Cuidado com o que diz

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Eu estava sentada de frente para a sra. Furler, do lado dela estava Adam e a cabeceira vazia, quatro pratos postos e três pessoas à mesa.
Grace, mãe de Adam, tinha uma cotovelo sobre a mesa e apoiava a cabeça sobre a mão aberta, na outra ela tinha agora uma taça de vinho e a levava à boca vez ou outra enquanto permanecia com os olhos em mim. Adam estava calado e tentava se comunicar por meio de olhares, mas eu estava muito concentrada na mãe dele, aquela mulher sedutora e apavorante. Minhas mãos estavam ao colo, eu apertava loucamente o vestido amarelo simples que usava, graças aos céus que eu Claren me forçou a usar aquilo, se não tivesse eu estaria ali de shorts e blusa e me sentindo uma mendiga naquele lugar, pelo olhar que Grace lançou a mim momentos antes eu soube que aquele vestido sem nenhum detalhe não era adequado para aquele jantar. A sra. Furler em seu longo vestido vermelho clássico, Adam em sua calça reta preta e blusa de botões com um colete e eu baquele curto vestido amarelo que com certeza me deixava com um aspecto doente com a cara que eu fazia, minhas sombrancelhas erquidas e juntas com um sorriso fraco e sem graça, deveria estar com a aparência de alguém que comeu algo azedo. E olhe que ironia do destino! Uma sopa de verduras para entrada. Eu odeio sopa de verduras, é coisa de gente doente. Mas naquele instante era mais fácil por a sopa no estômago que olhar para a sra. Furler. A sopa estava pela metade quando a porta dupla foi aberta. Um homem alto e forte vestido em um terno azul marinho entrou, os cabelos eram prateados e os olhos de um castanho frio, ele tinha um rosto forte e marcante, um cavanhaque elegante de um cinza escuro, ele passou caminhando direto para a cadeira vazia entre mim e Grace, meus olhos o acompanharam todo o percurso, o olhar dele o tornava quase tão assustador quanto Trent.
- Desculpem o atraso.
Ele não olhava para ninguém em específico. Sentou-se e afrouxou o nó da gravata. Não tocou na sopa, ao invés disso encarava Adam, ele não tinha lançado um único olhara para mim, o que era um alívio pois tinha certeza que iria tremer e suar, Adam parecia bastante desconfortável enquanto terminava de tomar sua sopa, ele puxou a gola da blusa de botões e tive certeza de que temia o pai, mas quem não iria gemer de horror quando olhasse para aquele homem? A postura ereta demais, a altura que o punha acima fos outros e o olhar frio que passava indiferença e superioridade. Tudo nele se encaixava para formar aquela figura assustadora. Ele e Grace combinavam perfeitamente, o sombrio frio e a sombria sensual, um casal perfeito para o papel de vilões que desejavam dominar o mundo. Não queria a atenção dele, de maneira alguma, mas Adam parecia realmente apavorado e provavelmente era por minha culpa já que eu o tinha colocado naquela situação.
- Espero não estar encomodando senhores.
A sra. Furler foi a primeira a me lançar um olhar seguido de um sorriso, depois foi Adam, os olhos cheios de desespero como um aviso dizendo que eu estava me metendo em encrenca. Dane-se! Ou pelo menos até os olhos daquele homem se voltarem para mim. Me encolhi como um filhote abandonado no frio, quase gemi de medo e tentei, muito, não expressar o horror no rosto.
- Não é encomodo algum, meu bem.
Grace respondeu para beber um gole de vinho depois.
- Não é mesmo, querido?
Ela o lançou um olhar com um código que apenas eles deveriam conhecer.
- De maneira nenhuma. Nós somos gratos por conhecer aquela que tem o coração de nosso filho.
Não parecia muito sincero, na verdade estava vazia, toda aquela fala. Um prato com carne foi servido, sem-assado, com um molho vermelho em cima. Ele começou a cortar e a comer, copiei o movimento e aproveitei para saber qual talher usar, tinham garfos e facas desnecessários por todo lado. Grace, após mais um gole e tendo comido apenas um pedaço resolveu que uma conversa deveria ser inicada.
- Então, meu bem, de onde você é?
O interrogatório começou, Adam tinha avisado que ela faria aquilo, mas ainda não estava preparada, toda a minha vida tinha achado que quando tivesse um namorado ele seria interrogado por minha mãe. Não que eu fingiria ter um para salvar minha pele e que seria fuzilada com perguntas pelos pais assustadores de meu namorado de mentirinha.
- Terra...
Ela soltou o copo e juntou as mãos enquanto fazia um Oh, o sr. Furler também parou de comer e eu senti que não sairia com minha alma dali.
- Então você é meio humana?
- Acredito que sim.
- Não sabe?
Olhei pra o homem assustador que tinha me perguntado, os olhos dele não estavam mais vazios, pareciam... interessados, o que na verdade era ainda mais assustador.
- Des-descobriram apenas a espécie de minha mãe.
- Alf?
Acenei para Grace.
- Descobriram?
- Sou órfã.
Uma verdade. Minha mãe me ensinou que se eu quisesse mentir a forma para facilitar seria misturando com a verdade e não detalhar demais, só o necessário.
- Como veio parar aqui?
- Michelle me encontrou.
- Sim, o programa do Conselho para encontrar mestiços.
Ele parecia entrar em profundo pensamento.
- Onde vive agora?
A sra. Furler se empolgou e a postura sedutora foi substituída por algo mais humano.
- Moro com Britta, ela é dona da Loja de tecnologias Externas.
Ela deu um largo sorriso.
- Foi adotada por uma Nithal!
Não respondi, eu estava só esperando minha mãe, mas dizer isso iria atrapalhar tudo.
- Você tem um inscius?
O sr. Furler voltou à conversa.
- Quero dizer, sendo uma mestiça é bastante difícil...
- Pai, ela foi aceita na Unique.
Adam tinha uma voz forte e potente, olhei para ele e vi que tinha domado o nervosismo. O pai não pareceu notar que o filho tinha se exaltado, ele continuava com o olhar cheio de interesse como um cientista. Adam me lançou um olhar, um pedido, mas o que ele queria eu não sabia.
- Qual?
A mãe dele parecia mais interessada em mim. Olhei para Adam, não queria que soubessem ainda, minha última vez dizendo qual era o meu poder fez com que eu fosse condenada a servir uma espécie de exército, não queria parar na mesma situação.
- Não se preocupe, não contamos a ninguém. Apenas quero saber o que a amada de meu Adam pode fazer com um pensamento.
Tinha agora a atenção de todos, pai, mãe e filho olhavam para mim, suspirei.
- Fogo.
O sr. Furler se levantou da mesa empurrando a cadeira. Ele encarava a frente, novamente com o olhar frio e vazio.
- Perdão. Devo deixar a mesa imediatamente.
- Mas querido!
Ele a lançou um olhar e se retirou. Ela expirou pela boca e voltou a me olhar com empolgação.
- Isso realmente é surpreendendor! Uma mestiça usando fogo!
Olhei para Adam e vi que ele se voltava para o outro lado, ele encarava a porta dupla se fechando.

×××
Yahallo Ala!
Eita, tá ficando legal. Kkkkk
Por que será que o sr. Furler(Reymond) saiu tão de repente?
Kkkkk.
No próximo capítulo teremos algo mais light(pq diet é ruim pra saúde).
And that is all folks!
(Imaginem o Pernalonga dizendo isso)
Brighid.

Cidade de Magia - Marcada por EspinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora