A porta estava trancada, o quarto escuro, a janela fechada, as luzes apagadas. Sombras pareciam dançar nos cantos do quarto, debaixo dos móveis e no teto. Um silêncio mortal reinava exceto quando o vento fazia as folhas de árvores se agitarem. Uma música fúnebre para os que seriam levados no véu escuro que cobria a cidade. Todos se recolhiam em suas camas sob seus cobertores, com olhos inquietos espreitando pelas bordas, mãos apertadas e pernas encolhidas em uma constante e interminável ansiedade, esperando que o dia chegasse e que não fosse eu a escolhida. A lua minguante brilhava fraca, tornando tudo ainda mais assustador. Olhos que vão da porta à janela, observando os feixes de luz fraca que as atravessavam, atentos, cansados e receosos. Os segundos infinitos não passavam e a cada pulsar uma oração.
Não era somente o medo que me mantinha acordada, a curiosidade também me afastava o sono. Por mais que fosse aterrorizante a ideia de em dois meses ser exibida em local público com uma lâmina atravessando o coração estava curiosa para entender aquilo, para saber o que estava acontecendo com aquelas pessoas que sumiam e quem os levava.
O tempo passava e mais eu raciocinava sobre o mistério. Como? As pessoas sumiam toda semana, sempre um homem e mulher, sempre alguém com um grande poder, e dois meses depois alguns eram exibidos. Um aviso talvez? Mas nem todos eram devolvidos e por que especificamente dois meses depois? Além disso sempre na noite. A noite era o momento perfeito, escuro e todos isolados em suas casas. Espera! A estranha e Marian tinham dito que essas pessoas geralmente viviam isoladas. Talvez não fizesse grande diferenca especificamente quem era levado, talvez bastasse o inscius, não era um aviso ou protesto. Estavam usando as pessoas para alguma coisa, precisavam delas. Mas se precisavam por que matá-las?
Minha linha de raciocínio foi interrompida por um som diferente do farfalhar de folhas. Eu me sentei na cama bruscamente, olhei ao redor. Tinha sido perto, mas não era aqui.
Sem pensar joguei o cobertor para longe e deixei a curiosidade sobrepor-se ao medo.
Abri a janela e me debrucei sobre o parapeito, olhando para os lados e procurando algo. Outro baque, algo como uma porta sendo forçada, mas não era daquele lado, vinha do quintal.
Destranquei a porta e desci as escadas às pressas, sem fazer barulho, meus pés descalços eram silenciosos sobre a madeira. Corri para a cozinha e nada. Tudo normal e escuro por ali. Escutei um começo de grito, mas que foi impedido. Não esperei e abri a porta da cozinha seguindo para o jardim de trás.
Olhei para todos os lados, mas tudo estava normal. Atravessei o jardim e inrrompi pelo portão de ferro seguindo para o campo entre as casas e a floresta. Girei ao meu redor a procura de algo, até que um pouco distante eu vi uma figura, coberta pela escuridão. Grande e... e... com asas...? Eu paralisei, era um monstro, um monstro que levava as pessoas no meio da noite.
Eu teria ficado ali, teria deixado ele passar afinal ele não tinha me visto. Mas... mas uma mancha roxa me fez agir, fez minhas pernas se moverem, irem na direção ao aterrorizante.
Ela se debatia, mas o monstro não a soltava, ele corria em meio ao campo. Por que ela não gritava? Por que ela não clamava por ajuda?
Eu corria o máximo que podia, mas ainda não era o suficiente. O monstro era muito rápido.
O campo estava chegando ao fim e logo chegariam à floresta que possuia um tom azul quase negro. Uma nuvem cobriu a lua falsa e tudo ficou ainda mais escuro, ele estava entrando na floresta.
O que eu faria? O que eu faria?
Alcancei os trilhos e bati meu pé no ferro, quase chorei com a dor, mas continuei correndo, aquela garota iria ser levada, eu precisava ajudar, nem que fosse levada também, mas não poderia viver sabendo que eu a tinha deixado ir sem nem ao menos tentar ajudar.
Mordi meu lábio reprimindo um choro, as lágrimas desciam com a dor que aumentava a cada metro que eu percorria, e entrei na floresta.×××
Vocês reclamam: Brighid, foi muito curto!
Eu respondo: Mas foi massa.
Vocês pedem: Ao menos recompensa colocando o próximo logo.
Eu digo: Calma gente! Vou ver se coloco ainda hoje ou amanhã.
Kkkkk
Gostaram?
Bem até a próxima.
Próximo capítulo: Uma floresta escura
Um pandabraço
Brighid
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Cidade de Magia - Marcada por Espinhos
Fantasy" Houve um tempo em que o que se chamava fantasia coexistia com o que chamavam realidade. Durante séculos a humanidade afetou drasticamente seu mundo, criou coisas que não se pode nem imaginar. Essa habilidade humana se tornou uma ameaça... " Tiry...