Encarei minha carta no ar, ela estava flutuando. Tarsa uniu o indicador e o dedo médio de cada mão e apontou para cada carta.
- Eu agora os torno ursos.
Minha carta se tornou fogo e a de Lark água. O fogo voou para o emblema em meu uniforme e então sumiu em um brilho.
- Oh!
O emblema do pássaro coroado agora tinha um brilho verde, como minhas chamas. Olhei para o de Lark, ele tinha um tom azul cristalino.
- Normalmente eu faria isso separadamente, mas vocês já sabem os inscius do outro.
Tarsa tinha vindo à nós correndo depois que o ranking final foi exibido dizendo que precisava de nossas cartas, ele nos levou devolta para a sala, apenas nós dois e ele, pediu que o mostrassemos as cartas então fez aquilo.
- E para que serve isso?
Lark emcarava o emblema curioso, ele tinha feito uma pergunta que eu estava prestes a fazer.
- É para que seus poderes não destruam os uniformes. - Ele me indicou - Você já tostou suas roupas enquanto brincava de tocha? - Neguei. - Então teve muita sorte, o normal seria que elas virassem cinzas. Talvez tenha um controle melhor do que acha. - Ele se voltou para Lark. - E você deve viver encharcado. - O alf olhou para o lado e Tarsa riu. - Vê? Temos alguém mais normal aqui. Bem, agora seu uniforme não vai ficar molhado.
Eu fiz um O com a boca.
- Isso deve ser bem útil!
Tarsa balançou a cabeça freneticamente.
- É muito! Antes disso sempre que eu mudava de forma voltava nu.
Meu riso não foi suprimido. Lark também riu de leve.
- Isso, riam do seu professor. Se não fosse por mim agora imaginem vocês no meio de um campo rodeado de outros alunos - ele apontou para mim - Você com roupas queimadas e você - o dedo indicou Lark - parecendo um gato molhado. Todos iriam rir de vocês, comparado a isso suas risadas são como folhas caindo para meus ouvidos, não são sequer notadas!
Pisquei algumas vezes. Ele foi até a porta e a abriu.
- O que há com essas caras?
Os alunos tinham expressões sombrias, Dylan fechou os olhos e suspirou.
- Encontraram os corpos das ultimas vítimas.
Não pude ver a reação de Tarsa, mas ele paralizou. Corpos? De quem? Como? Tem um assassino à solta?
- Onde?
A voz dele saiu rouca.
- Na fonte de Marvilic.
Ele saiu empurrando os alunos à frente, corri para a porta e o vi sumir o corredor. Encarei os ursos no corredor, todos pareciam tensos, olhavam para o chão. Me virei para Lark, ele tinha se mantinha pensativo. Perguntei sem me referir a ninguém em especial.
- O que aconteceu?
Lissa trincou os dentes e me enviou um olhar de raiva, Dylan me encarou.
- Nos últimos cinco meses duas pessoas tem desaparecido toda semana, um homem e uma mulher. Depois de dois meses o corpo do primeiro homem desaparecido foi encontrado exposto na area central da cidade, e toda semana têm exibido um novo corpo. Dessa vez foram dois. Um era o amigo de Tarsa.
Como assim? Eu estava ali a mais de uma semana e não sabia de nada, nem menções. Foram os seis dias dormindo. Então esse lugar passa por grandes problemas, wendigos e assassinatos em série. Isso é horrível! Como o professor não deve estar se sentindo?
- O que... - engoli em seco - O que fazem com eles?
- Ainda não sabemos. Os corpos não têm dano algum além da perfuração no coração com a espada que os prende à parede ou chão. Sempre exibem em lugares diferentes e eles sempre parecem recém mortos.
Minha alma saiu de meu corpo por um breve momento. Aquilo era horrendo, atroz. O duende saiu do grupo seguindo o mesmo caminho que Tarsa.
- Para onde vai?
O elemental gritou com ele que não se virou para responder, apenas parou por tempo o suficiente para falar.
- Ele vai precisar de apoio.
Dylan seguiu atrás dele.
- Ele está certo, temos que ir.
E ver dois cadáveres? Eu já tinha criado um, ainda teria que ver duas pessoas recém assassinadas? Não...
Os outros concordaram, mas a fada saiu correndo em outra direção, pensei em segui-la.
- Não precisa ir.
Shun falou suavemente, como se eu fosse uma criança sendo obrigada a sair com os pais. Pensei em Tarsa, no sorriso que ele tinha mantido, era um completo estranho, mas bastante amigável. Talvez ele precisasse mesmo de apoio, mas não de uma estranha, não de uma aluna nova que estava indo a julgamento, ele precisava dos alunos dele, dos ursos dele. Acenei para Shun.
- Vá atrás de Marian, ela deve ter ido aos banheiros, fique com ela.
- Eu também vou ficar.
Me virei para Lark, deveria sentir o mesmo que eu, um completo estranho apoiando um estranho, isso só provocaria mais angústia. Shun acenou e Lark também, eles pareciam se entender com seus acenos leves. Dylan chamou todos.
- Muito bem, agora que decidiram vamos, não podemos deixá-lo sozinho.
Nos separamos, indo a lados opostos do corredor, ainda pude escutá-los correndo.×××
Dei a louca. Muahahahaha...
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Cidade de Magia - Marcada por Espinhos
Fantasy" Houve um tempo em que o que se chamava fantasia coexistia com o que chamavam realidade. Durante séculos a humanidade afetou drasticamente seu mundo, criou coisas que não se pode nem imaginar. Essa habilidade humana se tornou uma ameaça... " Tiry...