Eu fiquei apavorada. Aqueles espinhos estavam mesmo em mim, não tinha sido só um sonho, eles estavam em mim, mesmo que só um pouco.
- O que foi?
Com o susto mergulhei minhas mãos na água muito rápido fazendo um splash e com água respingando para todos os lados. Dei um sorriso amarelo para Shun, ele estava na margem, já limpo do sangue, exceto por seu suéter.
- Ah! Nada...
Nunca tive que mentir tanto em minha vida, e depois de mentir sobre quem era e me perder em mim mesma sem saber o quê eu realmente sou comecei a falhar, se minha cara já não hovesse denunciado a mentira, minha voz e fala arrastada teriam. Eu forcei um riso sem graça e Shun ergueu uma sombrancelha, ele obviamente tinha percebido, mas simplesmente ignorou.
- Acho bom irmos logo. Temos que falar ao menos com Brittany.
- O quê? Porque? Pensei que não fôssemos falar para ninguém.
- Não se preocupe, pode confiar nela. E sendo uma das representantes daqui é bom que ela fique sabendo, também temos que descobrir quem era aquele cara.
Eu concordei, se não podia confiar em Britta, em quem confiaria? Me levantei e coloquei as mãos nos bolsos dos shorts. Shun estendeu a mão e eu quase a segurei com a direita, então ergui a esquerda. Shun riu então ficou sério, ele não pegou minha mão. Ele tocou meu pulso direito e eu fechei a mão em um punho para esconder o indicador e deixei que ele tirasse minha mão do bolso.
- O que houve? - Ele me olhou. - Não se preocupe, pode confiar em mim.
Eu suspirei. Eu o tinha conhecido apenas no dia anterior e ele já me pedia confiança. Mas tinha sido eu quem o fez queimar um corpo e não contar a ninguém.
Abri minha mão e ele viu a tatuagem que eu não tinha feito que magicamente surgiu do nada.
- O que é isso? Você não tinha nada disso até agora pouco. Como isso apareceu?
Eu dei de ombros.
- Não sei. Acabei de ver também.
Ele passou os dedos pelas linhas.
- São espinhos... Para algo tão detalhado surgir assim, nem mesmo uma maldição.
Abri mais meus olhos.
- M-maldição?!
- Algumas deixam marcas nas vítimas. Mas não é uma, calma. As marcas das maldições geralmente envolvem escritas ou símbolos muito específicos. Essa... essa sua marca mais parece uma marca de tinta.
Nos olhamos. Coisas estranhas estavam acontecendo em uma velocidade muito grande, um homem morto, um assassino de lança com um olhar mortal, corpos queimando com fogo estranho e uma tatuagem mágica e sinistra. Que dia perfeito!
- Temos que mostrar isso para Brittany.◇•°•◇
As pessoas estranhas da rua da cidade estranha paravam de caminhar conversar ou qualquer coisa que estivessem fazendo para olhar para a garota com roupas sujas de sangue. Não, dizer que era para a garota seria um egocentrismo, olhavam para o garoto que a arrastava consigo, um rapaz com uma beleza sobrenatural com um suéter sujo de sangue. Talvez fosse para os dois, para nós dois. Talvez alguma bruxa houvesse enfeitiçado todos para que nos olhassem, ou talvez fosse o fato de sermos os únicos a correr por uma rua de feira, o sangue em nossas roupas devia receber seu crédito também, sangue que não era nosso.
Inrrompemos pela porta da Loja de tecnologias Externas e uma bruxinha de porcelana se levantou agitada e assanhada.
- Que merda que vocês andaram fazendo?
Ela se aproximou e nos olhou de baixo como se fôssemos nós os pequeninos.
- Aitsune, pensei que podia deixar a T-Maika contigo. E tu me traz a garota ensanguentada!
- Britta, eu... Nós...
Ela me olhou esperando que eu continuasse, mas essa pessoa aqui não funciona sob pressão então eu mordi minha boca, gaguejei, pisquei muito e nada me veio a cabeça.
- Encontramos um corpo.
Isso! Shun me salvou dessa. Britta olhou para ele.
- Hã?◇•°•◇
- ... depois de cobrirmos o corpo eu vi alguém se aproximar e nos escondemos, provavelmente era o assassino, parecia que queria alguma coisa com o corpo. Mas aí ele queimou...
- Mas como vocês ascenderam o fogo?
Estavamos na sala de estoque da loja, sentados em caixas, rodeados por velharias tecnológicas, Britta escutava Shun atentamente. Eu apenas concordava. A luz ali provinha de uma janela minúscula e o ambiente apertado e escuro me sufocava, a janelinha me deixava com a sensação de estar presa, estar sentada em caixas não colaborava muito.
- Eu suspeito que Maika o tenha provocado.
Agora as atenções eram todas minhas.
- Não me pergunte como. Eu mesma acho que foi outra coisa, talvez o sol...
Eu parei de falar notando a estupidez do que estava prestes a anunciar.
- Ela é meio alf, então eu pensei - Shun retomou as rédeas da conversa - que esse deveria ser o poder dela. Você pode verificar isso, não pode?
Britta confirmou.
- Depois eu vou testá-la.
- Voltando, depois que o assassino foi embora eu verifiquei o lugar, o fogo tinha queimado só o corpo. Todo o resto ainda estava lá e não tinha cinzas. Nem mesmo o chão estava quente. E também tem isso.
- O que?
Shun me olhou e eu o entendi, mostrei minha mão para Britta. Ela continuou calada.
- Essa tatuagem apareceu do nada aí.
Ela apenas olhou. Depois de uma eternidade se levantou.
- Aitsune. Eu quero que você vá para sua casa. Se troque e tome um banho. Depois do almoço vá para a minha casa. Vamos descobrir quem era o homem e quero que me levem ao lugar que o encontraram. - Ele se levantou e ela se voltou para mim. - Vamos encontrar com Liang, depois vamos tentar entender o que aconteceu.×××
AMA! O prox cap tá massa!
Vai parecer que fizeram um ritual, mas calma, é só uma vesteirinha. Hihihi
Vocês vão gostar.
Capítulo 17: Inscius de fogo
Espero que adorem! ^^
Brighid
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Cidade de Magia - Marcada por Espinhos
Fantasy" Houve um tempo em que o que se chamava fantasia coexistia com o que chamavam realidade. Durante séculos a humanidade afetou drasticamente seu mundo, criou coisas que não se pode nem imaginar. Essa habilidade humana se tornou uma ameaça... " Tiry...