Capítulo QUARENTA E SEIS

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•Por Juliana

—Fugindo de mim Juliana?! —ele falou atrás de mim. Merda.

—Porque estaria? —me virei.

—Sabe que eu não sei...

Jesus, me ajuda!

O que essa assombração faz aqui? Que perseguição. Quanto amor pela minha pessoa.

—Você precisa de alguma coisa? —perguntei. —Porque eu preciso levar o refrigerante para o meu marido.

Ele riu.

—Até quando você vai continuar com isso hein?! —ele me puxou pra mais perto dele e sussurrou ao meu ouvido.

—Continuar com o que? Não entendi. —respondi.

—Com esse casamento falso.
Achei que ouviria o conselho que lhe dei naquele dia, mas pelo jeito me enganei.

—Meu casamento não é falso! —disse firme.

—Saia da defensiva Juliana. Pare com esse orgulho todo. Isso pode te prejudicar e muito.

—Ah pode é?! E o que você pensa em fazer? —intimei mesmo. Cara ridículo.

—Quer pagar pra ver? —segurou meu braço com força.

Naquele momento eu vi sangue nos olhos dele. Vi um alguém que eu não conhecia e que não queria nem chegar perto.

—Porque não segue os conselhos que havia lhe dado? O meu objetivo é vê-la feliz. Então pare com essa frescura e comece a agir como adulta que é. Tenho certeza que é isso que seu pai esperava de você. —Puxei meu braço e ele soltou-me. Sai dali rapidamente.

Não quis respondê-lo. Sem duvida alguma eu iria ser grossa, e era melhor não atrair olhares ruins. Voltei para a mesa, coloquei o refrigerante em cima da mesma e grudei minha mão junto à do Rod.

Logo o evento deu início. Márcio fez um discurso rápido. Agradeceu a presença de todos ali e passou  para um grupo musical que iria se apresentar ali.

Havia uma pista de dança ali e eu não resistiria por muito tempo. Precisava dançar. Quem me conhece sabe o quão apaixonada eu sou por dança. Nas festas nunca conseguia ficar parada e, segundo meu pai, desde pequena sou assim.

Logo as músicas românticas começaram e vi ali a forma perfeita de mostrar ao Márcio que meu casamento não era nenhuma mentira.

—Vamos dançar? —Perguntei ao Rod, que me olhou surpreso, mas não falou nada, além de segurar minhas mãos e me levar até a pista de dança.

Ele levou sua mão até a minha cintura e eu, até os ombros dele. Os movimentos da dança eram leves e maravilhosos. Há tempos que não me sentia daquele jeito.

Nos aproximávamos a cada minuto da música. Encaixei meu rosto na curva do seu pescoço e sendo sincera, que perfume maravilhoso! Que marido maravilhoso que eu arrumei.

E, de uma forma que nem eu sei explicar, estávamos lá nos beijando. Na frente de todos.

Rodrigo se superava a cada beijo. Ele sempre conseguia fazer o seu beijo ficar melhor e eu me odiava por sentir e ver que era tão bom estar ali com ele. Ao mesmo tempo em que eu lutava contra mim mesma pra não me apaixonar por ele, eu queria me jogar naqueles braços maravilhosos pra sempre.

•Por Rodrigo

Percebi a Ju meio estranha ao voltar do bar que havia ali, mas não a questionei. Me chamou pra dançar e eu aceitei, mesmo sabendo que teria que resistir à ela ao máximo.

O simples fato de estar do lado da Ju já me acendia. Meu Deus, eu realmente não consigo entender o que acontece comigo quando ficamos próximos ou até mesmo quando nos olhamos. É algo fora do normal. Surreal.

Fomos até a pista de dança e eu tentava manter o meu auto-controle, pra não cair na tentação de fazer alguma besteira, mas ao mesmo tempo, mostrando para as outras pessoas e agindo naturalmente como um casal casado.

Foi difícil. À prova disso é que eu não resisti e beijei a Juliana ali. Hoje percebi como minha carne é fraca. Bastou ela se aproximar mais de mim e colocar sua cabeça na curva do meu pescoço que minha sanidade sumiu.

Quando minha consciência falou mais alto e me lembrou de que aquilo não era certo, terminei o beijo. Ela me deu aquele sorriso ao se separar do beijo, e eu percebi que não seria fácil aguentar por muito tempo.

Foi bom, foi maravilhoso, mas você não pode. Isso é apenas um acordo. Uma mentira. Uma boa mentira, mas continua sendo apenas uma mentira. Lembre-se disso Rodrigo.—Eu falava pra mim mesmo, enquanto voltávamos pra mesa onde estávamos.

A noite continuou e a hora da promoção estava para chegar. Meu nervosismo era o mais alto possível.

—Boa noite. —Márcio cumprimentou a todos no palco que havia ali. —Quero cumprimentar a todos e dizer que estou realmente muito feliz por vê-los aqui nesse dia tão especial que está sendo para nós.

—A hora é agora. —Li a boca da Ju.

—Quero convidar aqui ao palco os dois principais dessa noite. William Oliveira e Rodrigo Simas, por favor?!

Me levantei, tentando não transparecer tanto que estava nervoso. Márcio estava no centro do palco, eu do lado esquerdo e William do lado direito.

E começou o discurso e foi uma ladainha só. Tudo puxando saco de alguns empresários que estavam ali, algumas pessoas de destaque na sociedade e passou então para a parte em que revelaria o escolhido para a promoção.

—Quero deixar aqui bem claro que analisei ambos os projetos e posso dizer que foi uma escolha bastante difícil. Dois ótimos funcionários. Um que chegou agora, mas que fez uma enorme diferença para o nosso hotel—olhou pra mim dando aquele sorriso falso.—E outro que está a anos conosco e a cada dia nos surpreende mais. Bom, sem mais delongas, vamos revelar então. O escolhido para a promoção foi..
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Até sexta.
Beijocas

Boas MentirasOnde histórias criam vida. Descubra agora