O som do pêndulo do relógio ecoava pelo cômodo, meu coração batia no mesmo ritmo, mesmo com o movimento continuo os segundos não pareciam passar. Minhas mãos estavam apertadas e eu encarava o chão, me concentrando tentando escutar alguma palavra vinda do outro lado da parede, no máximo escutava a voz de Trent, ele parecia se alterar as vezes, dizia coisas como isso é uma blasfêmia, ou vocês não podem acreditar nisso.
Eu ficava apenas mais nervosa, até que fez-se mais silêncio ainda e a porta se abriu, enfim um intervalo. Trent entrou enquanto virava um copo de água, ele estava suado, deveria estar tão estressado quanto eu. Pela primeira vez realmente não senti medo dele, estava mais apavorada pelo júri que nem sequer vi. Como eles poderiam me julgar? Eles nem me viram, escutar apenas pelos outros poderia levar a um julgamento precipitado. Trent sentou em um suspiro, se apoiando na parede. Ele me olhou e bateu a mão no espaço ao seu lado.
- Sente aqui menina do fogo, vamos ter uma breve conversa.
Eu obedeci, quando sentei ele virou o rosto para mim, com a cabeça ainda encostada na parede.
- Estamos perdendo. A acusação não para de dizer que você matou uma criatura e que por mais que não fosse intencional seu poder é uma ameaça aos demais portadores. Diz que não duvida em nada que você vai atear fogo no tribunal e fugir.
Eu me espantei, não esperava aquele tipo de acusação. Ele riu cansado.
- É um bom ataque. Realmente aquele cara é bom. Não me surpreenderia se nos amanhã houvesse uma execução. - engoli em seco, se Trent estava desistindo, aquele vampiro poderoso, como eu ainda poderia lutar? - Mas nós ainda vamos vencer. Ainda não usei minha carta. Nessa seção devem te chamar, vou fazer com que chamem, e quero apenas que responda com sinceridade, não pense antes de falar, apenas fale.
Concordei e ele se levantou.
- Você está me dando trabalho hein?
- Me desculpe.
Eu realmente sentia muito, ele estava arriscando a propria vida naquele julgamento. Ele assanhou meu cabelo.
- Não tem problema. Ao menos vou comer da comida da Bruxa prateada. E depois você me recompensa dominando esse seu fogo.
Ele piscou e saiu.•○°○•
Realmente me chamaram, eu segui o homem no terno para dentro de um salão escuro, estava quase totalmente negro lá dentro, eu topei com uma cadeira e escutei uma voz dizendo para que eu sentasse. Obedeci quieta. Com o tempo minha visão começou a melhorar, estava me acostumando ao escuro, e eu pude ver figuras em uma bancada mais alta, eles pareciam a imagem de várias mortes encapuzadas, os rostos escondidos na penumbra.
- Você é Maika Sellivard, mestiça de Alf e humano?
Eu levei um susto com a voz alta e minha voz falhou.
- S-sim.
- Você nega ter incinerado três casas e uma criatura?
- Não.
Dessa vez consegui soar mais alta e confiante, apesar de não ser a resposta que eu gostaria de dar, mas não podia mentir.
- Executou tais ações espontaneamente?
- Não.
Outra voz se manifestou, uma mais grossa.
- Então outra pessoa o fez?
- Não.
Parecia que queriam que eu me contrariasse, mas não cederia a aquele desejo, não era somente minha vida em jogo.
- Explique!
Levantei minhas pernas da cadeira, já estavam grudando de tão suadas. Me arrependi, pois Trent tinha dito para não me mover muito, e percebi que encarava as figuras, abaixei o olhar.
- Eu estava tentando fugir do wendigo e quando ele estava me sufocando vi ele ficar em chamas, eu sabia que o fogo era meu, mas não o tinha chamado.
- Você tem controle de seu fogo.
Neguei, mas me lembrei que estavamos no escuro eles não podiam me ver.
- Não.
- Recentemente foi aceita na Academia Unique, correto?
- Sim.
- Então ainda está em treinamento.
- Sim.
- Qual a sia idade?
- Tenho dezesseis anos.
Escutei sussurros e resmungos que se esvairam aos poucos. Quando se fez silêncio o primeiro falou.
- Senhor Trent, o que mais tem a nos dizer?
- Meus caros júris, se me permitem, realmente notaram qual o inscius da ré?
A voz de Trent soou vinda atrás de mim. Eles sussurram mais uma vez.
- Fogo.
- Sim! Fogo, mas não qualquer inscius de fogo. Ela não só o manipula, como também o cria. Reparem, ela incineirou não somente o wendigo, como também mais três casas, podemos ver como deve ser grande o tamanho de seu poder. Lembram-se de quais são os poderes mais raros em nossos dias?
- Fogo e água.
Uma mulher respondeu. Trent riu.
- Exatamente! Não é incrível? Um poder tão raro e ainda grandioso! Essa garota também foi considerada uma candidata pela Unique, uma prometida! Não podem permitir que nossa sociedade perca tal poder.
Eles voltaram a discutir em sussurros. Um barulho de batida em madeira ecoou.
- Iremos discutir e retornaremos com o veredicto em uma hora.•○°○•
Quando fomos chamados novamente Trent sorria de orelha a orelha, meu coração palpitava à velocidade da luz e parecia que eu ia vomitar a qualquer instante. Entramos no salão escuro mais uma vez, ficando em pé.
- Hoje foi a julgamento Maika Sellivard acusada de homicídio, danos a bens privados e uso não autorizado do inscius contra outra criatura. Tendo escutado a acusação executada por Literford Frotea e a defesa executada por Cassim Trent o júri discutiu o caso e elaborou seu veredicto. Maika Sellivard é...×××
Tantantan tan...
Eita kkkkkk
Sim, vão ter qu esperar o próximo cap pra saber o veredicto. Muahahaha
Também amo vocês.
- Não me matem, vou colocar o prox cap amanhã -
Brighid
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Cidade de Magia - Marcada por Espinhos
Fantasy" Houve um tempo em que o que se chamava fantasia coexistia com o que chamavam realidade. Durante séculos a humanidade afetou drasticamente seu mundo, criou coisas que não se pode nem imaginar. Essa habilidade humana se tornou uma ameaça... " Tiry...