O rei ainda não usa coroa

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Estava amanhecendo.
O céu estava azul e tinham nuvens espalhadas por ele. Tornei a examinar o lugar. Se tinham me colocado ali tinha que ter um entrada e uma entrada também servia de saída. Eu vi, em um canto barras, sorri aliviada. Desci o monte em direção à minha liberdade, não me importei com a água suja, eu já estava mais suja que ela e o pior, a sujeira tinha secado em mim, tinha certeza que sentia um leve  cheiro azedo vindo de mim. Cheguei às barras, eram um pouco mais baixas que eu, me agarrei a duas e tentei as mover, empurrei, puxei, tentei elevar e descer, mas não se movia um milímetro, sacudi as barras enquanto grunia de raiva.
- Acredita mesmo que deixaría isso aberto depois do que fez?
Olhei para cima, um Shun impostor pequeno se apoiava sobre o corrimão enquanto gritava para mim. Soltei as barras deixando as mãos caírem ao lado do corpo e dei três passos para trás.
- Me deixe sair!
Ele me ignorou. Não era como se eu realmente esperasse que só por dizer aquilo ele o faria, mas tinha que tentar alguma coisa.
- Sabe, ninguém imaginou que a mestiça fosse ter um poder. Ainda menos que fosse nossa fraqueza.
Ele se ergueu e começou a caminhar.
- Realmente fiquei surpreso quando me prendeu na jaula. - havia divertimento em sua voz - Foi ousado.
Era ele. O mesmo impostor que eu tanto sentia nojo.
- Eu sabia que você era interessante, as quietas sempre são. Elas têm segredos mais obscuros, tem mais para nos surpreender. - uma breve pausa - Eu adoro surpresas. - Quase vomitei de ódio naquele instante, mas meu estômago estava mais vazio que o vácuo - Se não fosse por esse seu poder eu... - ele pareceu pensar em algo, mas desistiu de dizer - Devo dizer, ninguém a quer viva. Não serve nem de cobaia. Eles tentaram a matar, mas eu não podia permitir que a bela híbrida ousada deixasse de existir.
O ódio tomou conta de cada pedaço de meu ser.
- E fez o quê? Me colocou em uma jaula de leões para ficar olhando?
Gritei. Ele riu alto o suficiente para que eu escutasse.
- Não só para olhar. Existem formas de inibir a projeção do poder.
Senti o horror de suas palavras me atingirem em cheio. Morrer afogada não parecia mais tão ruim.
- O que você quer de mim?
Sua gargalhada foi sombria.
- Por enquanto, nada.
Que loucura era aquela? Eu já não entendia nada.
- E por que não deixou que me matassem?
- Achei que podia fazer algo divertido com você. - Ele pensou brevemente. - Por exemplo, estou me divertindo tanto a vendo aí em baixo, pequena e indefesa, louca para sair, como qualquer animal selvagem que será domesticado.
Louco. Ele era um louco.
- Você será punido se me descobrirem aqui. Quer seja meu amigo ou inimigo.
Eu estava certa. Ele mesmo tinha dito que me queriam morta e manter o inimigo vivo não parecia ser sinal de lealdade.
- Não sirvo a esse líderes medíocres para seguir as ordens deles. Faço o que bem entender.
Ele respondeu com evidente nojo na voz.
- E a quem você serve?
E se houvessem mais? E se os sequestros e as mortes não fossem a única ameaça? Para alguém ter um subordinado como aquele deveria ser um tirano. E ele sentia nojo da própria espécie que era cruel e traiçoeira, como se fossem inferiores. Receio invadiu meu coração.
- Alguém maior que qualquer um. Alguém realmente poderoso.
Ele se afastou gargalhando. Eu continuei encarando o espaço em que ele havia estado, ainda tentando assimilar o que ele tinha exposto.
Tem alguém maior nisso tudo. Alguém ruim.

×××
Sei que não teve muita ação mas esse cap foi tenso.
E agora? A Tirya está sozinha e como ela mesma disse: ela não é o gênio dos planos de fuga. o que ela tentou falhou total. Não tem ninguém pra ajudar ela ou guiar.
Eu também estou nessa espectativa de: E agora?
Ela ainda vai fazer alguma coisa... espero.

Cidade de Magia - Marcada por EspinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora