Cidade de Magia - Marcada por Espinhos

O julgamento

Quando as aulas terminaram fui surpreendida na saída por uma bruxinha. Deixei Shun para trás e corri até ela.
- Aconteceu alguma coisa?
Seu rosto se mantinha inexpressivo.
- Seu julgamento é hoje.
- O quê?
- É isso aí menina do fogo! Hoje vamos decidir seu futuro!
Me virei e um vampiro estava atrás de mim, sua figura alta me mantinha na sombra e sua beleza sombria me assombrava, Trent. Ele sorriu e um calafrio percorreu minha espinha, ele realmente era perfeito para o papel de Conde Dracula na versão mais assustadora.

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- Como vamos fazer isso? O que eu devo falar? Como tenho que me sentar? Eu olho diretamente para eles? E se eu gaguejar?
- Calma! Você não fala se não falarem com você. Olhe para o chão e não se mexa muito. Deixe todo o trabalho pro mestre!
Trent dizia aquilo, mas parecia tão nervoso quanto eu, ele andava de um lado para o outro em sua capa negra, os cabelos até esvoaçava atrás dele.
- Assim não vou conseguir me acalmar!
Eu explodi em meu nervosismo, me arrependendo logo depois, eu tinha gritado com um vampiro, um Vampiro! Eu estava morta. Ele parou de andar e me encarou. Britta abriu a porta e entrou na sala de espera, aquele cômodo era mais como um armário, era pequeno e quadrado, todo marrom e com bancos de madeira, havia um jarro com uma planta verde e com folhas grandes, tinha uma janelinha no alto da parede, muito pequena, para evitar que os réis fugissem, o que era uma tentação, eu estava sufocada, nervosa, nunca tinha pensado que estaria em um tribunal, muito menos no banco do acusado, e se não fosse pelo tamanho minúsculo daquela janela já teria pulado por ela e dado um jeito de voltar pro mundo humano, onde não existem wendigos para me atacar.
Britta parou em frente a nós dois, a bruxinha parecia ainda menor ao lado de Trent, ela olhou para nós dois e suspirou. Encarou aTrent e apontou para o banco do outro lado.
- Acalmem-se os dois! Trent, deveria estar mais confiante. Se aceitou é porque acredita que vai ganhar.
Ele passou a mão na testa e depois jogou os cabelos para trás.
- Eu vou ganhar! Mas ainda assim, ainda existe a possibilidade de perder, sempre existe. - Ele bufou abaixando a cabeça - É por isso que eu não aceitava mais nenhum caso, por isso escolhi a Cidade de Magia, não tem muita violência por aqui.
Eu me abaixei e me aproximei dele.
- Mas por que está tão nervoso?
Ele me encarou com os olhos negros, pareciam um buraco sem fim que sugava e sugava a minha alma para dentro.
- Se for condenada, eu também sou.
- O quê?
Por essa eu não esperava.
- Mas não vão. - Brittany se agachou entre nós. - Vocês vão entrar naquela sala, Trent vai defender e voltamos para casa. Como recompensa Claren está fazendo um maravilhoso jantar e todos, inclusive o sr dentes, vão comer até cair duros. Entenderam?
Era uma ordem, esperava que pudesse ser obedecida. Britta se levantou.
- Estarei aqui com você o tempo inteiro, só não no veredicto, nessa hora vai ter que entrar e eu não posso ir.
- Como assim?
- Você só entra na hora do julgamento final.
Trent respondeu em uma voz potente, parecia estar voltando, não que fosse de todo o bem ou mal, por mais que ele ainda me desse calafrios eu precisava que ele estivesse inteiro quando entrasse lá.
- Mas... e como vou saber como está indo?
- Nos intervalos eu venho aqui e informo.
Me lembrei das poucas séries que assisti com Annie na casa dela.
- Não vão me chamar para escutar o que tenho a falar?
Trent ergueu uma sombrancelha.
- É muito raro fazerem isso, mas pode acontecer.
Eu acenei.
- Pode ficar tranquila, tudo vai se resolver, por mais que o wendigo tenha sido um portador um dia ele vivia nas sombras, já não pertencia à nossa luz, não vai ser condenada por destruir um monstro.
Dei um sorriso para Britta por tentar me tranquilizar, os dias anteriores estavam melhores, tinham problemas, mas nada como ontem e hoje, pessoas mortas, pessoas sendo levadas, monstros surgindo no meio da noite, e julgamentos. Meus dias ficavam apenas mais agitados e ameaçadores.
A outra porta se abriu e um homem de terno azul marinho entrou.
- Cassim Trent é convocado ao tribunal para executar a defesa de Maika Sellivard.
Ele ficou de lado e esperou. Trent se levantou em um suspiro e assumiu uma postura mais imponente.
- Está na hora. Pena que não posso voltar atrás.
Ele estava tentando aliviar a tensão.
- Realmente, agora você é obrigado a defender uma adolescente de cometer assassinato.
Ele riu.
- Eu vou lá, nos manter vivos.
Ele saiu, Britta sentou ao meu lado, sussurrei baixinho.
- Obrigada.

×××
Yo, ALA!
No próximo capítulo:
Tribunal Escuro
Tirya enfrenta o julgamento, as figuras sombrias que espreitam atrás das mesas, e então o temível resultado. Será que ela foi condenada?
Espero vocês para o prox cap dessa história!
Hehehehehehe
Brighid.