Eric? Quem?

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Eu, é claro, corri de volta para a casa, mas não antes de explicar para Shun que eu precisava falar com Britta, em uma frase em ordem completamente sem sentido.
Trent já tinha saído, Britta ainda estava na sala com Claren. Não tive paciência para enrolar ou contextualizar, fui direta.
- Quem é Eric?
Eu falei ao mesmo passo em que estava entrando na sala ofegante da corrida, elas se viraram para mim confusas.
- O que é isso, Tirya?
Claren me repreendeu pela atitude, mas não me importei. Eu olhava fixamente para a bruxinha.
- Eric?
Eu acenei e me aproximei devagar.
- Que Eric?
- Não sei... um que se envolveu com minha mãe?
Ela olhou para baixo e piscou algumas vezes.
- Não teve nenhum... Por que?
- Eu encontrei uma árvore com o nome de Dara e Eric entalhados dentro de um coração.
Claren riu.
- Pode ser qualquer um...
- Não! - elas se encolheram brevemente, abaixei meu tom de voz. - Não. A letra, a assinatura era dela. Eu tenho certeza. Tem ela por toda a casa nos quadros. Só pode ser dela.
- Alguém de letra parecida.
- Vocês não entendem? Sabem qual a probabilidade de alguém ter o nome Adara hoje em dia? E usar o apelido Dara? E assinar daquele jeito? E ter vivido aqui? Vocês entendem como a probabilidade de que todas essas condições se apliquem a duas pessoa é quase ínfima, se não nula?
Elas se entreolharam.
- Não sei de nenhum Eric e se teve ela não me contou.
Pela expressão dela, nem mesmo Britta parecia estar realmente certa daquilo.
- Tem certeza?
- Tenho!
Eu a encarei mais um pouco.
- Porque parece que não está dizendo tudo.
Ela bufou.
- Caracoles! Tirya, eu tenho certeza, certo?
Ainda não acreditava naquilo, assim como sabia que ela também não. Me rendi e sentei no sofá. Ela podia simplesmente não se lembrar. Quem era esse Eric? Pendi minha cabeça para trás para o sangue circular mais na área.
- Acho que vou preparar o jantar.
Me levantei imediatamente, sentindo uma leve dor de cabeça. Jantar! Me levantei e corri para as escadas, parei brevemente.
- Não precisa contar comigo.
Continuei subindo. Escutei Claren gritar da escada.
- Vai para onde?
- Vou jantar na casa do Adam!
- Quem?
Ela tinha subido.
- Adam Fuller ou Fur. Algo assim.
- Furler?
Confirmei.
- Os lobos da lua?
- Esses mesmos.
Ela pareceu confusa.
- Por que vai jantar na casa deles?
- Fui convidada. Na verdade tá mais pra convocada.
Eu ri de leve de minha própria situação desconfortável. Claren fazia uma careta.
- Por que?
Dei de ombros. Ela me lançou um olhar reprovador.
- Por que eu converso com ele.
- Sério, Tirya? Ninguém convidaria outra um estranho para casa só porque fala com o filho. Se não achasse... - Ela arregalou os olhos - Para onde mesmo tem ido todas essas noites?
A respondi com um sorriso, ela parecia pensar errado, mas não queria dizer que estava bancando a vigia na casa de lobisomens.
- Você está indo em direção a morte!
- Já estou à vista dela.
Britta passou e parou, nos olhando.
- O que tá acontecendo por aqui?
Claren se virou para a irmã.
- Ela foi chamada para jantar na casa de licantropos, sabe...?
Britta olhou de Claren para mim e depois o reverso.
- Deixe ela ir.
- Mas...
- Claren, não é como se ela estivesse indo para a Floresta Negra.
Claren resmungou em resposta.
- É quase isso. - Se virou, pigarreou e ajeitou a postura. - Se vai ser jogada aos lobos essa noite - ela riu da própria piada - é bom que saiba com o que vai estar lidando.
Eu a lancei um olhar incentivador.
- Eles não gostam que mencione vampiros, essa inimizade vem de séculos, não sorria muito, mas sorria as vezes. Tem que ser educada e polida, nada de gírias ou essas outras coisas. Postura é importante para eles, mostra seu status social, os prateados se consideram os primeiros, os maiorais porque são os mais poderosos depois dos negros que quase não existem mais, então nada de comparar também. Evite falar, é mais seguro. E quando for comer, use os talheres mais externos até os mais internos.
Acenei para tudo o que ela disse. Quando terminou ela suspirou e me olhou ternamente.
- Você está... apaixonada por ele?
Britta gritou de dentro do quarto dela.
- Deixe ela viver, Calren! Não é a mãe dela!
Eu sorri.
- Eu sei disso sua idiota!
Me surpreendi com a resposta dela.
- Eu sei que não sou sua mãe, mas é que realmente me apeguei a você, sei que faz pouco tempo, mas...
- Tudo bem.
Ela sorriu.
- Ok. Agora vá se arrumar!
Me endireitei.
- Sim, senhora!

Cidade de Magia - Marcada por EspinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora