Primeiro eu senti um peso, como se meu corpo pesasse toneladas, depois frio e então eu abri meus olhos. Estava no chão, tudo era escuro, mas acima de mim eu vi estrelas. Não eram estrelinhas de quando você fica tonto, eram estrelas de verdade, eu não estava mais na Cidade. Mas também haviam barras de ferro. Me apoiei no chão e sentei, havia uma espécie de pia num canto e nada mais. Olhei ao redor, mais barras. O que era aquilo?
- Onde estou?
Imaginei se faria a pergunta de quem eu era, mas ela não era necessária, eu sabia bem que eu era, ou não sabia? Depois de tudo aquilo ainda podia dizer que conhecia alguém ou a mim mesma? Afastei o pensamento e resolvi continuar acreditando que sabia. Ao menos um nome eu tinha e era Tirya. Me levantei para investigar melhor onde eu estava, olhei para o lado e vi uma espécie de mancha do outro lado das barras, não. Não era uma mancha, era uma pessoa, era Serafine! Corri para as barras até estar colada a elas.
- Serafine! Serafine!
Eu a chamava, mas ela não atendia. Me virei para o outro lado, tinha outra pessoa lá. Corri até as outras barras e as agarrei. Era Adam. Me espremi nas barras como se pudesse atravessá-las se me esforçasse um pouco mais.
- Adam! Adam!
Ele também não respondia. O que eu faria? Tínhamos sido capturados em território hostil, eles bateram em nossas cabeças para nos desacordar. Levei uma mão à nuca e eu senti uma irregularidade, estava inchado e muito. Minha cabeça doía, minhas mãos começaram a tremer. E se tivessem batido neles com força demais. E se... se eles nunca mais acordassem. Eu comecei a chorar, eu estava sozinha, não queria estar. Por que eu tinha que me envolver naquilo? Por que eu fui arrastar Adam? Mas ele estaria ali de qualquer forma, não podia ficar sem fazer nada. Olhei para Serafine, não tinha mais ninguém que soubesse onde estávamos, agora também seríamos desaparecidos, também exibiriam nossos rostos em folhetos pela Cidade.
- O que está fazendo?
Olhei para a frente. Era Adam. Ele... ele estava se movendo! Me agarrei às barras.
- Adam! Você está bem? Consegue dizer quantos dedos tem aqui?
Ele ficou de lado e se aproximou estreitando os olhos.
- Está escuro. São quatro?
- Sim!
Ele estava próximo então o agarrei e puxei para as barras, apertando bem sua cabeça, nunca mais deixaria que fosse.
- Ei! Isso machuca.
Soltei ele, mas agarrei uma mão, não podia deixar. Ele caiu deitado mais uma vez. Estava com medo. Eu estava apavorada.
- O que há agora?
Ele ainda parecia irritado. Mas dane-se. Dane-se essa raiva dele. Não quero mais me sentir sozinha.
- Não vou deixar que vá!
- Isso é meio bizarro. Espera... - Ele trouxe o rosto para perto das barras. - Você estava chorando?
Larguei a mão dele e limpei o rosto.
- É claro que não.
Ele gargalhou.
- Você estava sim! Achou o quê? Que eu tinha morrido?
Ele ria. Como se eu fosse dizer para aquela criatura que eu tinha chorado por ele.
- E você? O que há com essa raiva?
Ele ainda ria.
- Você admitiu. Realmente admitiu! - ele respirou um pouco, me afastei das grades. - Tudo bem, prometo que não vou morrer ao seu lado.
Fiz uma careta.
- Que tipo de promessa é essa?
Ele deu de ombros.
- Se eu morrer perto de ti, provavelmente vai se culpar depois, certo? Então faço esse favor.
- Como se isso fosse um favor. - resmunguei. - Hein! Você não me respondeu. Que raiva toda era aquela?
Ele virou o rosto.
- Tenho meus motivos.
Fiquei impaciente.
- Por que não me fala?
- Tenho meus motivos.
Agora estava irritada.
- Só porque eu não contei sobre os planos não significa que sou uma mentirosa ou que estava te enganando.
Ele me olhou com fúria.
- Se você tivesse me contado os planos não estaríamos aqui! Onde quer que seja.
- Não podia contar!
- Ah! Sim, claro. Por que eu era a isca.
- Não! Não. - diminui o tom - É por isso que não contei. Por que você tentaria fazer algo. E olha como acabamos!
- Acha mesmo que eu ficaria parado enquanto tentavam me levar para virar cadáver exposto em fontes?
- O que você poderia fazer?
Eu explodi mais uma vez. Ele era teimoso, era insistente e aquilo me deixava irritada, não era para estarmos naquela situação. Eu... eu queria poder fazer alguma coisa, mas ele ainda assim insistia em lutar, se precisava expor sua fraqueza para que ele deixasse de lutar eu o faria. Assim não iria se machucar.
- Hoje você não pode nada! Hoje você está tão fraco quanto eu antes de achar esse poder!
Ele ficou calado.
- Hey hey! Que clima pesado é esse?
Me virei e vi Serafine se levantando.
- Vocês parecem um casal de velhos. Sabe, quando o que os mantém juntos é o apego que têm um pelo outro, mas caíram na rotina e não sabem mais o que é romantismo.
Ela olhou para nós dois e riu.
- Sim, um casal de velhos é o que temos aqui.
- Serafine, o que faremos?
Eu ignorei completamente o que ela disse. Ela pareceu se magoar um pouco, como uma criança que pregou uma peça que falhou.
- Essas barras são de ferro. O nosso grande inimigo. Não tem como fazer magia, chamar inscius ou qualquer loucura. Agora somos ratos em ratoeiras.×××
Hoi hoi hoi! Esses caps estão muito grandes para a reta final, mas hacer o qué? Tenho que tentar controlar mais esses dedinhos.
Enfim. No próximo capítulo( Ratos ) finalmente teremos uma visão(ou leitura) do inimigo desse livro. Sinto pena do Adam. A Tirya é malvada só com ele, vamos todos dar apoio ao Adam. #FightAdam! Kkkkk essa hashtag ainda vai voltar, mas com outro objetivo muahaha. Lembrem dela.
Gud naito! (esse é de Beel*** -quase esqueci que esse nome não é mto legal-)
Brighid
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Cidade de Magia - Marcada por Espinhos
Fantasy" Houve um tempo em que o que se chamava fantasia coexistia com o que chamavam realidade. Durante séculos a humanidade afetou drasticamente seu mundo, criou coisas que não se pode nem imaginar. Essa habilidade humana se tornou uma ameaça... " Tiry...