Capítulo QUARENTA

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•Por Rodrigo

Coisa boa tinha certeza que não iria vir do Márcio, mas a Ju tinha que obedecer e eu me sentia muito mal por vê-la tão cheia de coisas pra resolver que nem era dela.

Fui para a casa do Bruno e encontro com Yanna na porta de seu apartamento.

—Olá!! —falei ao vê-la.

—Olá senhor Simas. Como andas? —me cumprimentou com dois beijos no rosto.

—Por enquanto com as pernas mesmo. Ainda não aprendi a voar. —falei e arranquei gargalhadas do Bruno que estava na porta também.

—Nossa, pode virar comediante já. Vai se dar super bem. —disse irônica.

—To brincando Ya. Mas to bem sim, graças a Deus e você?

—Bem e pronta pra uma noite das meninas com muita comida, filme e fofoca.

—Nossa, ainda bem que temos várias coisas pra arrumar Bruno... —cumprimentei o Bruno.

—Nem me fale cara... —Ele me cumprimentou de volta.

—Viu, mas eu acho que a Ju ainda não chegou em casa. O Márcio pediu pra ela ficar um pouquinho mais lá no hotel, então...

—Pois é, eu sei. Nós marcamos às oito, então ainda vou pra casa depois vou pra lá. Bom trabalho pra vocês.

—Boa conversa pra vocês também.

Entramos e começamos nosso trabalho. Arrumamos várias coisas, quebramos a cabeça pra poder resolver, mas conseguimos.

Aquilo era um projeto que o Márcio pediu para que eu fizesse e que iria disputar com o William para então ver qual dos dois merecia ganhar a promoção. Era um projeto com ideias para o melhoramento do Hotel.

Não quis envolver Juliana nesse projeto porque ela já estava cheia de coisas pra fazer sendo secretaria do Márcio. Ela não merecia. Porém chamei o Bruno e ele aceitou de primeira, o que eu dei graças a Deus.

Enquanto estávamos concentrados ali, ouvimos um toque de celular. Era do Bruno que estava bem ao seu lado.

—Fala rápido amor, estamos bem atarefados aqui. —ele disse assim que atendeu o telefonema.

Não ouvi o telefonema, mas pela fisionomia do Bruno não era coisa boa. Ele perguntou sobre meu celular e eu respondi que havia descarregado e que estava na bolsa. Ele me passou o telefone e Yanna disparou a falar.

—Rod, eu to preocupada. Faz uns vinte minutos que eu estou aqui na frente do seu apartamento e ninguém me atende. Tem certeza que a Ju já saiu do hotel?

—Claro que tenho Ya. Ela não iria demorar tanto assim.

O relógio marcava oito e meia da noite e naquela hora já era pra Juliana estar em casa.

—Então eu não sei o que pode ter acontecido. Eu to tocando a campainha, to gritando, mas ninguém me atende. Cadê a Ju?!

—Pior que eu estou sem bateria no celular. —comecei a suar frio. —Já falou com algum vizinho ai pra ver se ninguém a viu? —perguntei.

—Já Rod, assim que eles ouviram os meus gritos, estranharam e apareceram na porta e eu aproveitei pra perguntar, mas não, ninguém a viu, nem nada. Eu to preocupada Rod... Essa cidade é muito perigosa.

—Meu Deus... Calma, vamos agir com calma. Ó, continua aí gritando e tocando a campainha que eu já estou chegando. No caminho vou dar um jeito de ligar pra Isabela, a recepcionista lá do hotel, e já chego aí. Calma.

Falei pra Ya ter calma, mas eu mesmo estava tremendo por dentro. Tudo se passava pela minha cabeça naquele momento, mas a única coisa que eu conseguia fazer era orar pra Deus proteger a Ju onde quer que ela estivesse.

Bruno deixou o celular dele comigo então pude ligar pra Isabela, porém ela me disse que a Ju já tinha saído de lá e fazia uns quarenta minutos. Agora a coisa tinha ficado séria.

Corri pra casa e quando cheguei falei pra Ya olhar no entorno no prédio. Vai que a Ju quis andar ou algo do tipo.

