
Tiraram meu pai de dentro daquele carro e o levaram para dentro do local. Haviam dois homens que prestavam serviço ali, eles ajeitaram tudo lá dentro e nós, então, entramos.
Quando vi seu rosto pálido ali, aí sim que abri a boca a chorar. Abracei a pessoa que estava do meu lado, sem nem saber quem era. Eu só precisava de um abraço. E, então eu ouvi
—Ele está descansando Ju... Fica calma.
Era Rodrigo.
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EU VOLTEI, AGORA PRA FICAR... PORQUE AQUI, AQUI É O MEU LUGAR 🎶😂
Voltei meus amores!! E agora com força total!
Prepara o coração aí, porque as cenas a seguir são de tirar as lágrimas.Beijos.
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Boas Mentiras
FanfictionMentiras. E mais uma mentira. E mais uma, e mais uma... Todos são acostumados a mentir. Mesmo sendo algo ruim e que não nos agrade, insistimos neste erro. Mas será que existem as boas mentiras? Ou mentira é mentira e ponto final? Digamos que depe...