Capítulo VINTE E TRÊS

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•Por Rodrigo

"Pior que vocês, só Juliana que está procurando um marido de aluguel."

como é que é?

—Perai, você disse que a Juliana está procurando um marido de aluguel? É isso mesmo que eu ouvi? —estava indignado, óbvio.

Percebi que naquela hora Mariana lançou um olhar pra Yanna tipo "cala boca".

—Não, não é nada disso. Falei sem pensar e acabei falando besteira... —tentou recuar.

—Nem vem Yanna, eu ouvi muito bem... e Mari nem adianta olhar pra ela desse jeito. Ela vai contar por bem ou por mal. —falei. —Me explica essa história desde o começo...

Ela me contou tudo e eu realmente pude comprovar que Juliana era completamente fora da casinha... Não, porque essa era a única explicação...

—Ela é doida Ya... Vai lá saber quem ela pode encontrar por aí. Ainda mais fazendo a entrevista em casa... —Bruno falou e o meu sangue começou a ferver só de pensar em algo de ruim que pudesse acontecer com ela.

—Sim, nós falamos isso pra ela né Mari—a morena assentiu com a cabeça. —mas Juliana é teimosa gente, não adianta...

—Ela está fazendo alguma entrevista hoje? —perguntei.

—Sim, marcou para agora mesmo.

Sem saber o que estava fazendo, me levantei e sai dali rapidamente. Ouvi Yanna questionando mas nem dei atenção.

Confesso que eu estava bastante confuso internamente. Minha cabeça falava "não vai, ela não te merece", mas o meu coração falava "vai, você prometeu que cuidaria dela". Resolvi ouvir o coração, mesmo sabendo que amanhã eu poderia me arrepender amargamente. Não pensei, apenas agi. E acho que isso às vezes se torna um problema na minha vida. Sempre deixo pra pensar depois e, na maioria das vezes, me ferro e me arrependo. Mas, dane-se.

Corri tanto no caminho que cheguei no prédio de Juliana em quinze minutos, coisa que na velocidade normal, chego em vinte e cinco, isso sem o trânsito.

Quando entrei ali, percebi o olhar de reprovação do seu Francisco, o recepcionista dali, o qual quis me barrar, mas eu não dei importância e logo entrei no elevador.

Enquanto o elevador iria subindo e chegava mais perto do andar onde ficava o apartamento da Juliana, comecei a ouvir alguns gritos de socorro. Prestei atenção melhor e assim que o elevador chegou no andar em que eu havia 'clicado', percebi que os gritos vinham dali.

Corri pra ver se a voz era parecida com a da Ju, e realmente a voz era dela. Abri a porta de uma vez e a encontrei numa cena horrível. Chorava e gritava por socorro, deitada no sofá, enquanto dois caras estavam em cima dela.

—O QUE QUE É ISSO? SAI DE CIMA DELA SEUS VAGABUNDOS... —gritei e fui pra cima deles.

—Que isso cara, que isso... —um deles se desesperou.

—SUMAM DAQUI!! —eles tentaram falar mais alguma coisa, mas eu os interrompi e gritei novamente. —SUMAM DAQUI!!!

Eles, sem pestanejar, correram dali e sumiram das nossas vistas. Abracei a ela, que chorava compulsivamente.

—Calma, fica calma, tá tudo certo!!!

Ficamos ali abraçados até ela acalmar os ânimos. Assim que percebi que ela já estava melhor, fui buscar um copo de água com açúcar pra ela.

—Toma... Vai te fazer bem. —dei à ela o copo, o qual tomou de uma vez só. —Juliana, você quer me matar do coração cara... —coloquei a mão no rosto.

—Desculpa... —ela, então, falou.

—Será que eu posso entender o que aconteceu? Porque até agora não consegui entender nada.

Ela respirou fundo, e falou.

—Eu havia marcado uma entrevista com esses dois caras, pra conhecê-los e saber se daria para me casar com eles. De início eles pareciam super de boa sabe. Entraram aqui, me trataram super bem e tals, mas dai eles começaram a fazer perguntas indiscretas e falando que precisavam fazer o teste do sofá pra ver se realmente eu era boa e se casariam comigo. Foi quando eles me colocaram a força deitada no sofá e, graças a Deus, você chegou.

—Meu Deus cara... —coloquei as mãos novamente no rosto. —Eu não sei quem é pior se são esses caras ou você, que está procurando um marido de aluguel e ainda traz o cara pra sua casa pra fazer a entrevista com ele. —falei. —Você tem noção do perigo que você está correndo fazendo isso?

—Fazendo o que? Trazendo eles pra casa?

—Também, mas principalmente tentando arrumar um qualquer pra se casar com você. Juliana essa é a maior maluquice da vida cara. Sabe lá quem você pode encontrar, como que o cara é...

—Por isso que eu resolvi fazer a entrevista... —ela falou baixo.

—Tá e você acha que o cara vai ser completamente sincero com você? —perguntei. —você é tão ingênua a ponto de acreditar em qualquer coisa que ele falar? —ela nem me olhava. —Ele pode muito bem mentir pra você. Imagina se você conhece um qualquer por aí, resolve se casar com ele... depois descobre que o cara tem problemas com bebidas, podendo até chegar a te bater... Imagina Juliana... —falei mais alto.

—Eu sei que é uma loucura Rodrigo, mas eu não posso fazer nada... Vai ser um risco que eu vou ter que correr. —falou num tom baixo. —Eu preciso encontrar alguém pra ontem e me casar pra anteontem. Não posso perder tempo.

—Você precisa de alguém pra se casar?

—Sim...

—Então eu me caso com você.
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Eitaaaa, segura o forninho!!!
Desculpa pelo atraso, estava viajando e sem net.
Beijinhos, até quarta.

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