Enquanto ela descia, eu abri a porta de casa e algo me dizia que era pra eu ir no meu quarto primeiro. Não sei o que era aquilo, apenas segui aquela vontade.

Para a minha surpresa, a minha "intuição" não estava errada. A Ju estava no meu quarto dormindo. Fui até o lado que ela estava e me ajoelhei no chão agradecendo a Deus por ter ouvido minhas orações. Acho que orei alto demais e acabei acordando ela.

—Rod?! Já chegou?! —falou meio sonolenta.

—Graças a Deus que você tá aqui. —respirei forte. —Eu vim porque a Yanna me ligou e disse que veio aqui, mas ninguém a atendia. Ficou aqui gritando uns vinte minutos.

—Sério?! Não ouvi nada. Desculpa.

—Caraca Juliana... Pelo amor de Deus não faz mais isso... —falei num tom mais alto, sentindo meu coração disparado. —Você tinha marcado um programa com ela, não lembra?!

—lembro, mas eu resolvi ir visitar o túmulo do meu pai, chorei muito e cheguei em casa com muita dor de cabeça.

—Tá, mas a Yanna gritou pra caramba aqui na porta, tocou a campainha, todos os vizinhos ouviram e você não?! —falei alto.

—É que eu tomei um remédio e acabei pegando no sono. Desculpa, não foi minha intenção deixá-los preocupados.

—não, tudo bem. —me acalmei. —o importante é que você está bem. Vou avisar a Yanna.

—Você vai voltar pra casa do Bruno? —perguntou.

—Não. —respondi apenas.

Me levantei dali e liguei do celular do Bruno para a Yanna. Ela ficou tranquila ao saber que ela estava em casa e disse que iria voltar para a sua. Eu fui tomar um banho e quando sai do banheiro percebi que Juliana não estava mais na minha cama. Coloquei uma bermuda e fui fazer alguma coisa pra comer. Fiquei bastante tempo ali na cozinha preparando a nossa janta, porém Juliana não apareceu ali. Quando tudo estava pronto, fui até seu quarto avisa-lá que tinha comida, porém ela recusou dizendo que estava sem fome. Não questionei, apenas aceitei.

Comi, assisti um pouco de televisão e depois resolvi ir dormir. Juliana não dava nem sinal de vida. Não se levantou pra nada. Comecei a ficar com a consciência pesada pelo jeito em que havia falado com ela mais cedo. Entendi que ela não tinha culpa pelo que havia acontecido e decidi ir até seu quarto, antes de dormir.

—Ju. —bati na porta. —Posso entrar?

—Aham. —falou baixinho.

Ela estava coberta e apenas com o rosto pra fora. Parecia ter chorado e eu me senti a pior pessoa do mundo por saber que eu era o causador daquilo.

—Desculpa por mais cedo. —me sentei na beirada da cama. —Eu fiquei um pouco alterado e acabei passando dos limites. É que... pensar que poderia ter acontecido alguma coisa de ruim com você... eu não sei o que faria. Eu não me perdoaria nunca. Sabe porque? —ela negou com a cabeça. —Porque eu fiz uma promessa que te protegeria e quando a Yanna ligou falando do que tinha acontecido, eu me desesperei muito. Essa cidade é muito perigosa e várias coisas passaram pela minha cabeça. Enfim, desculpa. Não fiz por mal.

—Tudo bem. O erro foi meu... —ela se ajeitou na cama e se sentou na mesma.

—Não, o erro não foi seu, nem meu e nem de ninguém. Agora vamos esquecer tudo que passou e seguir em frente.

—Ok. —respondeu apenas.

—Um abraço pra selar a amizade?! —abri os braços e ela me abraçou.

Meu Deus, se eu pudesse ficar naquele abraço sempre, seria a melhor coisa do mundo. Apertei o abraço e quando estávamos nos separando, ela me olhou no olho e me beijou.
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Boa noitinha... ❤️
Beijocas

Boas MentirasOnde histórias criam vida. Descubra agora